Análise e Previsões de Políticas Públicas: Tipos de Futuro

2º fase da análise: previsões

A capacidade de prever o futuro das políticas públicas é uma fase fundamental da análise política. Previsão é um procedimento de produção de informação sobre o estado futuro da sociedade com base em informações anteriores sobre problemas políticos. Ela assume 3 formas:

Projecção

É uma previsão baseada na extrapolação de tendências históricas e atuais no futuro. São utilizados argumentos sustentados por métodos específicos, por exemplo, análises de séries ou análises comparativas de similitudes entre casos. As projeções podem ser suplantadas por argumentos autoritários (exemplo: especialistas) ou de causa (teorias económicas ou políticas).

Prediction

Uma previsão sustentada em assunções teóricas explícitas. Estas assunções podem tomar a forma de leis teóricas (exemplo: a lei da utilidade decrescente do dinheiro) ou preposições teóricas (exemplo: a proposição de que a desordem civil é causada pelo hiato que existe entre as expectativas e capacidades), ou ainda analogias (o crescimento do Estado e o crescimento dos organismos vivos). O que torna específica esta forma é que ela especifica as causas e as consequências, ou as analogias que subjazem a relação. A prediction pode ser suplantada por argumentos de autoridade (um julgamento informado) ou métodos (modelos econométricos).

Conjectura

É uma previsão baseada em julgamentos informados ou de especialistas sobre o futuro estado da sociedade. Estes julgamentos podem assumir a forma de argumentos intuitivos, em que informações privilegiadas, criatividade, intuição são utilizados para apoiar as asserções sobre o futuro. Estas conjecturas podem ser suplantadas por argumentos de autoridade, métodos e causa.

Objetivos da previsão/antecipação

(Quer sejam baseados na extrapolação, teoria ou julgamento informado, os objetivos das previsões) são:

1. Garantir e providenciar informação sobre futuras alterações das políticas públicas e suas consequências » “efforts to forecast future societal states are especially related to control - that is, to plan and to set policy so that the best possible course of action might be chosen among the possibilities which the future offers.” Irene Taviss.
2. Permite-nos moldar o futuro de forma ativa, assim um analista deve sempre questionar quais são os valores que devem orientar a ação futura »» Serão estes valores aqueles que sustentarão a desejabilidade de uma situação social particular futura. “If we assume that ...desirability is to be determined by our future rather than our present preferences...then we have to predict our values before we can meaningfully predict our future.” Fred Charles Ikle.

Limites das Previsões

Devemos ter sempre em linha de conta que existem mudanças económicas e políticas não expectáveis. Exemplo: o fim do império soviético; a queda do muro de Berlim; a crise financeira e económica de 2009.

Tipos de Futuro

Independentemente se estamos a fazer previsões do tipo de projeções, predictions ou conjecturas, no fundo estamos a antecipar 3 tipos de futuros para a sociedade: futuros potenciais; futuros plausíveis e futuros normativos.

Futuros potenciais

(ou também denominados futuros alternativos) são estados societais que podem emergir. Um estado futuro nunca é seguro até que efetivamente ocorra e muitos são os futuros potenciais.

Futuros plausíveis

São estados societais futuros que, com base em assunções causais da natureza e da sociedade, presumimos como prováveis caso não haja intervenção política.

Futuros normativos

São futuros plausíveis e potenciais que são consistentes com a concepção do analista sobre as necessidades, valores e oportunidades futuras. Ou seja, há um estreitamento do naipe dos futuros plausíveis e potenciais ligando a previsão a objetivos ou metas.