Análise Comparativa: Alberto Caeiro e Ricardo Reis

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Análise Comparativa: Alberto Caeiro e Ricardo Reis

Alberto Caeiro

Alberto Caeiro é apresentado como o "mestre" entre os heterónimos de Fernando Pessoa, caracterizando-se por uma visão de mundo simples e direta. Ele rejeita o pensamento abstrato e intelectual, valorizando a experiência sensorial e a observação imediata da natureza. A sua filosofia, conhecida como sensacionismo, defende que o mundo deve ser sentido, não pensado: "Eu não tenho filosofia: tenho sentidos". A simplicidade e pureza são centrais na sua obra, com uma visão quase infantil e panteísta do mundo. Caeiro encontra paz e serenidade na natureza, recusando complicações emocionais ou filosóficas. A sua linguagem é simples, próxima da oralidade, e a sua poesia é livre, sem métrica rígida.

Ricardo Reis

Ricardo Reis, por outro lado, é um poeta mais reflexivo e racional, profundamente influenciado pelo estoicismo e pelo epicurismo. A sua poesia aborda a efemeridade da vida e a aceitação serena da morte, promovendo a tranquilidade e o desapego. Ele defende uma postura de contemplação e moderação: viver o presente com equilíbrio, sem se deixar dominar por paixões intensas ou medos excessivos. A natureza, na sua obra, é um reflexo da passagem inevitável do tempo, como se vê na imagem do rio que simboliza o fluir da vida. A linguagem de Ricardo Reis é culta e formal, marcada por latinismos, com preferência pela ode e versos regulares, realçando a sua influência clássica.

Principais Diferenças

  • Caeiro rejeita completamente a intelectualização e vive o momento com pureza sensorial, enquanto Reis reflete sobre o tempo e a morte, valorizando o equilíbrio emocional e a razão.
  • A linguagem de Caeiro é simples e direta, ao passo que Reis utiliza um estilo mais formal e neoclássico.
  • Caeiro exalta a natureza como um lugar de paz e autenticidade, enquanto Reis a contempla como uma metáfora para a transitoriedade da vida.
  • Ambos, no entanto, abordam a condição humana e a necessidade de aceitar o que é inevitável, cada um à sua maneira: um com a simplicidade sensorial, o outro com a razão filosófica.

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