Análise Geográfica e Urbana: Madrid e Valência

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MADRID

1. O Centro Histórico (Cidade Velha)

a) Posição e Localização

A origem da cidade remonta a posições defensivas criadas no Emirado Árabe no século IX, para proteger a fronteira norte de Toledo. Respondia a um propósito de defesa, e o local da fortaleza situa-se agora onde estão o Palácio Real e a Catedral de Almudena. A sua posição central no território espanhol e a decisão de Filipe II de a tornar capital do reino resultaram na maior cidade da Espanha e no principal hub da nação, tornando-se uma cidade com funções muito especializadas e diversificadas.

b) Análise do Traçado Urbano (Plano)

O plano irregular da cidade medieval corresponde ao centro histórico de Madrid. As suas ruas são estreitas, curtas e sinuosas, com exceção das duas estradas que ligam a Puerta del Sol ao Palácio Real. No século XVII, a Plaza Mayor foi construída sobre a Plaza del Arrabal, originalmente aberta por Carlos III. A rua em frente ao Palácio Real é uma modificação do século XIX, tal como a Gran Vía, a principal reforma interna do Centro Histórico no século XX. Este sítio histórico é delimitado pelas ruas principais que ocupam o espaço deixado em aberto após a demolição da muralha no século XIX.

c) Análise da Malha Urbana (Trama)

A malha é fechada e compacta, pois o crescimento da cidade esteve confinado dentro das muralhas durante séculos.

d) Análise da Edificação

Embora não seja visível diretamente no plano, a edificação, inicialmente de baixa estatura, experimentou gradualmente uma verticalização. O centro alberga alguns dos edifícios históricos mais importantes da cidade.

e) Análise do Uso do Solo

Os usos tradicionais do solo eram residenciais, comerciais e artesanais. Não evoluíram para uma zonificação superior, onde o uso residencial perdeu terreno devido à falta de acessibilidade e aos altos preços do solo. O turismo também é importante, com muitas atividades e soluções atuais ligadas a ele.

f) Problemas Atuais no Centro Histórico

Os principais problemas do Centro Histórico são a deterioração física de ruas e edifícios, levando à degradação social que provoca o envelhecimento da população, o esvaziamento do centro e a localização de classes marginais, especialmente imigrantes. Isto causa degradação ambiental que afeta negativamente a imagem da cidade. Este cenário, combinado com a terceirização do solo causada pelo esvaziamento do centro fora do horário comercial, levou a políticas de reabilitação física e social do centro. Em Madrid, estas políticas são realizadas de forma intensiva desde a década de 90 através da reabilitação de edifícios, da pedonalização de algumas ruas e da reabilitação de edifícios residenciais.

2. O Alargamento (Ensanche)

a) Causas da Expansão Urbana

O crescimento populacional e a cidade dentro de um recinto amuralhado tornaram-se insustentáveis para a capital. As condições insalubres e os usos do solo incompatíveis com o residencial causaram alta mortalidade durante o século XIX, especialmente entre as classes mais pobres. Por isso, a burguesia sentiu a necessidade de construir uma nova cidade fora dos limites, muito mais organizada e higiénica do que o centro.

b) Diferenciação de Áreas

Os subúrbios de Madrid estão localizados a norte do centro histórico e foram projetados por Carlos María de Castro, inspirado no modelo de Cerdà em Barcelona, embora menos perfeito. O plano ortogonal ou em xadrez é organizado em torno de ruas compridas, retas e largas que se cruzam em ângulos retos, formando quarteirões primitivos quadrados. A sua construção inicial, com quarteirões abertos e edifícios de altura média e mansões, resultou numa baixa densidade de ocupação, seguindo os preceitos higienistas burgueses. O seu uso era principalmente residencial de classe média alta. Posteriormente, esta área também foi terciarizada devido à sua boa acessibilidade, especialmente com a criação do CBD (Central Business District) de Azca, que se configura como o centro empresarial da cidade, localizando a sede de prestigiadas empresas e bancos, e muitos serviços administrativos. Junto ao CBD, a expansão também se especializou em comércio, em alguns casos de luxo. Estes usos misturam-se com um nível residencial elevado, devido aos preços altos da terra, que o fixaram como um dos bairros mais prestigiados e caros da cidade.

Juntamente com a expansão, surge a Cidade Linear de Arturo Soria, projetada nesta parte da cidade no final do século XIX. Esta área foi criada com um plano linear, baseado numa rua larga que circunda a capital e onde se dava particular importância aos transportes públicos, devido à magnitude da rua. A malha seria aberta, com casas com jardim, e o uso do solo seria essencialmente residencial, onde os mais ricos ocupariam as áreas mais próximas da estrada principal, chegando a utilizar transportes públicos coletivos para facilitar o acesso. O projeto está muito alterado, pois a edificação foi densificada e o uso do solo transformado.

3. A Periferia

a) Causas do Crescimento Urbano na Periferia

Desde 1950, Madrid tem experimentado um crescimento tremendo devido ao baby boom populacional e ao êxodo rural. Foi acompanhado por um crescimento da cidade que levou à indefinição das fronteiras, onde a cidade e o campo se confundem, resultando no aparecimento de áreas periurbanas e suburbanas no mapa, fora da expansão urbana, ocupando uma área muito maior. Esta tendência tem sido exacerbada hoje devido à urbanização, onde as pessoas procuram viver em zonas de baixa densidade na periferia.

b) Diferenciação de Zonas na Periferia

Embora não possa ser observado no plano, a maioria destas áreas são de desempenho pós-industrial e residencial, pois as áreas industriais e de equipamentos aparecem hoje além dos limites deste plano. Estas áreas estão localizadas em torno das principais linhas de comunicação. Isto deve-se à predominância do veículo rodoviário como principal meio de transporte, que permite milhares de variações que ocorrem diariamente. Juntamente com o uso residencial, zonas industriais e de equipamentos também estão localizadas ao longo das principais rotas de comunicação para uma maior acessibilidade. Esta expansão também permitiu que os antigos povoados que pertenciam à periferia, que aparecem no mapa, fossem absorvidos pela cidade, enquanto outros, pertencentes à zona periurbana, estão quase fisicamente ligados à capital.

c) Problemas Atuais e Soluções Possíveis

Algumas destas áreas periféricas sofrem com problemas de degradação, como favelas ou a deterioração dos bairros mais antigos da classe trabalhadora, construídos principalmente com a insuficiência de serviços para atender à grande população que emigrou para Madrid nos anos 50. Para isso, estão a ser realizados programas de ação que podem erradicar estes problemas.

VALÊNCIA

1. O Centro Histórico (Cidade Velha)

a) Localização e Situação

Valência tem uma origem romana e está localizada no Golfo de Valência, a uma curta distância do mar, num meandro do rio Turia, em terreno alto a salvo de inundações. A cidade tinha uma situação favorável para a comunicação e para a atividade económica. Quanto à sua situação, Valência é a terceira maior cidade da Espanha, com uma área de influência que abrange grande parte da costa do Mediterrâneo. Além disso, é a capital da Comunidade Valenciana, uma das regiões mais desenvolvidas da Espanha, pelo que tem um papel administrativo altamente desenvolvido, a par de outras funções altamente diversificadas, entre as quais o turismo.

b) Análise do Traçado Urbano (Plano)

Na Idade Média, a parte antiga da cidade foi cercada por um muro na era muçulmana e outro na era cristã (século XIV), que seguiu o caminho da atual ronda, constituída pelas ruas Guillén de Castro, Játiva e Colón. Nele estão conservadas algumas portas. As funções das muralhas eram:

  • Defesa;
  • Fiscal (cobrança de impostos);
  • Saúde (isolamento da cidade durante as epidemias).

O plano era irregular na época muçulmana, com ruas estreitas e sinuosas e praças sem formas definidas, e estabeleceu-se um pouco depois da Reconquista Cristã (1283). Esta irregularidade é observada, especialmente no norte, cujo centro é a Catedral. A parte sul foi transformada no século XIX: abriram-se novas ruas e praças, como a Comunidade de Valência, por ocasião da instalação da estação ferroviária na área.

c) Análise da Malha Urbana (Trama)

A malha da cidade velha é compacta, pois, durante séculos, a população cresceu dentro das muralhas, o que resultou numa densificação gradual da malha.

d) Análise da Edificação

A construção, inicialmente de baixa estatura, experimentou uma verticalização e uma deterioração progressiva e morfológica social em algumas áreas, resultando em processos de renovação e substituição de casas por outras de qualidade superior.

e) Análise do Uso do Solo

Os usos do solo da cidade pré-industrial eram residenciais, de seda (industrial) e comércio marítimo. Atualmente, o sul é a casa do CBD, onde se instalam lojas, escritórios, bancos e entretenimento. A cidade velha preserva importantes monumentos como a Catedral e palácios e igrejas de diferentes épocas.

f) Problemas Atuais

(O texto original não detalha os problemas atuais do centro histórico de Valência, mas prossegue para a expansão.)

2. A Expansão e a Periferia

a) Linhas de Crescimento Urbano e Diferenciação de Áreas

As principais linhas de crescimento urbano desde meados do século XX foram as seguintes:

  • O Sul da cidade: Segue a rota de um novo curso artificial para o Turia, que faz fronteira com a cidade a oeste e sul. A obra, que começou a ser planeada a partir da inundação catastrófica de 1957, foi implantada em meados dos anos 70. A secagem do canal permitiu também a criação de uma ronda de alta capacidade de tráfego, uma vez que o novo canal é ladeado por rodovias.
  • O Norte da cidade: Em direção à antiga pista que se transformou em espaço verde. Recentemente, foi construída a Cidade das Artes e das Ciências, que revitalizou o turismo na cidade. Além disso, foram estabelecidas instalações na margem esquerda, como o novo campus universitário, um parque de diversões e instalações desportivas.
  • O Porto: Está totalmente integrado na cidade, apresentando uma carga muito ativa e pesada. Eventos desportivos como a America's Cup de vela e o Grande Prémio da Europa de Fórmula 1 levaram a que esta área fosse atualizada, sendo atualmente uma das melhores da cidade.

Por outro lado, a cidade transbordou para os municípios periféricos para formar uma grande conurbação. Além desses espaços, como no resto das cidades, nos arredores de Valência há um uso do solo residencial poderoso, baseado em VPO (Habitação de Proteção Oficial) e casas particulares e unifamiliares de elevado estatuto social. Estes distritos têm um plano regular. Também se destacam o uso comercial e de equipamentos industriais. A horta tem sido a grande perdedora no processo de expansão urbana, porque os ricos campos estão a ser invadidos pela construção.

b) Problemas Atuais e Soluções Possíveis

Algumas destas áreas periféricas sofrem com problemas de degradação, como favelas ou a deterioração dos bairros mais antigos da classe trabalhadora, construídos principalmente com a insuficiência de serviços para acomodar a grande massa de pessoas que emigraram para Valência nos anos 50 e 60. Para fazer isso, estão a ser realizados programas de ação que podem erradicar estes problemas, mas às vezes é muito difícil concordar com todos os atores urbanos, onde a extensão da Avenida Blasco Ibáñez envolve a demolição de muitos edifícios que têm um determinado valor.

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