Águas Subterrâneas: Condutividade, Íons e Contaminação

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Águas Subterrâneas

Os valores de condutividade elétrica, sólidos dissolvidos e íons dominantes apresentam variações relacionadas aos diferentes tipos de aquífero e às diferenças de profundidade de amostragem.

Em amostras de poços tubulares, os valores de condutividade e sólidos dissolvidos são, respectivamente, em torno de 722,0µS/cm e 480,0mg/L para o aquífero xistoso (VSM04) e 475,0µS/cm e 350,0mg/L para o aquífero granítico (VSM06). Assim, como observado para as amostras de nascentes, os resultados obtidos para condutividade elétrica e sólidos dissolvidos demonstram que o aquífero xistoso apresenta uma maior tendência à salinização relativamente ao aquífero granítico.

As águas subterrâneas são predominantemente do tipo bicarbonatadas cálcicas, ocorrendo também cloretadas sódicas. Entre os ânions ocorre o predomínio de HCO3-, seguido por Cl- e SO42, tanto para o aquífero xistoso quanto para o granítico. Em relação aos cátions dominantes, no aquífero xistoso predomina Ca2+ e Mg2+ e no aquífero granítico Mg2+ e Na+.

Em clima semi-árido as águas subterrâneas apresentam uma tendência ao predomínio de íons cloreto e sulfato, a baixa pluviosidade favorece a rápida saturação destes íons no meio aquático. Na área de estudo, embora o clima seja semi-árido, o predomínio do bicarbonato em relação ao cloreto pode estar associado ao fato de que as amostras coletadas representam porções superficiais do aquífero, já que as lavras pegmatíticas não são muito profundas. Este fato é corroborado pelo tipo químico predominante, pois águas bicarbonatadas cálcicas são, em geral, típicas de zonas de recarga.

A maior tendência à salinização observada no aquífero xistoso em relação ao granítico pode ser associada a variações composicionais, bem como à intensidade e tipos de descontinuidades presentes nestas rochas. Os aquíferos xistosos estão freqüentemente intercalados por litotipos de composição carbonática que apresentam menor estabilidade frente ao intemperismo químico, comparativamente aos constituintes típicos dos granitos da área de estudo, entre os quais se destacam micas e feldspatos sódicos e potássicos. Esta hipótese é corroborada pela predominância de íons Ca2+ nos xistos e Mg2+ e Na+ nos granitos. Além disso, no aquífero xistoso, os planos de descontinuidade (xistosidade) são mais freqüentes e menos espaçados e podem promover uma maior interação água-rocha em relação aos planos de descontinuidade (fraturas) dos granitos.

No aquífero granítico, as amostras das lavras pegmatíticas localizadas na Bacia do Córrego Palmeiras apresentam valores médios de condutividade elétrica e sólidos dissolvidos respectivamente de 41,3µS/cm e 55,4,0mg/L.

As amostras de água da lavra pegmatítica VSM05, localizada na Bacia do Córrego Água Santa contrastam com os valores de condutividade elétrica e sólidos dissolvidos encontrados na região. Neste local, a condutividade elétrica atingiu 1268,0µS/cm e os sólidos dissolvidos 1314,0mg/L. As concentrações anômalas destes parâmetros podem ser associadas às altas concentrações em nitrato também verificadas neste ponto (492,8 mg/L).

As concentrações dos íons dominantes também são mais elevadas nas amostras desta lavra em relação às demais. Este fato pode indicar a influência das rochas encaixantes dos pegmatitos nas águas ocorrentes nas lavras. Na Bacia do Córrego Água Santa as encaixantes são rochas com maior variabilidade composicional (xistos carbonáticos e metagravaucas) enquanto que na Bacia do Córrego Palmeiras as encaixantes são predominantemente quartzitos.

Com exceção do ponto VSM05 onde as altas concentrações em nitrato associadas ao uso de explosivos nas lavras constituem uma importante carga contaminante, nos demais pontos de amostragem os valores de nitratos, fosfatos e DBO e DQO são baixos. No entanto, os resultados obtidos para coliformes termotolerantes (CT) e estreptococos fecais (EF) em todos os pontos amostrados, indicam a existência de contaminação por fezes animais e esgotos domésticos.

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