Alzheimer e Demência Vascular: Diagnóstico, Estágios e Sintomas

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Doença de Alzheimer (DA)

É a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Atinge 1% dos idosos entre 65 e 70 anos; 6% aos 70, 30% aos 80 anos e 60% depois dos 90 anos. No mundo, o número de portadores de Alzheimer é cerca de 25 milhões, com cerca de 1 milhão de casos no Brasil.

Existe uma relação inversamente proporcional entre a prevalência de demência e a escolaridade. Nos indivíduos com oito anos ou mais de escolaridade, a prevalência é de 3,5%, enquanto que nos analfabetos é de 12,2%. A probabilidade de um parente próximo ter a doença é quatro vezes maior que na população em geral, que tem probabilidade menor que 1%.

Diagnóstico

Baseado no quadro clínico e na exclusão de outras causas que possam levar à deterioração cognitiva. Não há achados específicos nos exames de neuroimagem:

  • Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética: revelam atrofia cortical, predominante no hipocampo, lobo temporal medial e frontoparietais.
  • SPECT ou PET: prejuízo da perfusão e metabolismo cerebral – região temporoparietal.

O diagnóstico definitivo de DA só pode ser feito mediante a análise histopatológica do tecido cerebral post-mortem.

Alterações Histopatológicas

Perda neuronal nas camadas piramidais do córtex cerebral e degenerações sinápticas intensas, tanto em nível hipocampal quanto neocortical (Braak e Braak, 1991). Caracteriza-se histopatologicamente por duas lesões principais:

  • As placas senis que contêm a proteína beta-amiloide.
  • Os emaranhados neurofibrilares (Caramelli, 2000).

Áreas Afetadas

  • Lobo Frontal: governa a inteligência, julgamento e comportamento social.
  • Lobos Temporal e Parietal: governam a memória e a linguagem.

Em regiões com formação de emaranhados: A proteína tau se converte em filamentos torcidos chamados de emaranhados. Os trilhos não conseguem mais se manter retos. Eles se rompem e se desintegram. Nutrientes e outros suprimentos essenciais não conseguem mais se movimentar através das células, que acabam morrendo.

Estágios da Doença de Alzheimer

  1. Estágio I (Fase Leve ou Inicial)

    Pode durar de 2 a 3 anos. Esta fase está correlacionada com o comprometimento cortical do lobo parietal, afetando as atividades instrumentais e operativas. Características:

    • Perda de interesse em atividades anteriores.
    • Déficit progressivo de memória: esquecimento de nomes próprios, compromissos, conversas recentes.
    • Passa a repetir diversas vezes a mesma coisa.
    • Dificuldade de planejamento de atividades, administração de finanças e compreensão de situações complexas.
    • Desorientação espacial.
    • Linguagem: discurso vazio, pobreza de ideias e nomeação (dificuldade de gerar lista de palavras, exemplo: nomes de animais em 1 minuto).
  2. Estágio II (Fase Moderada ou Intermediária)

    Dura de 2 a 8 anos. Deterioração progressiva de todas as funções cognitivas:

    • Memória recente e remota gravemente comprometida.
    • Habilidade visoespacial se deteriora.
    • Não consegue copiar desenho e se perdem em ambiente de moradia.
    • Déficits de abstração e cálculo se acentuam.
    • A linguagem se agrava com diminuição da fluência, capacidade de compreensão e da repetição.
    • Parafasias.
    • Apraxia e agnosia (perda ou deterioração da capacidade para reconhecer ou identificar objetos apesar de manterem a função sensorial intacta - visão, audição e tato).

    Função motora e a coordenação ainda são normais, mas surgem perambulação e inquietação.

  3. Estágio III (Fase Grave ou Avançada)

    Dura de 8 a 12 anos. Todas as funções cognitivas gravemente comprometidas:

    • Ecolalia (paciente repete as palavras, sem nenhum significado ou intenção).
    • Palilalia (repete sílabas ou palavras aleatoriamente).
    • Posterior mutismo.
    • Incontinência esfincteriana e dificuldade de deglutição.
    • Postura rígida e em flexão.
    • Deterioração progressiva do SNC.
    • Descorticação: sem consciência do ambiente ao redor, com olhos abertos, arresponsivo; até estado vegetativo.

Alterações de Comportamento na DA

  • Apatia, agitação, depressão, insônia, ansiedade e irritabilidade.
  • Delírios e alucinações, embora pouco frequentes, podem ocorrer.
  • Poucos sintomas comportamentais.
  • Quadro transitório de confusão mental e inquietação ao final do entardecer (Agitação Crepuscular ou Síndrome do Pôr do Sol).
  • Compulsão alimentar, seguido de redução da ingestão.
  • Interfere nos cuidados diários do paciente.
  • Dificuldade de dormir.
  • Idosos depressivos, apáticos e muito sonolentos: menor atividade e auxiliam menos (Inatividade).

Demência Vascular (DV)

Disfunção cognitiva (e comportamental) secundária à destruição de circuitos neuronais por lesão cerebrovascular (acidentes vasculares cerebrais - AVCs - isquêmicos e hemorrágicos). É a 2ª mais comum de demência (20%). Pode ocorrer associada a outras demências, particularmente a DA.

Critérios Diagnósticos

  • Início da demência dentro de 03 meses após o AVE reconhecido.
  • Deterioração abrupta das funções cognitivas ou progressão flutuante “em degraus” dos déficits cognitivos.

Variação em Função do Tipo e da Localização das Lesões

  • DV do tipo Cortical: afasia, apraxia, agnosias, déficits de memória, sinais motores e sensoriais unilaterais… progressão “em degraus”.
  • DV do tipo Subcortical (50%): afeta núcleo caudado, putâmen, globo pálido, tálamo, substância branca. Sintomas incluem déficit de atenção, função executiva, redução da fluência verbal, prejuízo da memória de recuperação, disartria, incontinência urinária, marcha a pequenos passos. Pode haver depressão, labilidade emocional e apatia, ansiedade e delírios (quadro psicótico), labilidade emocional e apatia persistente.

Diagnóstico por Exames Complementares

Evidência de lesões de origem vascular em exames de neuroimagem.

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