Análise Completa: Memórias de um Sargento de Milícias

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Narrativa: Estilo e Características

  • Linguagem coloquial e ironia.
  • Foco narrativo em terceira pessoa (onisciente).
  • Aventuras de Leonardo-Pataca (pai) e Leonardinho contadas em pequenas histórias completas.
  • Capítulos unitários (começo, meio e fim), adequados ao veículo de divulgação: o jornal.
  • Narrativa de costumes: festas, profissões e ruas.
  • Cenas realistas, não idealizadas.
  • Estilo oral e descontraído, típico do jornal.
  • O termo "memórias" equivale a um apontamento histórico.
  • Criação de tipos, à maneira de Gil Vicente (a ação personaliza a função social), por isso muitos sequer têm nomes.
  • Geralmente apresenta uma moldura narrativa.
  • Obra romântica, mas com viés realista.
  • Critica e ironiza o sentimentalismo exacerbado.
  • Romance de humor popular.
  • Ausência de moralismo e maniqueísmo.
  • Troca do sentimentalismo pelo humorismo.
  • Não é sentimental (diferente de sua geração: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire).

Personagens Principais e Tipos Sociais

  • Personagens de baixa renda (não escravos).
  • O personagem central é um anti-herói.
  • Classe média baixa (Dona Maria e Vidigal vs. Vidinha).
  • Personagens-tipo.
  • Sintonia entre as personagens e a linguagem que utilizam, com estruturas arcaicas para marcar a diferença entre o tempo da enunciação (Segundo Reinado) e o enunciado (tempo do Rei D. João VI).

Contexto Temporal: O Rio de Janeiro Antigo

  • Retrato do Rio de Janeiro antigo e caricaturas dos tipos da época (como os meirinhos).
  • Cronologicamente romântico, mas com crítica ao romantismo.
  • Obra de exceção, única em seu gênero.

Enredo: A Trama de Memórias de um Sargento de Milícias

  • O livro começa com a descrição dos meirinhos, dentre os quais o mais velho é o gordo Leonardo-Pataca.
  • A narrativa então retorna à vinda de Leonardo para o Brasil.
  • Ele era algibebe e encontra no navio uma moça saloia, Maria da Hortaliça.
  • Ele dá um vigoroso pisão no pé, e ela responde com um beliscão nas costas da mão (um costume da época).
  • No dia seguinte, o ritual se repete, e eles iniciam um namoro que dura o resto da viagem.
  • Ao desembarcarem, vão morar juntos, e sete meses mais tarde nasce um menino gorducho que recebe o nome de Leonardo e é chamado de "herói" pelo narrador.
  • No batizado, há festa: Leonardo quer músicas da corte, enquanto os convidados preferem música popular.
  • A escolha dos padrinhos também não é totalmente pacífica: Leonardo quer o Sr. Juiz, mas Maria prefere o barbeiro da frente.
  • Leonardinho torna-se uma criança endiabrada, usando os chapéus do pai para varrer o chão.
  • Quando o menino tinha sete anos, o pai encontra Maria em flagrante adultério com o capitão do navio que os trouxera.
  • Após a briga, Maria volta para Portugal.
  • Leonardo dá um pontapé nos fundilhos do filho, que vai viver com o padrinho desde então.
  • O velho solteirão tinha ternura pelo afilhado e não conseguia ver nele os defeitos que todos comentavam.
  • Aos nove anos, numa procissão, acompanha dois ciganinhos e, juntos, atormentam os fiéis.
  • Vai para a casa deles e passa a noite fora, para desespero do padrinho.
  • Quando volta, diz que foi ver o oratório.
  • Leonardo (pai), por sua vez, vive uma aventura amorosa com uma cigana, que o abandona por outro.
  • O Pataca então recorre a um feiticeiro para recuperar o amor da cigana, o que era proibido na época e punido com prisão.
  • A justiça na época era muito primitiva: era o Vidigal quem prendia, julgava, condenava e aplicava a pena.
  • Sabendo das inclinações de Leonardo, Vidigal e seus granadeiros cercam a casa do feiticeiro e encontram o Pataca no auge do ritual: dançava em volta de uma fogueira em trajes menores.
  • O Major Vidigal o obriga a dançar mais e mais e, depois, desce a chibata e dá voz de prisão.
  • Ao receber o apelo de Leonardo, a Comadre vai ao palácio procurar o Tenente-coronel e expõe a situação.
  • O Tenente-coronel era pai de um rapaz que havia feito mal a Maria da Hortaliça antes da vinda dela para o Brasil e, em vez de casar o filho com ela, deu uma quantia para a família, o que levou a moça a vir para o Brasil.
  • O Tenente-coronel prontamente atendeu ao pedido da família daquela com quem se considerava em dívida.
  • Dirigiu-se à casa de um fidalgo que consegue a soltura.
  • A história do Padrinho, por sua vez, também era interessante.
  • Ele desconhecia a própria origem.
  • Aprendera o ofício de barbeiro com o homem que o criara.
  • Embarcou para a África como médico de um navio negreiro.
  • Quando voltava para o Brasil, tendo ganhado a confiança da tripulação, foi chamado pelo capitão (que estava morrendo) para entregar um baú de dinheiro à filha; entretanto, ele fica com o dinheiro e depois se torna um homem de bem, sendo sempre tolerante com o afilhado e com a Vizinha que sempre o provoca.
  • Decidiu mandar o afilhado para Coimbra, para ser padre.
  • Depois de ensinar o abecedário, manda-o para a escola, onde faz diabruras e apanha de palmatória.
  • Aprende a "matar aula", indo passar as tardes na igreja da Sé, onde faz amizade com um sacristão da sua idade.
  • O padrinho troca a escola pelo emprego de sacristão e, na primeira oportunidade, prepara uma desforra contra a Vizinha.
  • Numa missa muito concorrida, ambos pressionaram a mulher na multidão e, colocando-se um na frente e outro atrás, deram-lhe um banho de cera em meio a rolos de fumaça de incenso.
  • A Vizinha reclama para o Mestre de Cerimônias, que dá uma tremenda bronca nos dois, que juram vingança contra o padre.
  • O Mestre de Cerimônias era um padre santo nas aparências e lascivo na essência.
  • Fora ele quem roubara a Cigana de Leonardo e passava a maior parte do tempo na casa dela.
  • Foi lá que Leonardinho o encontrou para avisar do horário de uma grande festa no dia seguinte.
  • Vingança prometida, vingança cumprida.
  • O jovem sacristão, sabendo que o horário era às nove, informou ao padre que a missa seria às dez.
  • Como o pregador demorasse, elegeram um capuchinho italiano para pregar, mas ninguém entendia o seu latim (ainda que falasse em italiano).

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