Comparação Filosófica: Grécia Antiga, Kant e Marx
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Platão e Aristóteles vs. Kant: A Origem do Estado
Ponto de Partida
Toda sociedade política é necessária para o desenvolvimento humano integral. O homem só se torna plenamente homem em sociedade política ou Estado.
Diferenças
- 1. Natureza da Sociedade: O homem, no pensamento grego, é um animal social e político; isto é, a sociedade é natural e corresponde à natureza humana. Para pensadores dos tempos modernos, como Kant, o Estado tem a sua origem num acordo ou convénio entre os homens (Contrato Social).
- 2. Fim do Estado: O fim do Estado no pensamento grego é ético: em Platão, é formar homens justos e virtuosos. Só num Estado justo e harmonioso o homem pode alcançar a virtude da justiça. Em Aristóteles, a polis existe para o “viver bem” e para alcançar a felicidade. Em Kant, porém, o objetivo é garantir a coexistência de indivíduos livres e iguais.
Kant e Marx: Concepção Histórica
Pontos de Partida
- Em Kant e Marx, a história é fundamental para a sua filosofia. Na verdade, o materialismo histórico é central para o humanismo marxista. Em Kant, a história está perfeitamente integrada no conjunto kantiano.
- O fim da história é crucial para ambos: em Marx, o fim da história é o desaparecimento do modo de produção capitalista e o estabelecimento do comunismo; para Kant, a história deve avançar para uma paz perpétua.
De alguma forma, a contradição e o antagonismo estão presentes em ambas as conceções de história: em Kant, através da insociável sociabilidade; e em Marx, através da contradição e da luta de classes.
Diferenças
- 1. Postura Filosófica: Kant é um perfeito representante do Iluminismo e defensor dos seus ideais. Marx, por sua vez, quer romper com a conceção da filosofia entendida como mera teoria ou contemplação da realidade, aplicando-se à prática de mudar o mundo. Marx acusa Kant de ser apenas mais um filósofo que apenas contempla o mundo.
- 2. Concepção do Homem: A conceção do homem e do seu papel na história é diferente em ambos. Em Kant, o homem é dotado de razão e de liberdade moral a ser desenvolvida plenamente. Em Marx, o homem trabalha para transformar a natureza e se desenvolver. O trabalho é a essência do homem.
- 3. Concepção da História e Seus Efeitos: A conceção de história e seus efeitos são compreendidos de forma diferente em ambos.
3.1. Natureza da História
A conceção de história em Marx é materialista. Kant lê e interpreta a história a partir de categorias não-económicas, como a conceção lógica teleológica da natureza ou o homem como ser racional e moral.
3.2. O Fim da História
O fim da história em Kant é o desenvolvimento integral da disposição natural do homem como liberdade moral e racional dentro de uma sociedade civil, uma paz justa e permanente internacional. O fim da história em Marx é a destruição do capitalismo, que produziu a alienação do homem, e o estabelecimento do comunismo, onde o homem é senhor de si mesmo e do produto do seu trabalho, em harmonia com os outros e com a natureza.
3.3. Garantia do Fim da História
O fim da história em Kant é, de certa forma, garantido, pois a natureza não faz nada em vão; portanto, a disposição natural do homem deve ser plenamente desenvolvida, se não a nível individual, pelo menos ao nível das espécies ao longo da história. O fim da história em Marx é o resultado da revolução do proletariado contra a sociedade burguesa.