O Século XVIII: Transformações e o Iluminismo

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O Século XVIII: Um Período de Profundas Transformações

O século XVIII pode ser dividido cronologicamente em duas metades. A partir de 1750, com a maturidade de Kant, a taxa de todos os fenômenos parece acelerar, iniciando profundas transformações que mudam a paisagem da Europa.

Revolução Demográfica e Transformações Econômicas

Se no século XVII a população europeia diminuiu ou estagnou, no século XVIII é possível falar de uma revolução demográfica, especialmente a partir de 1750. A população passou de 100-120 milhões em 1700 para 180-190 milhões. A economia permaneceu em grande parte agrária, com cerca de 80% da população rural.

Em algumas regiões, como partes da França, Grã-Bretanha, Holanda e o vale do Pó, houve uma revolução agrária, caracterizada pela rotação de culturas e melhoramento de ferramentas. Desde 1700, a Revolução Industrial teve início estritamente na Grã-Bretanha, que possuía uma grande vantagem, embora neste século a indústria ainda fosse secundária na economia real e não estivesse concentrada nas cidades.

A maioria dos estados estava à beira da falência devido às guerras contínuas e ao aumento dos preços, enquanto a multiplicação de impostos sufocava grande parte da população.

Teorias Econômicas Dominantes

  • Fisiocratas Franceses (Quesnay): Entendiam a terra como a principal fonte de riqueza, sendo a agricultura a única atividade produtiva (indústria e comércio eram consideradas estéreis). Esta doutrina apoiava ideologicamente os fazendeiros franceses e defendia o liberalismo econômico: o Estado não deveria intervir na economia, pois esta seria governada por leis naturais.
  • Liberalismo Econômico Britânico (Adam Smith): Considerava o trabalho e a terra como a origem da riqueza (a Inglaterra era muito mais industrializada que a França). O Estado deveria intervir apenas para garantir a ordem e a justiça, sem se envolver no mecanismo das leis econômicas, seguindo a ideia da "mão invisível da providência": o livre jogo dos interesses egoístas dos homens, adequado a essas leis, regularia o mercado através da oferta e da demanda.

A Crise da Estrutura Social do Antigo Regime

A estrutura social do século XVIII representava as características da sociedade do Antigo Regime. A sociedade estava dividida em três ordens ou estados: nobreza, clero e terceiro estado. Essencialmente aristocrática, a nobreza e o alto clero monopolizavam os importantes cargos estatais.

Em toda parte, a burguesia rica procurava ascender, comprando títulos de propriedade privilegiada e buscando privilégios fiscais e legais. Esta situação deu início à crise: o absolutismo dos reis retirava poder da aristocracia, e a riqueza, antes ligada à terra, passava a ser gerada pela indústria. Apesar das tentativas da aristocracia de manter seus privilégios, a burguesia triunfaria no século XIX.

Formas de Governo e Eventos Políticos

A forma mais comum de governo neste século era a monarquia absoluta, que servia cada vez mais a uma burocracia extensa. Um caso isolado era a monarquia parlamentar britânica.

Surgiu na monarquia absoluta a forma conhecida como despotismo esclarecido: monarcas "iluminados" como Frederico II da Prússia, Catarina II da Rússia e Carlos III da Espanha, serviram-se das ideias do Iluminismo na tentativa de modernizar seus países.

A nível político, destacam-se a Independência dos EUA (1776), que proclamou a primeira Constituição (1787), e a Revolução Francesa (1789).

Religião no Século XVIII

Em matéria religiosa, o século XVIII foi um momento mais tranquilo: menos controvérsias, guerras teológicas desapareceram, e perseguições religiosas tornaram-se cada vez mais raras. Não havia mais autos de fé ou queima de bruxas, e o Papado perdeu influência, enquanto as igrejas ficavam cada vez mais sob o domínio dos monarcas. A tolerância religiosa, defendida pelos intelectuais, ganhava terreno, assim como o deísmo no campo cultural dos filósofos.

O Iluminismo: A Era da Razão

No campo cultural, realizou-se aquilo que é conhecido como Iluminismo ou Idade da Razão. Havia a consciência de que a razão e a ciência finalmente iluminariam o homem. Esta nova cultura teve suas origens na Inglaterra e se espalhou pela Europa, principalmente pelos franceses.

A figura do iluminista pertencia a uma elite intelectual de escritores e pensadores, insatisfeita com a situação e que buscava criticar e analisar tudo à luz da razão. Dentro da classificação de personagens ilustres, encaixam-se figuras tão diversas como Kant, Smith, Goethe, Diderot e Voltaire. Eles atacavam qualquer forma de preconceito, superstição, dogma político, social ou intelectual. Todos os dogmas deveriam ser destruídos: a razão não encontraria limites impostos pela experiência e acreditaria no progresso da humanidade através do uso da razão.

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