Agostinho de Hipona: Pensamento Filosófico e Teológico
Classificado em Filosofia e Ética
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Relação entre Fé e Razão
Os sábios querem entender para crer. Agostinho faz a separação entre os domínios de alguns aspectos da fé e da razão, ditando que a fé não deve intrometer-se na ciência. No entanto, argumenta que a razão e a fé são complementares; elas precisam e se unem em uma única verdade. No caso de discrepância, a razão precede a fé. O ponto de partida de todo conhecimento é o autoconhecimento. Graças a ele, descobrimos quais os recursos que nos permitem compreender e as limitações de nossa condição. Guiados pela fé, com a razão, somos incentivados a superar nossas limitações.
A razão não é capaz de compreender as verdades da fé e suas promessas. Portanto, a filosofia é a escrava da teologia.
Teoria do Conhecimento
(O entendimento é conhecer a ordem do mundo racional.) Existem dois tipos de conhecimento:
Conhecimento Sensível
É a observação do mundo exterior através dos sentidos.
Conhecimento Racional
É o acesso à sabedoria e ao autoconhecimento através da racionalidade, e pode alcançar uma união amorosa com Deus. Esse raciocínio pode ser menor, o que nos permite sabedoria através da negação dos sentidos e seu raciocínio, e de raciocínio mais elevado, que nos permite identificar as ideias de dentro por meio da internalização, revelando a existência de Deus e a autotranscendência, através do estudo de nossa alma.
Deus
Deus existe porque é Ele quem colocou suas ideias em nossa mente, e essa é uma crença amplamente difundida. Deus possui as qualidades das diferentes causas do universo:
Deus Criador / Causa Eficiente
Deus dá sentido e significado à sociedade e cria o mundo em uma ordem lógica pela lei natural, que só Ele pode quebrar na forma de milagres.
Deus como Causa Formal
Deus cria as ideias que estão em sua mente e alma, que conhecemos ao internalizar. Uma vez que as ideias são as mesmas qualidades de Deus, Agostinho prova a existência de Deus.
Deus como Causa Final
Deus é a aspiração da realidade.
Teoria Antropológica
Agostinho dividiu o corpo e a alma (dualismo antropológico), negligenciando o corpo. O corpo é o que nos pode levar pelo caminho errado. A alma é o que nos leva ao caminho do bem. Assim, Agostinho aborda várias questões:
O Problema do Mal
O mal é a ausência do bem e é criado pela escolha (liberdade) que Deus nos concede. Deus provê bens superiores, apreciados por aqueles que escolhem o caminho da bondade e da obediência a Deus. Aqueles que pecam sentem-se culpados e são punidos.
Liberdade
A onipotência de Deus não é incompatível com a liberdade de escolha concedida aos seres humanos; é a nossa escolha, embora Ele a conheça de antemão.
Responsabilidade e Salvação
Deus dá ao homem a racionalidade para distinguir o bem do mal e a capacidade de diferenciação. Os seres humanos são responsáveis por suas escolhas.
A Alma
A alma possui três faculdades que nos permitem descobrir a realidade, a verdade e a bondade:
- Memória: usada para encontrar nossa identidade, tornando-nos conscientes de nossa existência no tempo e preservando nossas experiências.
- Compreensão: o conhecimento da ordem do mundo racional.
- Vontade: a capacidade preferencial que nos permite superar os limites do conhecimento humano, seguindo o caminho ascendente em direção à perfeição divina, que nos preenche e nos leva à comunhão de amor com Deus.
Teoria Política (As Duas Cidades)
As duas cidades representam, para Agostinho, duas realidades místicas que separam os seres humanos, que lutam para fazer suas escolhas de vida no Juízo Final. As duas cidades são:
A Cidade Terrestre (Babilônia)
Representa os seres humanos que se apegam a bens inferiores, afastando-se de Deus e do bem maior. São pecadores e serão punidos.
A Cidade de Deus (Jerusalém)
Representa os seres humanos que escolheram o caminho certo, cultivando bens superiores e espirituais e obedecendo a Deus. Esses seres humanos são recompensados com a salvação pela graça divina, alcançando a comunhão de amor com Deus.