Análise da Filosofia de Platão: Conceitos e Influências

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1) A Alegoria da Caverna e o Conhecimento

A ideia central que Platão tenta transmitir é que um indivíduo, inicialmente preso na caverna e acorrentado, ao ter a capacidade de ascender e experimentar o mundo exterior, terá sua visão da realidade transformada. Ao sair, ele vê coisas que as outras pessoas (que permanecem acorrentadas) não podiam ver. Nesse momento, surge a dúvida sobre o que é real e o que não é, e ele começa a questionar as sensações produzidas dentro da caverna.

Ao entrar no mundo exterior, ele experimentará o verdadeiro conhecimento, ou o Mundo Inteligível. Essa ascensão representa a chegada a uma educação filosófica, e, segundo Platão, aqueles que a alcançam serão os futuros líderes.

2) Conceitos Fundamentais da Filosofia Platônica

Antropologia

O estudo do homem. Platão adota uma visão dualista: o ser humano é composto por dois elementos que se unem acidentalmente: o corpo e a alma. O corpo é material, mortal e serve como prisão para a alma, estando ligado ao mundo dos sentidos. A alma, por sua vez, é imaterial e imortal, pertencente ao Mundo Inteligível. A purificação da alma leva a uma vida pura e à ascensão ao Mundo das Ideias.

Reminiscência (Anamnese)

A frase central é: “saber é lembrar”. Quando adquirimos conhecimento, na verdade, estamos nos recordando de algo que havíamos esquecido (conhecimento inato da alma). Para provar essa teoria, Platão utiliza o exemplo de Sócrates, que, através de uma série de perguntas, leva um escravo ignorante em matemática a dar a resposta correta para um problema.

Dialética

Método de busca da verdade. Para Platão, a dialética é a arte de argumentar bem (perguntar e responder). Ao dominar a dialética, alcança-se um conhecimento superior que permite a transição para o Mundo Inteligível, onde é possível obter o conhecimento intelectual da verdade.

Rei Filósofo

É aquele que deve governar o Estado. O governo deve estar nas mãos dos sábios, ou seja, dos filósofos que alcançaram o conhecimento do Mundo Inteligível, o mundo autêntico e real. Não se pode governar bem sem o conhecimento da Ideia do Bem.

Ideia do Bem

É a ideia suprema que possibilita a existência de todas as outras. A realidade gira em torno dela. Para Platão, quem alcança este conceito através da dialética será o governante perfeito.

Mundo Inteligível

Também chamado de Mundo das Ideias, é composto pelas Ideias. Este é o mundo que representa a verdadeira realidade. Nele, tudo é perfeito, imutável e eterno. O Demiurgo (o artesão divino) organiza a matéria, copiando o Mundo Inteligível para criar o Mundo Sensível.

3) Conexões e Influências na Obra de Platão

A filosofia de Platão pode ser vista como uma continuação do modelo filosófico proposto por Sócrates, com quem compartilha a preocupação com o homem e a busca pelo conhecimento universal.

Outras influências importantes incluem:

  • Pitagóricos: Platão recebeu deles a doutrina da imortalidade, a pré-existência e a transmigração das almas.
  • Crátilo (discípulo de Heráclito): Influenciou Platão ao ensinar que o mundo sensível está em constante movimento e transformação.
  • Parmênides: Após sua viagem à península italiana, Platão foi influenciado por Parmênides, o que o levou a conceber um mundo (o Mundo Inteligível) diferente do mundo físico, caracterizado pela imutabilidade.

Embora Platão e Aristóteles tenham divergências, eles concordam em relação à necessidade de que as classes mais aptas (a aristocracia do saber, no caso de Platão) assumam o governo do Estado.

4) Opinião Pessoal e Relevância Atual

É lógico que Platão enfatize a educação filosófica no Mito da Caverna. Seria estranho não haver um embate entre a pessoa que ascende e aquela que permanece na escuridão. No entanto, o ponto de discordância reside no idealismo extremo de Platão. Talvez, naquela época, fosse necessário um contraponto ao materialismo, focando mais nas ações e na essência das coisas, e não apenas no que é materialmente existente.

Apesar disso, nem todos os pontos são negativos. Sua organização da hierarquia social, baseada na capacidade de governar, era bastante aceitável para a época (embora hoje essa visão possa parecer utópica ou inadequada).

Ao analisarmos a Alegoria da Caverna em relação ao nosso presente, podemos dizer que Platão estava quase certo. Hoje, a dificuldade na troca de opiniões entre o “prisioneiro” e o “libertado” (aquele que alcançou o conhecimento verdadeiro) é evidente.

O mito nos oferece uma lição moral sobre o desprezo que muitas pessoas sentem por aqueles que não compartilham as mesmas crenças. Ele nos convida a nos colocar na pele do “libertado” e a reconhecer a injustiça cometida contra ele, tal como ocorreu com Sócrates.

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