Análise do Poema Preciosa y el Aire de Lorca

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Sobre o Poema Preciosa y el Aire

Este é o segundo poema do Romancero Gitano, intitulado "Preciosa y el Aire". Parece dedicado a Dámaso Alonso, membro da Geração de 27 e presidente da Real Academia Española na época. Este romance foi publicado pela primeira vez na revista Litoral em Málaga, em 1926. De acordo com o próprio Lorca, este poema é um "mito tártaro de praia".

O tema deste romance é Preciosa, que está tocando, e o vento que aparece metamorfoseado em um sátiro, começando a perseguir a cigana para a possuir, e como ela consegue escapar.

Simbolismo no Poema

As palavras "lua de pergaminho" referem-se a um pandeiro (instrumento musical da cigana).

A palavra "peixe" do verso oitavo simboliza o erotismo.

A Guarda Civil é um elemento opressor.

O "inglês" é uma alusão irônica ao mundo moderno que não entende o medo de Preciosa.

O verso "e os ciganos da água se desviavam, / com conchas e ramos verdes de pinheiros" sugere que os ciganos estão em festa ou em harmonia com a natureza.

No verso "Abrir em meus dedos antiga / a rosa azul do teu ventre", refere-se à crença tradicional de que o vento possui força fecundadora e deseja engravidar Preciosa. Os ciganos têm um medo quase doentio do vento, pois acreditam que o diabo está espirrando. Acredita-se também que uma tempestade de vento pode deixar as mulheres grávidas.

O vento simboliza o instinto masculino e a atração pela mulher cigana.

Estrutura do Poema

O poema pode ser dividido em três partes:

  1. (versos 1-6): Apresentação da situação ambiental em que Preciosa se encontra.
  2. (versos 17-42): O vento é personificado por um sátiro perseguindo Preciosa. Esta segunda parte pode ser dividida em:
    1. (versos 17-24): Preciosa está tocando o pandeiro e o vento acorda.
    2. (versos 25-28): O vento tenta levantar o vestido de Preciosa para engravidá-la.
    3. (versos 29-32): Preciosa escapa do vento que a persegue.
    4. (versos 33-36): Mostra o sentimento da cigana através de metáforas.
    5. (versos 37-42): O autor aconselha Preciosa a fugir.
  3. (versos 43-58): Preciosa encontra refúgio na bela casa do cônsul britânico, que a conforta. Ela conta o que aconteceu a essas pessoas.

Forma e Métrica

Este poema é composto de estrofes agrupadas em três blocos. Possui um número indefinido de versos de oito sílabas (octossílabos), com rima assonante nos versos pares e versos ímpares livres. Este tipo de composição é um romance, forma comum no Romancero Gitano.

Recursos Estilísticos

  • Metáfora

    • "Sua lua de pergamino" (v. 1): refere-se a um pandeiro.
    • "Cheio de línguas celestes" (v. 22): o movimento do vento.
    • "A rosa azul do teu ventre" (v. 28): a criança que pode nascer.
    • "Sátiro de estrelas baixas / com seus lábios brilhantes" (vv. 41-42): o movimento do vento.
  • Imagem

    • "Por um caminho de água" (v. 3)
    • "guardando as torres brancas" (v. 11)
    • "ramos verdes de pinheiros" (v. 16)
    • "A gaita doce se afasta" (v. 24)
    • "Suas apertadas capas negras" (v. 49)
    • "Um copo de leite quente" (v. 52)
  • Antítese

    • "A Guarda Civil dorme / guardando as torres brancas" (vv. 10-11)
  • Personificação

    • "O silêncio sem estrelas, / fugindo do zumbido, / cai onde o mar açoita e canta" (versos 5-7)
    • "Para vê-la crescida / o vento que nunca dorme" (versos 19-20)
    • "O vento a persegue grande / com uma espada quente" (versos 31-32)
    • "O vento furioso a morde" (v. 58)
    • "Recolhe seu rumor de mar. / A oliva clara" (versos 33 e 34)
  • Epanadiplose

    • "Preciosa, corre, Preciosa!" (versos 37 e 39)
  • Elementos Simbólicos

    Peixe, verde, vento, Guarda Civil, o inglês, pandeiro.

  • Exclamação

    • "Preciosa, corre, Preciosa, / que te apanha o vento verde" (vv. 37-38)
    • "Preciosa, corre, Preciosa! / Olha onde ele vem" (vv. 39-40)
  • Diálogo

    Fala do vento a Preciosa:

    "Niña, deja que corte / tu vestido para verte, / abre en mis dedos antigua / la rosa azul de tu vientre" (versos 25-28)
  • Repetição

    • "Su luna de pergamino / Preciosa viene" (versos 1-2 e 17-18)

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