Análise do Poema de Mio Cid: Estrutura, Personagens e Estilo
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a. Tópicos:
Este livro aborda os seguintes tópicos: a morte, o heroísmo, a família, a honra pessoal e a honra no contexto social da Idade Média, em que o prestígio pessoal se sobrepunha a qualquer outro valor. Também reflete o ódio e o desejo de riqueza, palpáveis na atmosfera medieval.
b. Gênero:
O gênero deste livro é a poesia, mais especificamente a poesia épica e de aventura, sendo a obra mais importante deste grupo na Espanha.
e. Local de ação:
A ação se passa na Espanha do século XI, dividida em diferentes reinos, cada um deles governado por um responsável.
f. Características da obra: Estilo direto, sóbrio e simples. Fidelidade geográfica. Grande valor histórico. Realismo.
PERSONAGENS
El Cid, Rodrigo Díaz de Vivar: Personagem virtuoso, com religiosidade, amor familiar, corajoso e inteligente lutador. Aparece como um grande herói que supera seu exílio, fazendo todo o possível para recuperar a confiança do rei, reparar a desonra sofrida por suas filhas nas mãos dos infantes de Carrión e conquistar grandes fortunas e terras. Seu principal valor é a busca da honra.
Rei Afonso: Inicialmente, bane o Cid de Castela, mas, ao longo da história, percebe que ele é um bom súdito e o perdoa. É o rei e, portanto, a mais alta autoridade. Todos os habitantes de seu reino devem obedecê-lo para evitar o exílio. No entanto, sempre tenta fazer justiça.
Jimena: Esposa de El Cid. Apoia o marido em tudo, pois o admira.
Dona Elvira e Dona Sol: Filhas de El Cid e Dona Jimena.
Assessores e apoiadores de Cid:
- Álvar Fáñez Minaya: "Mina", oferece ajuda ao Cid, propondo a companhia de amigos e vassalos para que ele possa deixar o reino de Afonso VI. Em suas viagens com o Cid, foi responsável por enviar mensagens ao Rei.
- Martín Antolínez: O "Burgalês", fornece pão e vinho ao Cid antes do início do reinado de Afonso. Oferece-se para ir com o Cid para a batalha.
- Pedro Bermúdez: O "Mudo", luta ao lado do Cid contra Dom Fernando (infante de Carrión). É primo-irmão das filhas do Cid, Dona Elvira e Dona Sol e, portanto, sobrinho do Cid.
- Raquel e Vidas: Amigos de confiança de Martín Antolínez. Martín confia a eles os cofres do Cid para guardar, já que o Cid não pode levá-los consigo para evitar que o rei Afonso descubra.
- Sancho: Cuidava das filhas e da esposa de Cid enquanto ele lutava fora do reinado de Afonso VI.
- Avengalvón: Um muçulmano sob o comando do Cid, vassalo leal que sempre cumpre a vontade de Dom Rodrigo. Amigo dos amigos do Cid.
Todos eles decidem seguir o Cid para ajudá-lo, apoiá-lo e lutar ao seu lado em todas as batalhas, enriquecendo-se. São vassalos fiéis, que também vão ganhando sua honra.
Infantes de Carrión: Pretendem casar-se com as filhas do Cid e conseguem. Após o casamento, levam as riquezas a que tinham direito pelas batalhas vencidas e, mais tarde, desonram Dona Elvira e Dona Sol. Estas personagens representam o desejo de riqueza, o egoísmo e o desprezo pelos outros.
Outros personagens: Infantes de Navarra e Aragão, o bispo, os mouros (amigos e inimigos), os reis dos vários territórios.
García Ordóñez: Inimigo do Cid, conhecido como Conde D. Garcia.
Recursos Literários:
- Anáfora - repetição de uma palavra no início de cada verso.
- Ex: "Com as fitas corrediças, telhados com rigor / Com as esporas afiadas acusam uma grande dor"
- Hipérbato - alteração da ordem lógica da oração.
- Ex: "Daí a tecidos de seda limpar o sangue manchado"
- Fórmula conativa: "Bom é ouvir o que ele disse agora"
- Epítetos épicos: usados para descrever especialmente o herói, "que em boa hora nasceu"
- Frases binárias: "mouros e cristãos"
- Pleonasmos: "chora com seus olhos"
A obra literária é baseada na expulsão de Rodrigo Díaz de Vivar (personagem real).
É dividida em três cantares:
O Cantar do Destierro (Exílio)
Narra como o Cid, banido pelo rei Afonso VI de Castela, é forçado a abandonar suas terras. Depois de passar por Burgos, deixa sua esposa Jimena e suas filhas no mosteiro de San Pedro de Cardeña e parte para terras mouras. Realiza uma série de incursões que lhe rendem muitos benefícios, os quais usa para distribuir entre seus exércitos e enviar uma parte dos lucros para Afonso VI, buscando seu perdão.
O Cantar das Bodas (Casamentos)
Inicia-se a reconciliação com o monarca castelhano. O Cid conquista Valência e envia presentes numerosos ao rei, que permite que a família do Cid se reúna com ele em Valência. O rei organiza o casamento das filhas do Cid com os infantes de Carrión. El Cid suspeita desse casamento e responsabiliza Afonso VI.
O Cantar da Afrenta de Corpes
Narra vários episódios que demonstram a covardia e a ganância dos infantes de Carrión, como o incidente com o leão e a fuga durante a batalha. Para evitar provocações, decidem deixar Valência com as filhas do Cid, alegando que visitarão suas terras. Decidem vingar-se do Cid, parando em um bosque e violentando as filhas dele.
El Cid pede justiça ao rei, que convoca a corte de Toledo. Condena os infantes a um duelo contra os homens do Cid. A história termina com o anúncio do casamento das filhas do Cid com os infantes de Navarra e Aragão (melhor linhagem do que a anterior).