Administração de Medicação Parenteral: Guia Completo
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Administração de Medicação por Via Parenteral
A administração por via parenteral, ou seja, que não utiliza o trato digestivo, pode ser realizada por diferentes métodos:
- Via Intradérmica (ID)
- Via Subcutânea (SC) ou Hipodérmica
- Via Intramuscular (IM)
- Via Endovenosa (EV)
Esta via é amplamente utilizada em ambientes hospitalares. É crucial ter em mente que, tão importante quanto administrar a dosagem correta, é executar a técnica adequada para a via prescrita. Para isso, é fundamental saber manusear corretamente as seringas, conhecendo sua capacidade e graduação.
Técnica Asséptica para Preparo da Medicação
- Lave muito bem as mãos.
- Abra a embalagem da seringa pelo lado correto (sempre pelo êmbolo) para evitar contaminação. Verifique se o invólucro está íntegro.
- Reserve a seringa aberta, mas com o corpo protegido na própria embalagem.
- Abra a embalagem da agulha utilizando a mesma técnica.
- Acople o canhão da agulha ao bico da seringa.
- Empurre o êmbolo no sentido do bico para facilitar o manejo.
- Proteja o conjunto (seringa e agulha) na sua embalagem antes de continuar.
- Faça a desinfecção do gargalo da ampola ou frasco-ampola com vigor, utilizando uma bola de algodão com álcool.
- Para abrir a ampola, envolva o gargalo com uma bola de algodão ou gaze para se proteger.
- Após o término da aspiração, troque a agulha de aspiração pela agulha correta para a aplicação, descartando a primeira em local apropriado.
Independentemente da via parenteral utilizada, temos que usar sempre a técnica asséptica, desde o preparo até a administração do medicamento, pois o uso correto desta técnica evitará complicações ao paciente.
Via Intradérmica (ID)
Esta é uma via bastante restrita, normalmente utilizada para reações de hipersensibilidade (prova de PPD, testes de alergias). Utiliza-se a face ventral do antebraço, uma região pobre em pelos, com pouca pigmentação, vascularização superficial e de fácil acesso para leitura dos resultados. Outro uso muito importante desta via é a aplicação da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) contra a tuberculose, que é aplicada na inserção inferior do músculo deltoide do braço direito.
Técnica de Administração
- Lave as mãos.
- Confira a prescrição médica.
- Confira os "seis certos" da medicação e os "três certos" da leitura.
- Separe o material: medicamento, seringa de 1 ml, agulha para aspiração (25x7 ou 25x8), agulha para aplicação (13x3,8 ou 13x4,5), bolas de algodão, luvas e cuba-rim.
- Faça a aspiração do medicamento ou vacina utilizando a técnica asséptica.
- Distenda a pele do local utilizando os dedos polegar e indicador.
- Segure a seringa com os dedos polegar, indicador e médio.
- Com o bisel voltado para cima, introduza até 1/3 da agulha, usando um ângulo de 5 a 15º.
- Aspire para certificar-se de que nenhum vaso foi atingido e, logo após, injete a solução lentamente. Caso atinja um vaso, prepare uma nova solução.
- Observe a formação de uma pápula. Após a injeção total, retire a agulha e não faça massagem.
- Observe as reações do paciente.
- Faça as anotações necessárias, não se esquecendo de checar a prescrição médica.
Complicações
- A derme pode ser lesada se a introdução do medicamento for rápida.
- Pode ocorrer dor, prurido e desconforto. Oriente o paciente a não manipular o local.
- Podem ocorrer reações decorrentes do uso de antissépticos antes da técnica. Portanto, não utilize.
- Úlceras e necrose do tecido podem ocorrer quando medicamentos contraindicados para esta via são utilizados.
Via Subcutânea (SC)
Via utilizada quando as drogas não necessitam ser absorvidas rapidamente; sua absorção é contínua e segura. Indicada na administração de vacinas, anticoagulantes (heparina), hipoglicemiantes (insulina) e alguns hormônios.
Locais de Aplicação e Volume
Se o paciente for utilizar a via subcutânea por mais de uma vez, o local de aplicação deverá ser alternado. O volume máximo a ser administrado por via SC não deve exceder 1,5 ml, mas normalmente é administrado até 1 ml.
Material Necessário
Bolas de algodão, seringas de 1 ou 3 ml, agulha para aspiração (25x7 ou 25x8), agulha para aplicação (13x4,5 ou 10x5), medicamento ou vacina.
Técnica de Administração
- Pince o tecido subcutâneo utilizando o dedo indicador e o polegar e introduza a agulha.
- Solte a prega e mantenha a agulha no tecido. Aspire para verificar se acidentalmente não atingiu algum vaso.
- Faça a administração do medicamento.
- Obedeça à angulação correta das agulhas:
- Indivíduos magros: ângulo de 30º
- Indivíduos normais: ângulo de 45º
- Indivíduos obesos: ângulo de 90º
Complicações
- Infecções inespecíficas ou abscesso: devido à contaminação do material. Utilize corretamente a técnica asséptica.
- Embolias: devido à lesão dos vasos sanguíneos.
- Lesão de nervos: acompanhada de muita dor.
- Úlceras ou necrose de tecidos: ao se administrar medicamentos não indicados para a via SC.
- Fenômeno de Arthus: formação de nódulos provocados por injeções repetidas no mesmo local, podendo ocorrer necrose.
- Formação de tecido fibrótico: devido à injeção de um volume excessivo ou introdução rápida do líquido.
Via Intramuscular (IM)
A via intramuscular é muito utilizada e a absorção da solução administrada por esta via é rápida, perdendo apenas para a via endovenosa, que tem ação imediata. O volume a ser administrado deve ser compatível com a estrutura muscular, que varia de acordo com a região e a idade.
Volumes máximos recomendados:
- Músculo Deltoide: 3 ml
- Músculo Glúteo: 5 ml
- Músculo da Coxa: 4 ml
Observação: Se a estrutura muscular do paciente for pouco desenvolvida, é aconselhável dividir o volume em duas aplicações.