Análise da Farsa de Gil Vicente: Inês Pereira

Classificado em Língua e literatura

Escrito em em português com um tamanho de 2,63 KB.

Farsa

Trata-se de um género pertencente ao modo dramático que apresenta normalmente o tema do engano. De acordo o Dicionário de termos literários de Carlos Ceia, Farsa é definida como «um género dramático que representa cenas da vida profana, simultaneamente agressivas, pela sátira contundente, e festivas, pelo cómico hilariante».



Entre o "asno" e o "cavalo" do mote inicial oscilará Inês Pereira, a personagem principal, jovem casadoira mas exigente. O "asno" é Pêro Marques, um lavrador inculto que nunca viu sequer uma cadeira, trazido por Lianor Vaz, alcoviteira típica do tempo. Inês Pereira recusa, pois pretende antes alguém que demonstre alguma urbanidade, alguém que, à boa maneira da Corte, saiba combater, fazer versos, cantar e dançar, alguém como Brás da Mata, o segundo pretendente, que lhe é trazido pelo Escudeiro, um pouco menos sincero e bem-intencionado do que Lianor Vaz.

Incapaz de ver para além das aparências, Inês escolhê-lo-á como marido, assim definindo o seu carácter ao longo das diversas situações da peça: solteira ingénua mas cheia de ambições; casada com o escudeiro e desencantada; viúva, depois de o marido morrer na guerra fugindo de uma batalha e, finalmente, esposa leviana e adúltera de Pêro Marques, o "asno" que literalmente a leva às costas para o encontro com o seu amante.



Relação Inês/Mãe: hierarquia e autoritarismo
Mãe: Ilustra as típicas mães da altura, protetoras e autoritárias

Inês - Solteira
Insatisfação de Inês com a sua vida de solteira
• Projeto de libertação de Inês: o casamento como forma de emancipação
• Recusa de casamento com o rústico Pêro Marques → recusa do modo de vida popular
• Antagonismo entre Inês e a Mãe (conflito intergeracional): oposição de interesses e conceções de vida → marido ideal: homem “avisado”, com hábitos de corte (Inês) vs. homem que garanta estabilidade económica (Mãe)


Inês Pereira:
• apresenta-se como revoltada contra os trabalhos domésticos;
• pretende libertar-se através de casamento;
• tem uma noção idealizada do casamento, muito longe da realidade;
• pretende um marido que seja bem-falante, tocador de viola, sedutor, mesmo que nada tenha de comer;
• é castigada quando vê desabar, na prática, o seu engano, a sua conceção de casamento;
• encaminha-se, às costas do marido, para um encontro amoroso que fará de si adúltera.

Entradas relacionadas: