Acesso Universal à Tecnologia: Desafios e Soluções

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Acesso Universal à Tecnologia Computacional

A imprensa nos inunda com notícias sobre a internet, seus benefícios e serviços. O acesso gratuito, já em expansão no Brasil, revoluciona a área, mas seu alcance real é questionável. Quantas pessoas sequer compreendem o assunto?

O acesso universal deve ser priorizado. Prover eletricidade, hardware e comunicação é apenas o começo. Aplicações e serviços precisam ser repensados para atender às diversas necessidades dos usuários, incluindo os excluídos. Como um sistema de e-mail poderia auxiliar usuários com dificuldades de leitura e escrita?

Interfaces acessíveis: um novo paradigma

Sistemas como votação eletrônica, declaração de imposto de renda e registro de automóveis devem considerar a diversidade da população. As interfaces atuais são adaptadas aos excluídos? Um idoso, um cego ou alguém sem contato com tecnologias da informação conseguiria usar um editor de textos, navegar na internet ou sacar dinheiro?

Nossa interface atual depende da visão, para leitura, e do sistema motor, para uso do teclado e mouse, dificultando o acesso para pessoas com deficiências. Softwares e hardwares especiais, como o DOSVOX e o ViaVoice, buscam auxiliar deficientes visuais, mas a falta de padronização dificulta sua utilização.

Nos últimos anos, a acessibilidade ganhou destaque, com fabricantes incorporando recursos para atender às necessidades especiais em hardware, software e aplicações. Páginas web acessíveis consideram diversos contextos de interação, incluindo usuários idosos, com dificuldades visuais. Regras simples, como texto ajustável e cores contrastantes, melhoram a experiência para todos.

Ferramentas como o Bobby avaliam a acessibilidade de páginas web, identificando problemas e incompatibilidades. A acessibilidade em sites governamentais já é obrigatória em diversos países.

Tecnologia e inclusão social: o caso das urnas eletrônicas

A tecnologia tem o poder de incluir ou excluir. O projeto brasileiro de urnas eletrônicas, visando combater fraudes, ilustra a problemática da exclusão. Uma pesquisa revelou dificuldades de uso para cegos e idosos, demonstrando que a tecnologia pode criar barreiras ao invés de facilitar o exercício da cidadania.

Redesenhar interfaces para simplificar tarefas, oferecer treinamentos e adotar aprendizado evolutivo são caminhos para tornar a tecnologia mais inclusiva. Interfaces com opções de idioma, unidades de medida e nível de habilidade, além da portabilidade para diferentes hardwares, devem ser práticas comuns.

A Problemática da Tecnologia Atual

A tecnologia, mesmo acessível, não traz apenas benefícios. Computadores podem gerar opressões pessoais, organizacionais, políticas e sociais. Designers devem estar cientes desses problemas, buscando soluções em IHC.

Os desafios da era da informação

  • Ansiedade: O medo do novo e da tecnologia gera ansiedade em muitos usuários.
  • Discriminação social: A falta de habilidades digitais dificulta o acesso à educação e ao emprego.
  • Impotência do indivíduo: Sistemas complexos dificultam a resolução de problemas e o atendimento personalizado.
  • Fragilidade organizacional: A dependência tecnológica aumenta a vulnerabilidade a falhas.
  • Invasão de privacidade: A segurança da informação é uma preocupação crescente.
  • Falta de responsabilidade profissional: A complexidade tecnológica facilita a atribuição de culpa à máquina.

Dertouzos (1998) analisa os "defeitos" da tecnologia atual, como o vício em práticas antigas, o aprendizado excessivo, a busca pela perfeição em detrimento da usabilidade, a falsa inteligência, a máquina autoritária e o excesso de complexidade. Ele defende a criação de "sistemas de subida uniforme", que sejam práticos, automatizem tarefas, tolerem erros e sejam fáceis de entender.

Haveria uma Solução “Mágica”?

Reconhecimento de fala, visualização 3D, agentes inteligentes, redes e portáteis são apontados como soluções mágicas, mas não resolvem o problema central da complexidade. Norman (1998) propõe os Information Appliances (IAs), dispositivos especializados em tarefas específicas, como câmeras digitais e agendas eletrônicas, que compartilham informações entre si.

Os IAs priorizam a simplicidade, versatilidade e prazer no uso. A padronização universal e a interconectividade são essenciais para o sucesso desse modelo.

Por uma Disciplina de Design de Software ou Design da Interação

Kapor (1996) critica a baixa usabilidade do software e propõe o reconhecimento do design de software como área profissional. Winograd (1997) defende a criação da disciplina de Design da Interação, combinando elementos de design gráfico, design de informação e IHC.

Assim como a arquitetura se preocupa com a interação das pessoas com o espaço, o design da interação se concentra na experiência do usuário com o software. O desafio é equilibrar as necessidades humanas com as possibilidades tecnológicas.

O sucesso do design de interação requer uma mudança de foco, das máquinas para as pessoas. A IHC deve ser prática e rigorosa como a engenharia, centrada no humano como as disciplinas de design e socialmente responsável como as ciências sociais.

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