Alegoria do Sol: Dualismo em Platão

Classificado em Filosofia e Ética

Escrito em em português com um tamanho de 5,15 KB.

Alegoria do Sol: Dualismo Onto-Epistemológico em Platão

Tema

Este texto é um excerto de "A República", obra que, juntamente com "O Banquete" e "Fédon", compõe os diálogos da maturidade de Platão. O trecho em questão apresenta uma alegoria da linha, através da qual o autor explica seu dualismo onto-epistemológico. A linha representa os graus de conhecimento: em sua parte inferior está a ignorância e, à medida que subimos, o conhecimento se eleva.

Justificativa

Todos esses diálogos são regidos pela Teoria das Ideias. Primeiramente, Platão distingue as ideias das coisas, sendo as ideias os modelos e as coisas, cópias das ideias. Em segundo lugar, Platão descreve as ideias como imutáveis e sempre idênticas a si mesmas (influenciado pelo "ser" de Parmênides). Em terceiro lugar, ele apresenta as ideias como a causa das coisas. Pode-se interpretar que as ideias são a causa das coisas porque a ideia está presente nelas. Porém, Platão resolve esse problema com a ideia de participação, e não de presença. Ou seja, de um lado está a própria justiça e, de outro, os atos virtuosos. Os atos justos são assim denominados pela participação da ideia de justiça, e "nunca" pela presença plena da ideia. Assim, Platão defende que a participação é o meio de ligação entre as coisas e as ideias imutáveis.

Platão postula a existência de dois mundos distintos: o mundo sensível e o mundo inteligível. O mundo inteligível é o mundo real e permanente, onde residem as ideias, que são as causas e os fins últimos. O mundo sensível está sujeito a mudanças, sendo imperfeito se comparado ao mundo das ideias. Para Platão, existe um Demiurgo (causa eficiente) que toma as ideias como modelos (causa exemplar) e molda a matéria, originando todas as realidades sensíveis.

Platão afirma que as ideias só podem ser alcançadas pela inteligência e que a única maneira de chegar ao conhecimento é através da razão (episteme), e não da opinião (doxa). Portanto, o conhecimento verdadeiro se baseia nas ideias, enquanto a opinião se baseia na aparência das coisas. Para Platão, as coisas são apenas réplicas das ideias e só são compreensíveis porque apresentam uma parte da ideia, devido à participação. É por isso que Platão coloca as coisas fora do mundo inteligível das ideias.

Platão critica o relativismo, pois as ideias são imutáveis e, portanto, não podem ser relativas. Ele separa a ideia da inteligência porque as ideias são ideias em si, e assim participam, mas não estão vinculadas a algo. Para Platão, o conhecimento das ideias não se origina das coisas sensíveis, mas sim da alma. A alma obteve esse conhecimento em uma vida anterior, sem um corpo, pois este é a prisão da alma. A alma, unida a um corpo, só pode recordar as ideias através das coisas sensíveis.

Platão distingue diferentes formas de conhecimento: o homem comum possui conhecimento do mundo sensível e compreensão das ideias matemáticas. Mas esse conhecimento não é como o do filósofo. O matemático busca entender e vai de uma ideia a outra (dialética) até chegar a uma primeira ideia (princípio não evidente), que ele chamará de Ideia do Bem, da qual as outras derivam.

Contraste da Posição Filosófica: Razão vs. Realidade

  • Realidade: Para os sofistas, não há realidade objetiva independente do sujeito. Tudo está em constante mudança, resumindo-se às suas diferentes aparências. O dualismo platônico, por outro lado, postula que existe apenas uma realidade verdadeira.
  • Conhecimento: Os sofistas defendem que não há conhecimento verdadeiro, pois este depende do sujeito (subjetivismo). Para Platão, a verdade é universal e necessária.
  • Ser Humano: Segundo os sofistas, cada ser humano é fruto da sociedade em que vive. Platão afirma que a verdadeira identidade do homem é sua alma.
  • Ética: Os sofistas defendem o relativismo moral e o convencionalismo. Não há um bem absoluto válido para todos. A vida do homem não precisa obedecer a algo predefinido. Platão argumenta que o bem existe objetivamente. O bem da alma é retornar à sua vida inteligível, separada do corpo.
  • Política: Para os sofistas, a legitimidade das leis e da estrutura do Estado decorre do acordo entre os governantes. "Será justo" o que o "Estado justo" determinar.

A Importância da Educação em "A República"

A preocupação de Platão com a educação é evidente em "A República". O papel a ser desempenhado pela estrutura do sistema educacional e seus conteúdos é um tema constante de debate. A educação é o principal meio para aprimorar o ser humano. Quando se defende que a educação melhora os indivíduos, está se considerando uma educação em valores. Nosso sistema prisional é baseado no intelectualismo moral, buscando a reinserção através da educação em escolas especiais, e a Constituição afirma que o propósito do sistema prisional é a reintegração social.

Entradas relacionadas: