Análise do Conto: Solidão e Tecnologia no Alentejo

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Ideias-chave

  • Retrato económico e sociocultural do Alentejo na primeira metade do século XX;
  • O título do conto anuncia um novo meio de comunicação que vai mudar a vida de uma população deprimida, no contexto da II Guerra Mundial;
  • A intriga é simples e é contada de forma linear;
  • O espaço exterior representa os sentimentos negativos do protagonista;
  • O refúgio em comportamentos antissociais e a desistência da vida perpassam ao longo do conto, assim como as relações afetivas conturbadas;
  • O conto permite uma reflexão sobre a condição humana, que excede os limites temporais da ação.

Síntese

A Intriga

  • Peripécia banal: um engano de percurso leva um vendedor a Alcaria.
  • Isolamento geográfico da aldeia e ausência de comunicação: abandono, solidão e desumanização da população.
  • Chegada do novo aparelho: a radiotelefonia.
  • Ligação ao mundo: música e notícias.
  • Alteração de comportamentos: devolução da humanidade.

O Espaço

  • Aldeia de Alcaria: “quinze casinhas desgarradas e nuas”.
  • Estabelecimento do casal Barrasquinho: “a venda” é um local onde reina o desleixo.
  • “Fundos da casa”: espaço de habitação sombrio separado da venda.
  • Locais “longínquos” por onde viajava Rata: Ourique, Castro Marim, Beja.

O Tempo

  • Tempo histórico: anos 40 do século XX (referência à eletricidade e à telefonia).
  • Passagem do tempo condensada: “há trinta anos para cá”, “todas as manhãzinhas”.
  • Tempo sintetizado: da chegada do vendedor à partida do vendedor e prazo de entrega do aparelho – um mês.

As Personagens

  • António Barrasquinho, o Batola: preguiçoso, improdutivo, sonolento, bêbado, bate na mulher. Tem nome e alcunha (típico no Alentejo). Usa uma indumentária própria do homem alentejano. A morte de Rata agudiza a sua solidão.
  • A mulher do Batola: expedita, dominadora e trabalhadora. Não tem nome.
  • Rata: companheiro de Batola, mendigo e viajante, é o mensageiro do exterior. Suicidou-se quando deixou de poder viajar.
  • Caixeiro-viajante: vendedor de aparelhos radiofónicos, comerciante e amigo de vender.
  • Homens de Alcaria: “figurinhas” metaforicamente aparentadas com gado.

O Narrador

  • O narrador de terceira pessoa narra os acontecimentos, comenta, conhece o passado e o mundo interior das personagens (presença: não participante; ponto de vista: subjetivo; focalização: omnisciente).
  • O narrador centra a atenção do leitor no abandono e solidão sentidos pelos protagonista.
  • O narrador conhece os pensamentos de Batola e desvenda como se vão formando: o desgosto leva-o a fechar-se num mundo de evocações.

A Atualidade

  • Isolamento e falta de convivialidade.
  • Relações entre homem e mulher.
  • Vícios sociais: o alcoolismo, a violência doméstica.
  • As inovações tecnológicas e alterações de hábitos sociais.

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