Análise Detalhada da Peça A Fundação de Buero Vallejo

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Análise Detalhada da Peça A Fundação de Buero Vallejo

1. A Ação Dramática em A Fundação

A princípio, a ação dramática é proposta como a descoberta progressiva da verdade que percebemos através do personagem central. A peça se passa em uma sala confortável, em uma base elegante que progressivamente se transforma em uma cela sombria, em um país desconhecido, onde vivem cinco homens condenados à morte por motivos políticos. Essa transformação é percebida através de Thomas. A peça começa in medias res. Os personagens Thomas, Lino, Túlio, Asel e Max compartilham um quarto em uma fundação. Thomas, o protagonista, é quem nos conduz ao conhecimento da realidade. Thomas havia se fechado em sua mente para não enxergar a realidade. Ele traiu seus companheiros presos. Ajudado por seus companheiros, ele finalmente consegue retornar à realidade. No final, os colegas de cela planejam sua fuga, mas os planos são revelados. A primeira parte consiste no colapso progressivo do mundo inventado por Thomas e sua confrontação com a situação no mundo real. Existem vários momentos de tensão entre os presos. Destaca-se também o papel de determinados elementos estilísticos, como a música de Guilherme Tell de Rossini, que ressoa no início e no final da peça.

2. Abordagem, Desenvolvimento e Desfecho

A abordagem é lenta. A peça começa com uma dimensão temporal que descreve o cenário: uma residência com móveis simples, mas de bom gosto, cinco poltronas confortáveis, uma janela com uma bela paisagem e o surgimento de Thomas, um personagem de 25 anos, ao som da música de Rossini. Thomas realiza diversas ações. Thomas, em sua loucura, acredita que seu parceiro ainda está vivo e que sua namorada, Berta, mora em outra ala da Fundação. No início da obra, Asel já atua há algum tempo como o médico que não é, mas de quem Thomas necessita. Há também outros personagens que dividem o quarto com ele e alguns gerentes. Esta primeira cena é consistente com a abordagem inicial. O clímax se desenvolve na Fase II, a primeira parte, e continua a se desenvolver. A parte mais importante desta cena é a descoberta do homem morto pelo gerente. Na Cena I da Parte II, várias coisas acontecem. Thomas começa a ver as coisas de forma diferente. Muito importante é o resultado de sua implementação. Thomas fala com Berta, mas percebe que as portas por onde ele entrou estavam trancadas. Na Cena II da Parte II, percebemos que várias coisas haviam desaparecido. Tudo o que resta da imaginação de Thomas é a cortina. Outros colegas suspeitam que Max é um confidente dos guardas. Lino, entretanto, decide assassinar Max por tê-los traído. Resultado: Após o suicídio de Asel e Lino empurrar Max do corrimão, inicia-se o começo do fim da obra. Há apenas Lino e Thomas em cena. A peça termina nas mesmas condições em que foi iniciada.

3. Técnicas e Recursos Dramáticos da Obra

- Estrutura Externa e Interna

A Fundação é apresentada como uma fábula em duas partes, oferecendo uma alegoria e uma aproximação simbólica à vida humana. Quatro quadros integram estas duas partes. A estrutura interna é circular. Ela começa com uma situação que se transforma.

- Encenação e Efeitos

Deve-se enfatizar o papel da música de Guilherme Tell de Rossini, que ressoa no início e no final da peça, a música original de Rossini, e a pintura de quadros. Principais Técnicas: O efeito de imersão. O autor busca, de maneira indireta, que o leitor se identifique com o protagonista. O início da ação in medias res. Um final em aberto, que permite ao leitor escolher seu próprio desfecho. O Palco: As dimensões temporais são cuidadosamente trabalhadas, com uma mutação de todos os elementos que deve arrastar o espectador até o desfecho.

4. Análise dos Personagens Principais

- Thomas

O personagem principal da obra. Ele aparece como uma pessoa alegre e sempre sociável com os outros. Ele vive em um mundo irreal que só ele consegue ver. Sua loucura surge como um álibi para o medo da situação e a vergonha de ser fraco e trair seus companheiros. Thomas é o mais marcante.

- Túlio

Desde o início, é muito distante de Thomas. Na maioria dos casos, ele ri e tenta provocá-lo.

- Berta

É a esposa de Thomas. Temos a impressão de que essa personagem só existe em sua imaginação. É uma espécie de Dulcineia.

- Cara

Já estava morta antes do início da obra. Na verdade, havia morrido há seis dias.

- Asel

Ele aparece como o mais inteligente e prudente do grupo. Ele foca em Thomas e tenta recuperar sua sanidade.

- Lino

Um personagem sem muito tato e muito impulsivo. Ele tenta contar a verdade a Thomas, mas de forma violenta.

- Max

É um traidor. Ele havia traído os planos de Asel. Tem cerca de 35 anos.

5. Enredo, Sinopse e Temas Abordados

Thomas é um preso político condenado à morte por um regime totalitário, que divide a cela com quatro colegas à espera da execução. Tendo sido preso sob tortura, ele traiu, resultando na queda e condenação de membros-chave de sua organização. Ele quis suicidar-se e caiu em um estado de esquizofrenia. Em sua alucinação, ele acredita residir em uma base moderna. Todos esses aspectos do enredo são quase que totalmente desconhecidos para o público até perto do final da obra. A trama da peça segue um caminho diferente. A peça continua a se desenrolar, com a situação imposta ao jovem. Temas: Como tema principal, pode-se destacar a busca pela verdade e a luta pela liberdade. A liberdade absoluta e, consequentemente, a existência de uma prisão como limitação. Como um subtema, pode-se enfatizar o desejo de superar o poder da opressão ou as condições de prisão após a Guerra Civil. Outros temas incluem as torturas, as perseguições políticas e as acusações.

6. Local e Tempo em A Fundação

O cenário, embora varie em sua conversão gradual para uma cela, é sempre o mesmo, mantendo a unidade de lugar. Quanto ao tempo, destaca-se a duração da obra, para a qual não há evidências completamente precisas, mas, em qualquer caso, cada um dos quatro atos ou 'quadros' se desenrola suavemente, sem saltos cronológicos intensos, e o drama é descrito em poucos dias. Quanto ao momento em que a obra foi escrita pelo autor, sabe-se que A Fundação foi escrita por Buero Vallejo no início dos anos setenta, no final da ditadura de Franco.

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