Agronomia: Manejo de Trigo e Feijão, Riscos e Correção do Solo

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1. Dependência Externa do Trigo no Brasil: Motivos e Panorama

01. A importância econômica do trigo relaciona-se com o volume desse grão que é importado, principalmente, de países como Argentina, Canadá, EUA, Paraguai e Uruguai. De acordo com o panorama da triticultura nacional, relacione os principais motivos para essa dependência externa. (0,15)

  • Qualidade do trigo importado superior ao brasileiro (especialmente em relação ao glúten).
  • Acordos políticos que permitem a importação de trigo a preços mais competitivos do que os produzidos no Brasil.
  • Problemas logísticos e de frete: a maior produção está concentrada na Região Sul, dificultando o transporte para as regiões Norte e Nordeste.
  • Custo de produção nacional elevado.
  • Produto pouco atrativo ao produtor, que em determinadas regiões prefere cultivar milho na mesma época.
  • Falta de produção nacional suficiente para suprir a demanda interna.

2. Riscos da Monocultivar de Trigo e Estratégias de Mitigação

02. Quais as implicações da utilização de um único cultivar de trigo na propriedade rural? Qual a medida que atualmente os triticultores adotam para evitar esses riscos? (0,15)

O principal problema está relacionado aos riscos de adversidades climáticas que essa cultivar poderá enfrentar ao longo do ciclo. A forma como os triticultores têm evitado esse risco é o escalonamento de cultivares. Assim, de acordo com o ciclo (tardio ou precoce), é possível realizar o planejamento em sintonia com o Zoneamento Agrícola da região (épocas de semeadura: início ou fim).

3. Calagem e a Capacidade de Troca Catiônica (CTC) do Solo

03. A calagem é uma prática utilizada para a correção do solo e, consequentemente, para a produção e rentabilidade de culturas como o trigo. Cite 2 características dessa prática relacionadas com a CTC do solo. (0,25)

A calagem influencia a CTC do solo das seguintes formas:

  • Reação do calcário com os íons H+, retirando-os da CTC e elevando o pH do solo.
  • Fornecimento de Ca e Mg, que poderão ocupar os espaços liberados pelos íons H+ e Al na CTC.
  • Insolubilização do Alumínio (Al) tóxico, permitindo melhor fornecimento de nutrientes.

4. Medidas Essenciais para o Controle de Doenças no Trigo

04. O controle de doenças é de fundamental importância para alcançar a produtividade esperada ao final do ciclo da cultura. Cite e comente 4 medidas de controle de doenças utilizadas na cultura do trigo. (0,15)

  • Cultivares resistentes: Utilização de melhoramento genético para resistência.
  • Uso de sementes de boa qualidade: Medida preventiva para evitar a entrada de patógenos.
  • Tratamento de sementes com fungicida: Controla patógenos iniciais, como Giberela e Brusone.
  • Rotação de culturas: Essencial para quebrar o ciclo das doenças.
  • Eliminação de plantas voluntárias: Remove hospedeiros de doenças.
  • Controle químico: Pode ser preventivo (maior eficiência) ou curativo.

5. Impacto da Chuva na Qualidade do Trigo Durante a Colheita

05. Por ocasião da colheita do trigo, espera-se realizar a operação com a maior eficiência possível. Para tal, na época de colheita, se ocorrer chuva, isso poderá acarretar perdas na qualidade do trigo. Explique o porquê. (0,15)

Se a cultivar não for resistente à germinação na espiga (pré-colheita), a chuva irá desencadear esse processo. A germinação das espigas acarreta uma perda significativa na qualidade do produto colhido, afetando o valor comercial e a capacidade de armazenamento.

6. Cálculo da Necessidade de Calagem e Recomendação de Aplicação

06. De acordo com a análise de solo, responda às seguintes questões: a) Calcule a Necessidade de Calagem (ton/ha) para ambas as Glebas. (0,15) b) Qual a sua recomendação com relação ao período de antecedência de aplicação do calcário à adubação de semeadura na implantação da cultura? Por quê? (0,10)

a) Cálculo da Necessidade de Calagem (NC)

Gleba 1 (NC1):

NC1 = [(0,26 + 2,6 + 1,3 + 1,6) * (60 - 73) * 1,3] / 100 = 0,973 ton/ha

Gleba 2 (NC2):

NC2 = [(0,28 + 2,5 + 1,3 + 2,1) * (60 - 66) * 1,3] / 100 = 0,482 ton/ha

b) Recomendação de Aplicação

Recomenda-se aplicar e incorporar o calcário com 90 dias de antecedência à semeadura. Isso é necessário para permitir que o calcário reaja com o solo, promova a correção da acidez e disponibilize os nutrientes de forma eficaz.

7. Exigência Hídrica do Feijoeiro: Fases Críticas e Estresse Hídrico

07. A exigência hídrica da cultura do feijão está relacionada aos processos fisiológicos, como a fotossíntese. Comente quais as consequências da deficiência de água ao longo do ciclo da cultura e qual a fase de maior exigência hídrica da planta. (0,15)

A cultura do feijão necessita de 300 a 450 mm de água durante seu ciclo.

Fase de Maior Exigência Hídrica:

  • A fase de floração é a de maior consumo e é determinante para a produção.

Consequências da Deficiência Hídrica:

  • Redução da fotossíntese, resultando em plantas menores e menor área foliar.
  • Menor número de estruturas reprodutivas.
  • Menor número de flores, queda de flores, queda de vagens e grãos menores.

9. Planejamento de Sucessão de Culturas: Feijão de Inverno no Cerrado

09. Sabe-se que o feijão apresenta 3 épocas de cultivo (Águas, Seca e de Inverno). Elabore um planejamento de sucessão de culturas, com o feijão de inverno em pós-plantio de gramíneas, na região do Cerrado. (0,25)

  1. Novembro a Fevereiro/Março: Semeadura e condução das gramíneas (ex: Milho e Braquiária).
  2. Março/Abril: Manejo e dessecação da palhada.
  3. Abril/Maio a Agosto/Setembro: Implantação do Feijoeiro de Inverno, conduzido sob irrigação.
  4. Pós-Colheita (Setembro em diante): Se houver interesse, implantação de culturas para adubação verde (ex: Crotalária, Mucuna, Guandu) para manejo anterior ao cultivo subsequente, que pode ser o Arroz de Terras Altas.

10. Praga e Doença Crítica do Feijoeiro: Mosca Branca e Mosaico Dourado

10. A principal praga do feijoeiro é caracterizada por transmitir uma doença que chega a destruir 100% da produção no campo. Qual é essa praga e que doença ela transmite? Comente sobre como as condições climáticas poderão aumentar ou diminuir a incidência desse inseto na lavoura. (0,25)

Praga: Mosca Branca (Bemisia tabaci)

Doença Transmitida: Vírus do Mosaico Dourado (VMD)

Influência Climática:

A Mosca Branca tem sua maior incidência em meses com alta umidade relativa e temperatura elevada. Seu ciclo biológico é acelerado pelo aumento dessas condições, resultando em um maior número de gerações nas épocas mais quentes e úmidas (tipicamente Janeiro, Fevereiro e Março).

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