Análise do Hino Gregoriano "Veni Creator Spiritus"

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O hino "Veni Creator Spiritus" é uma peça fundamental do repertório gregoriano, cuja análise revela características intrínsecas ao estilo musical da Idade Média. Este documento explora seus aspectos rítmicos, melódicos, texturais, formais, estéticos e históricos.

Ritmo

O ritmo é livre, desprovido de qualquer estresse mecânico. Embora a notação quadrada indique claramente a altura das notas, ela não indica a duração das mesmas. De acordo com os critérios estabelecidos pelos monges de Solesmes, todas as notas possuem igual valor, a menos que sejam seguidas por um ponto, que geralmente aparece apenas no final da última frase, duas vezes.

Melodia

A melodia é escrita em um dos modos gregorianos, com toda a probabilidade, no modo hipomixolídio, pois a nota dó é concebida como dominante. Como de costume na música coral gregoriana, a extensão da melodia é reduzida, neste caso, não ultrapassando uma sétima. A maioria dos intervalos entre as notas são conjuntos, produzindo um tom geral de fluidez e uniformidade que aumenta consideravelmente a eficácia dos intervalos mais longos (de quarta nos dois primeiros períodos e de quinta no terceiro). No desenho ondulante da melodia, pode-se reconhecer a forma característica de um "arco" das melodias gregorianas, que começa e termina na nota mais grave e atinge a nota mais alta, o mi, no seu núcleo. A melodia é quase que inteiramente silábica, com exceção de alguns neumas de duas ou três notas por sílaba.

Textura e Timbre

A textura é monódica, como convém ao estilo gregoriano. Encontramos uma única melodia cantada em uníssono, sem acompanhamento. O timbre é de um coro de vozes masculinas. No canto gregoriano, o timbre é condicionado pela música religiosa, que deve ser cantada em comunidades monásticas. Por outro lado, é uma canção "a cappella", e a ausência de instrumentos realça a pureza da espiritualidade e do sentimento religioso.

Forma

A forma é a de um hino gregoriano, e como mostrado na partitura, possui uma estrutura estrófica. Há sete estrofes de quatro linhas cada, e a melodia é a mesma para cada uma das estrofes. À medida que cada linha corresponde a uma frase diferente, a melodia é composta por quatro frases musicais que produzem uma estrutura A-B-C-D. Esta estrutura é tão comum entre os hinos que por vezes é chamada de forma hínica. No final, como uma coda, é adicionado um "Amém" em estilo de coda. A escrita utiliza o tetragrama característico, com a clave de Dó na terceira linha e notação quadrada.

Gênero e Estética

O gênero é música vocal religiosa. Toda a estética desta música é condicionada pelo seu conteúdo ideológico e sua função litúrgica.

Contexto Histórico e Cronologia

O período artístico é a Idade Média, coincidindo com o esplendor da arte românica. A datação de uma peça do repertório gregoriano apresenta dificuldades especiais. Embora os textos mais antigos e completos datem de meados do século X, e muitas das melodias familiares foram transcritas a partir de manuscritos ainda mais tardios (especialmente dos séculos XII e XIII), sabemos que muitas peças estavam em uso muito antes de serem escritas. A notação que nos é transmitida representa, provavelmente, uma tradição estabelecida nos séculos VIII e IX, reforçada pela autoridade papal e imperial.

Título e Autoria

O título completo da obra é "Veni Creator Spiritus", um hino das Vésperas da Festa de Pentecostes. O autor é anônimo.

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