Amebas: Tipos, Patologias e Tratamentos
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Amebas Protozoárias
Organismos unicelulares, eucariotos, que pertencem ao reino Protista.
Entamoeba gingivalis
- Primeira ameba em seres humanos a ser descrita.
- São anaeróbios.
- A reprodução ocorre por divisão binária.
- Possui somente o estágio de trofozoíta.
- Pleomórficos.
- Muito móveis, movimentam-se através de pseudópodes.
- Mede cerca de 10 a 35 micrômetros de diâmetro.
- Possui ectoplasma claro, endoplasma granuloso, vacúolos alimentares contendo restos celulares, bactérias e hemácias.
- O núcleo é aproximadamente esférico, membrana nuclear com grânulos de cromatina situados muito próximos uns dos outros, cariossomo central.
Habitat
- Encontrada na boca, entre as bolsas gengivais e perto da base dos dentes.
- É uma ameba parasita da cavidade bucal do homem, cão e gato.
- Frequente nos abscessos bucais.
- Presente no escarro, nas gengivas, ao lado dos dentes e principalmente na placa bacteriana dentária.
- Relacionada à doença periodontal: é encontrada em 95% das pessoas com doença periodontal e em 50% das pessoas com gengivas saudáveis.
- O substrato para nutrição de E. gingivalis é composto de leucócitos, células epiteliais, bactérias e outros protozoários.
- Relatos de incidência em osteomielite aguda da mandíbula causada pelo uso de bifosfonatos.
Transmissão
Direta, de uma pessoa para outra, através do beijo ou pelo compartilhamento de utensílios de cozinha.
Amebíase
- Entamoeba histolytica (Schaudinn, 1903)
- Apresenta diversos graus de virulência.
- Apresenta diversas formas clínicas.
- Entamoeba dispar (Brumpt, 1925)
- Pode causar erosões na mucosa intestinal, sem invasão.
- Maior parte dos casos assintomáticos e colite não disentérica.
Morfologia de Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar
- Trofozoíto: Forma patogênica, pleomórficos e muito móveis.
- Cisto: Formas de resistência.
Ciclo
- Ingestão dos cistos maduros.
- Desencistamento: Baixo pH no estômago e enzimas digestivas sinalizam para o desencistamento no intestino delgado.
- Migração para o intestino grosso.
- Multiplicação e produção de cistos.
- Liberação nas fezes.
A. Infecção não-invasiva.
B. Doença intestinal.
Patogenia
- Período de incubação: 7 dias até 4 meses.
- Formas assintomáticas (E. dispar).
- Formas sintomáticas (E. histolytica).
Epidemiologia
- Distribuição geográfica mundial (maior prevalência nas regiões tropicais e subtropicais – baixas condições sociais e sanitárias).
- Transmissão oral através da ingestão de cistos maduros nos alimentos e água.
- Apesar de poder atingir todas as idades, é mais frequente nos adultos (entre 20 e 60 anos).
- Algumas profissões são mais atingidas (trabalhadores de esgotos, etc).
- Os cistos permanecem viáveis (ao abrigo da luz solar e em condições de umidade) durante cerca de vinte dias.
- Diferentes cepas, em diferentes locais, influindo na patogenicidade.
Manifestações Clínicas da Amebíase
Disenteria: Doença aguda infecciosa, específica, com lesões inflamatórias e ulcerativas das porções inferiores do intestino. Manifesta-se com diarreia intensa, cólicas, tenesmo, geralmente com eliminação de sangue e muco.
Complicações: Perfurações e peritonite, hemorragias, colites pós-disentéricas, apendicite e ameboma.
Amebíase Extra-intestinal:
- Amebíase hepática: Dor, febre e hepatomegalia (anorexia, perda de peso e fraqueza geral acompanham o quadro).
- Amebíase cutânea: Região perianal.
- Amebíase em outros órgãos: Pulmão.
- Localizações hepáticas: A invasão dos vasos sanguíneos leva as amebas ao fígado - Dificilmente se instalam (22% dos casos) - Altos títulos de anticorpos (IgG) - A ruptura do abscesso leva as amebas ao pulmão (8% dos casos) e ao cérebro (1,2% dos casos).
Abscesso Hepático Amebiano
- O abscesso hepático amebiano é a manifestação extra-intestinal mais frequente da infecção pela Entamoeba histolytica, que sobe o sistema venoso portal.
- Dor abdominal: A dor se localiza mais frequentemente no quadrante superior direito (54% a 67%) e pode irradiar-se ao ombro direito ou à área escapular. A dor aumenta com a tosse, com o caminhar e com respiração profunda e também quando os pacientes se deitam sobre o lado direito. A dor geralmente é constante.
Determinantes da Invasão
- Lectina Gal/GalNAc: Gal e GalNAc inibem a adesão com células epiteliais. Células sem Gal e GalNAc são resistentes à invasão e morte pela E. histolytica.
- Invasão:
- Interação com fibronectina.
- Interação com Gal/GalNAc - sinalização no parasita - rearranjo da actina - alteração da adesão.
- Formação de poros - 3 peptídeos ~ a granulolisinas.
- Secreção de cisteína protease.
Indução da Morte Celular e Inflamação
Transmissão
- Mãos sujas.
- Alimentos contaminados - manipuladores de alimentos - cistos sobrevivem no intestino de moscas e baratas.
- Água contaminada - conexões entre rede de água e esgotos - contaminação dos lençóis de água - os cistos mantêm-se vivos ~10 dias na água.
- Aglomerações e vida insalubre.
- Ocorre mais raramente na transmissão sexual devido a contato oral-anal.
Diagnóstico da Amebíase Intestinal
- Dor abdominal.
- Exame de fezes:
- Fezes diarreicas: Presença de trofozoítas hematófagos de E. histolytica.
- Fezes não diarreicas: Presença de cistos.
- Diferenciação das cepas patogênicas (E. histolytica) e não-patogênicas (Entamoeba coli).
Diagnóstico do Abscesso Hepático Amebiano
- Dor abdominal: A dor abdominal no quadrante superior direito é presente em 90% a 93% dos pacientes.
- Exame de fezes:
- Menos de 30% dos pacientes têm amebíase intestinal concomitante.
- Teste positivo para heme, pobreza de neutrófilos e a presença de trofozoítas hematófagos de E. histolytica.
- As cepas patogênicas e não-patogênicas (Entamoeba dispar) da E. histolytica não podem ser diferenciadas morfologicamente e requerem testes sorológicos.
- Testes sorológicos:
- O antígeno da galactose lectina está presente no sangue de 75% dos indivíduos com abscesso hepático amebiano.
- Resposta de anticorpos antiamébicos IgG no sangue.
Controle
- Nada a fazer por hora para o aumento da imunidade.
- A infecção não confere resistência.
- Casos assintomáticos - principais fontes de infecção.
- Não justificam a quimioterapia em massa.
- Educação sanitária.
- Sondagens periódicas.
Tratamento da Amebíase
Metronidazol: É utilizado no tratamento da amebíase invasiva, assim como de infecções por Trichomonas vaginalis e Giardia lamblia. Como apenas 10% da droga se fixa às proteínas séricas, alcança concentrações elevadas nos tecidos, incluindo pulmões, bílis, fígado, ossos e cérebro, excedendo os níveis necessários para inibir os microrganismos contra os quais é ativa.
Perspectivas
- Estudo dos fatores do parasita e do hospedeiro que determinam se a infecção será ou não invasiva.
- Genes para IL-1, NOSi, COX-2, TNF-a e INF-g podem afetar a susceptibilidade.
- Se resultará em colite ou abscesso hepático.
- Os mecanismos de persistência do parasita no hospedeiro.
- Estudos de diferentes cepas.
- A predominância de abscesso hepático em homens adultos, enquanto não há predisposição de sexo ou idade para a colonização e colite.
- Os fatores que levam à morte do hospedeiro.
Amebas de Vida Livre de Importância Médica
- Acanthamoeba spp
- Naegleria fowleri
Naegleria fowleri
- Entra pelo neuroepitélio olfatório causando meningoencefalite em indivíduos saudáveis.
- Encontrada na água e solo: águas mornas, lagos, rios e piscinas (com pouco cloro).
- Entra pelo sistema olfatório enquanto a pessoa nada ou mergulha.
- Se instala no cérebro e medula espinhal.
- Causa meningoencefalite, inflamação das meninges, destruição do tecido cerebral.
- Sintomas: Dores de cabeça, febre, náuseas, vômitos, enrijecimento do pescoço, tonturas, alucinações e morte em 3 a 7 dias.
- Tratamento: Não há tratamento efetivo.
Acanthamoeba spp
- Entra através do trato respiratório ou através de ulcerações na pele causando encefalite granulomatosa em indivíduos imunocomprometidos.
- Encontrada na água e solo: águas mornas, lagos, rios, mares.
- Entra pelo trato respiratório ou lesões na pele.
- Se instala no cérebro.
- Causa encefalite.
- Contamina lentes de contato se aderindo à córnea causando inflamação epitelial e necrose.