Análise do Capítulo 111: Crónica de D. João I
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Características Narrativas e Temáticas
- A multidão sente que a vida do Mestre de Avis está em perigo e deseja salvá-lo, invadindo o Paço e forçando o seu aparecimento à janela.
- O narrador é omnisciente: revela as intenções e emoções das personagens e narra o plano da morte do Conde Andeiro.
- A multidão (o povo) funciona como uma personagem coletiva (ex.: 'as gentes', 'as donas da cidade').
Marcas Linguísticas e Estilísticas
- Utilização de verbos de movimento.
- Utilização de verbos declarativos.
- Utilização do Imperfeito do Indicativo e do Gerúndio.
- Recurso ao discurso direto.
- Emprego de advérbios expressivos.
- Campo lexical relacionado com movimento ou ruído.
- Descrição gradual de espaços (rua, janela do Paço, rua, Paços do Almirante).
Estrutura do Capítulo
1.ª Parte: Apelo
Mobilização da população da cidade pelos partidários do Mestre de Avis.
2.ª Parte: Movimento
A multidão rodeia o Paço e ameaça invadi-lo.
3.ª Parte: Confluência
O Mestre de Avis surge à janela e dirige-se à multidão para a pacificar.
4.ª Parte: Separação
O Mestre é informado acerca do perigo em que se encontra o Bispo de Lisboa.
Análise do Estilo de Fernão Lopes
Fernão Lopes manifesta a sua parcialidade/subjetividade através da empatia com o povo e do retrato que faz de D. Leonor Teles.
Fernão Lopes utiliza a 'técnica da reportagem', descrevendo de forma minuciosa e realista os acontecimentos, como se também ele fosse parte atuante.
As suas crónicas mostram uma visão objetiva e cinematográfica dos eventos, com descrições pormenorizadas que assumem planos gerais e particulares.
O recurso ao sensorialismo da linguagem é constante, conferindo maior verdade ao relato. Torna a prosa mais realista, permitindo ao leitor 'ver', 'ouvir', 'tocar', 'cheirar' e 'saborear' o mesmo que os participantes da ação.
O papel do povo, enquanto personagem coletiva, é crucial para a vitória de D. João I. A sua força, crença e espírito de sacrifício permitem que a história se desenrole desta forma. A união do povo é símbolo de poder e fortalece esta causa, impulsionada pela coragem e patriotismo da multidão.