Antropologia, Realidade e Utopia em Zubiri, Bloch e Teilhard
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1. A Dimensão Teologal do Homem, Segundo X. Zubiri
Perante a análise da realidade humana, ao explorar a dimensão existencial, Zubiri encontra-se indiretamente sobre a problemática de Deus, relacionando a realidade humana com o que se encontra para além do real. Devemos perguntar: “Como é o Homem?”.
O modo como o ser humano se relaciona tanto com o ambiente como com as coisas é particular, e Zubiri designa-o de hábito. O homem possui um comportamento inteligente perante as coisas, uma “inteligência sentida”. No seu vínculo com o mundo, o homem não se restringe aos estímulos, mas sim integra-se na procura da sua intimidade profunda (descoberta das coisas como realidade). O homem constrói a sua própria realidade apoiando-se nas coisas reais.
O Senso de Realidade em Zubiri
Isto leva-nos a questionar o senso de realidade em Zubiri: “O que é a derradeira realidade?”. Para responder a esta questão, Zubiri recorre à experiência humana, apresentando três características:
- Ser Fundador: O homem conhece-se a si quando se apercebe que é sustentado por uma instância última que transcende o real.
- Ser que Possibilita: Essa mesma instância oferece ao homem um conjunto de possibilidades para estabelecer o seu projeto como pessoa.
- Ser que Impele: A realidade é regida por um determinado princípio que inexoravelmente tem que ser.
Estas três características conferem um caráter real ao fundamento da realidade. Com esta nova perspetiva, o homem sente-se capaz de ser relativamente absoluto, ganhando independência em relação às coisas reais e concretas.
Faz parte da natureza do homem procurar a sua própria realidade, apoiando-se na realidade que já conhece. Assim, o homem procura explorar tudo o que lhe traz inquietude e que seja para si um enigma, vendo-se envolvido no problema de Deus.
Deus não é só a plenitude da vida humana, nem o homem apresenta semelhanças com o ser divino. O homem elabora o seu eu pessoal, mas é Deus que “faz com que ele o faça”. Assim, Zubiri deduz que Deus é o âmbito da ultimidade do real. Deus é Deus sem o homem, mas o homem não o é plenamente sem Deus.
Conceitos Adicionais
- Compreender:
- Aquilo que nos prende, pelo qual me deixo prender, é o momento que me deixa preso.
- Explicar:
- Etimologicamente, é o facto de desdobrar, desembrulhar; é algo feito passo a passo; decompor as suas partes para facilitar a compreensão.
2. A Antropologia da Esperança de Ernst Bloch
A antropologia de Bloch tem subjacente uma ontologia que resume que a matéria se encontra em processo de planificação impulsionada pelo homem, sendo que este também se encontra em processo de desenvolvimento. A flexibilidade da realidade e o poder da realidade humana sustentam este processo, sendo esta relação a força de crescimento do mundo e do homem.
Bloch refere na sua antropologia três categorias centrais:
- O Impulso: É a força interna que incentiva o homem a viver sempre e que se manifesta numa sede insatisfeita e num desejo convertido em ânsia. Deste desejo nasce a esperança como ponto de convergência entre a consciência e o ser, do subjetivo e do objetivo.
- A Tendência: É a vivência pulsional motivada pela carência que nos força a sair de nós mesmos. Tem a sua raiz na necessidade do instinto primitivo, baseada na necessidade da própria conservação, no princípio da esperança e no desejo, de modo a que haja uma libertação de todas as formas de opressão. Bloch considera que o sonho diurno é o fator propulsor da tendência, projetando o homem para uma nova realidade. O sonho não é mais que uma utopia, sustentada pela juventude, pela mudança temporal e pela produtividade.
- A Função Utópica: Permite que o estado anímico/psicológico se transforme numa atuação consciente. Esta resulta da união da contemplação com a colaboração, e faz parte dos diversos setores da realidade: a vida, a história, a cultura, a sociedade, a política e a religião.
O objetivo é a total realização do mundo e do homem até à sua consumação. Enquanto existir a função vital, existe o desenvolvimento do homem, mas este nunca atingirá a meta em pleno. A possibilidade de atingir a meta existe enquanto o homem for vivo, mas para a comunidade existirá sempre.
Conceitos Filosóficos
- Ek-sistência:
- Diferença, saída de si mesmo; estar sempre a descobrir-se na sua diferença. Refere-se à ideia de permanência, identidade, o que nos acompanha até ao fim da vida.
- Interpretação à Inter-apreciação:
- Apreciar o que tem apreciações diferentes, diversas.
- Hermenêutica:
- Fazer passar do hermenêutico para o claro; interpretação dos textos bíblicos ou, de um modo geral, interpretação sem restrições científicas de qualquer texto. É a passagem de um sentido Hermético (fechado) para um sentido Hermenêutico, significando a interpretação das mensagens, pois surge de um elemento da mitologia grega, Hermes (mensageiro dos Deuses), que interpretava as mensagens dos Deuses transmitindo-as às pessoas.
3. A Tese Evolucionista de Teilhard de Chardin
A tese de Teilhard admite uma dialética permanente entre o presente crítico e o futuro transcendente. Teilhard organiza a sua tese nos seguintes pontos:
- No Universo Material: A vida não é um acidente, mas antes a essência do fenómeno.
- No Mundo Biológico: A reflexão não é um acidente, mas antes a forma superior da vida.
- No Mundo Humano: O fenómeno social não é uma ordem superficial, mas antes o salientar de um progresso essencial de reflexão.
A sua tese recorre ao dinamismo da natureza e ao supremo de organização espiritual, passando pela consciência individual, em torno da qual se centra todo o processo. Se é verdade que a organização da matéria culmina no homem, então o indivíduo humano não termina em si mesmo. A sua componente espiritual é reassumida no espírito absoluto (Deus), que alcança a meta irreversível (Ponto Ómega).
Teilhard refere que a realidade experiencial é impulsionada por uma necessidade tripla:
- Irreversibilidade: Porque o homem empreende-se sempre numa marcha sem retorno.
- Polaridade: Porque uma marcha desta característica necessita de um sentido, sem um centro ativo autossuficiente que o segure e o anime.
- Unanimidade: Porque só um centro de natureza pessoal pode contrariar, por amor, as forças repulsivas da individualidade.
Para garantir a perdurabilidade da obra humana para além do tempo e do espaço, Chardin viu-se obrigado a introduzir o elemento religioso na sua utopia. Chardin expõe um conceito sempre presente que é a auto-liberação do homem. Por isso, desde a consciência do fim e desde a ânsia pelo infinito, o homem reivindica pelo verdadeiro libertador, na exigência de Deus.
Comunicação e Meios de Massa
Comunicação: Pessoal, Grupal, Massas - Elementos Caracterizadores dos Media:
- Acumulação:
- Os media têm a capacidade de impor um tema ou uma agenda.
- Consonância:
- Os media estão todos de acordo acerca do que é importante para ser comunicado, todos os media nos dizem aquilo sobre o qual estamos interessados em saber.
- Omnipresença:
- Todas as pessoas sabem que aquilo que os media dizem é do conhecimento de toda a gente, o que nos permite conversar uns com os outros sobre o mesmo tema.
Dimensões da Comunicação:
- Cibernética: Apoiada numa determinada tecnologia, as máquinas condicionam os utilizadores a utilizar a lógica das máquinas.
- Económica: Tudo isto tem um custo muito elevado.
- Sociológica: A sustentabilidade supõe que sejam as massas que paguem os gastos.
- Pessoal: Os media devem estar ao serviço das massas.