Anorexia Nervosa: Causas, Sintomas e Fases

A Anorexia Nervosa é uma doença complexa e fascinante, descrita há muitos anos e que desde sempre tem suscitado o interesse dos investigadores e a inquietação das famílias onde se manifesta. Baseia-se atualmente em critérios bem definidos, tais como surgem na classificação americana das doenças mentais (DSM-IV, 1994).

Critérios Diagnósticos (DSM-IV)

1. Recusa em manter o peso corporal igual ou acima do normal para a idade e para a altura, o que deve ser entendido como perda de 15% de peso em relação ao esperado ou fracasso no ganho ponderal justificado para o período de crescimento.
2. Medo intenso de aumentar de peso ou ficar gordo/a, mesmo quando muito emagrecido/a.
3. Perturbação na apreciação do peso e forma corporais, indevida influência destes na autoavaliação ou negação da gravidade do baixo peso atual.
4. Nas mulheres, amenorreia durante pelo menos três meses consecutivos.

Causas e Fatores

Fatores hereditários podem contribuir na génese desta afecção.

As doenças do comportamento alimentar são desencadeadas por uma dieta, muitas vezes sem justificação. Em regra, uma menina que ouviu comentários sobre o seu excesso de peso e começou a comer menos, ou alguém que não estava gorda, mas que se sentia com peso a mais e alvo de observação permanente. Uma adolescente, à procura da sua identidade, pode querer assemelhar-se a um modelo muito magro (modelos femininos das revistas), muitas raparigas se confrontam com este desejo de emagrecer para se aproximarem do atual padrão de beleza. Uma outra causa seria uma perturbação do metabolismo da serotonina, a libertação de serotonina no hipotálamo produziria a sensação de saciedade e inibição da ingestão, enquanto a sua falta determinaria o comer em excesso.

Fases da Anorexia Nervosa

1. Vulnerabilidade: Refere-se a uma variação real da estrutura da pessoa que a predispõe para a anorexia nervosa. Nesta fase intervêm fatores genéticos contribuindo para os sintomas da doença ou para a formação de características de personalidade - perfeccionismo, rigidez, fuga aos conflitos - e fatores neurobiológicos, com alteração de neurotransmissores como a noradrenalina e a serotonina. Podem ser importantes fatores ligados ao desenvolvimento, como as dificuldades da alimentação infantil, problemas na relação precoce com a mãe ou dúvidas na interpretação dos sinais de desconforto da criança.
2. Precipitação: A doença pode surgir entre os 7 e os 13 anos, antes da adolescência. Nestes casos, existem muitos mais rapazes e a evolução grave exige estratégias terapêuticas intensivas. É importante o diagnóstico das anorexias nesta faixa etária, porque o seu não tratamento provoca um atraso do crescimento que pode ter consequências irreversíveis. É possível que fatores externos possam ter um papel fundamental, mudança de escola, conflitos graves entre os pais, obesidade criticada, ameaças ao equilíbrio familiar pelos primeiros passos da autonomia da criança. A fase de precipitação da anorexia nervosa está relacionada com um sentimento de profundo mal-estar e de inadequação, ponto de partida para uma série de comportamentos desajustados, desde a dieta sem cessar até aos vómitos frequentes.
3. Manutenção: Após o aparecimento da anorexia nervosa, a doença pode ser mantida durante bastante tempo ou tornar-se uma situação crônica, com longa evolução e prognóstico reservado. É importante evitar a cronicidade do processo e instituir a terapêutica o mais precoce possível. Muitas vezes o diagnóstico é feito tardiamente, o doente recusa o tratamento ou este fracassa. A pessoa passa a viver com um "parasita" dentro de si que pouco a pouco se vai alimentando dela. A falta de alimento conduz progressivamente a um processo de inanição, com queixas e problemas em vários aparelhos e sistemas do organismo. A anoréxica recusa convites, fecha-se em casa e falta aos seus compromissos profissionais, a sua personalidade vê acentuarem-se os traços já existentes da rigidez e sentimentos de ser acusada.