Aprendizagem, Emoções e Psicologia: Conceitos Essenciais

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Definir aprendizagem.

A aprendizagem é uma modificação relativamente estável e duradoura do comportamento ou do conhecimento, que resulta do exercício, prática ou estudo. É um processo que, envolvendo processos cognitivos, motivacionais e emocionais, se manifesta em comportamentos. As alterações comportamentais que são provocadas por doenças e lesões, bem como fadiga, fome, ingestão de álcool ou drogas não se consideram aprendizagem, apesar de terem como consequência alterações no comportamento.


Distinguir reforço positivo de reforço negativo.

Reforço é um estímulo que, por trazer consequências positivas, aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer. O reforço pode ser positivo ou negativo:

Reforço positivo – estímulo que tem consequências positivas, agradáveis, e que se segue a um dado comportamento. Ex.: o alimento é um reforço positivo que leva o rato a carregar na alavanca.

Reforço negativo – o sujeito evita uma situação dolorosa, se se comportar de determinado modo. É a eliminação do estímulo que permite evitar a situação dolorosa. Ex.: premir uma alavanca para parar os choques elétricos.


Distinguir tipos de emoções, segundo António Damásio.

António Damásio, mesmo fazendo reservas à classificação das emoções, distingue os seguintes tipos:

- Emoções primárias/universais – são as que aparecem desde muito cedo, na infância. Estas emoções são inatas, úteis para uma reação rápida quando surgem determinados estímulos do meio (interno ou externo). Ex.: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa, aversão.

- Emoções secundárias/sociais – foram-se constituindo sobre as emoções primárias e seriam as que se experimentam mais tarde. Daí António Damásio chamar-lhes emoções adultas. Implicam a avaliação cognitiva das situações e o recurso das aprendizagens feitas. Neste tipo de emoções estão envolvidas as áreas do córtex pré-frontal. Envolvem processos de aprendizagem e uma grande influência do meio sociocultural. Ex.: vergonha, ciúme, culpa, orgulho.

- Emoções de fundo – ex.: bem-estar, mal-estar, calma, tensão.


Distinguir, segundo António Damásio, emoções de sentimentos.

Segundo António Damásio, uma emoção é um conjunto de reações corporais face a certos estímulos. A partir do momento em que sentimos medo, o ritmo cardíaco acelera-se, a boca seca, a pele empalidece, os músculos contraem-se. Tais reações são automáticas e inconscientes. Os sentimentos surgem quando tomamos consciência dessas “emoções” corporais, quando estas são codificadas sob a forma de atividade neuronal. Pode-se afirmar que os sentimentos nascem das emoções.


Problematizar a interdependência entre processos cognitivos e emocionais, a partir da hipótese dos marcadores somáticos.

A hipótese proposta por Damásio sugere que os marcadores somáticos contribuem normalmente para limitar o espaço de decisão ao torná-lo apto para análises lógicas e de custo-benefício. Em situações em que exista uma acentuada incerteza relativamente às consequências e em que a decisão pode ser influenciada por uma experiência individual prévia, tais limitações permitem ao organismo decidir eficientemente num curto intervalo de tempo. Na ausência de marcador somático, opções e consequências tornam-se indiferenciadas e a lógica precisa de operar sobre demasiados pares de opções/consequências e, por conseguinte, mais lentamente.


Explicar o carácter específico dos processos conativos.

A conação é a motivação, o empenho, a vontade e o desejo que move os indivíduos em direção a um fim ou objetivo que, ao dar sentido à sua ação, faz com que esta tenha significado para ele. Está ligada às palavras “esforço”, “desejo” e “vontade” e é a dimensão intencional ou motivacional da mente.

Compreender a teoria da motivação de Abraham Maslow.

O conceito de esforço de realização relaciona-se com o empenho para concretizarmos os nossos desejos e objetivos. O esforço de realização está intimamente ligado aos processos conativos, ao modo como os nossos desejos e propósitos se transformam em ações.

Abraham Maslow desenvolveu uma teoria, na qual procura pôr em evidência as potencialidades e capacidades humanas.

Segundo este autor, as motivações organizam-se de acordo com uma hierarquia de necessidades básicas representada numa pirâmide. A ordem das necessidades é a seguinte:

- necessidades fisiológicas – necessidades básicas e homeostáticas (fome, sede)

- necessidades de segurança - necessidade de se sentir protegido

- necessidades de afiliação – necessidade de estar com os outros e ser aceite pelos mesmos

- necessidades de estima – necessidade de se sentir respeitado e estimado

- necessidades de autorrealização – necessidade que cada um tem de realizar o seu potencial.

Quando as necessidades básicas não são realizadas, as que estão nos níveis superiores também não são realizadas pois não temos motivação.

O autor é humanista e acredita nas potencialidades do ser humano, e que se a sociedade proporcionar condições à realização destas mesmas, o ser humano poderá autorrealizar-se.


Definir o atual objeto de estudo da psicologia.

O objeto de estudo da psicologia é o estudo científico do comportamento e dos estados mentais. Podemos definir o comportamento como todos os atos e reações observáveis, tudo o que o organismo faz e que se pode observar: correr, falar, dormir, sorrir, escrever, etc. A psicologia estuda também os estados mentais como os sentimentos, atitudes, emoções, pensamentos, lembranças, perceções, fantasias, etc.


Caracterizar o papel de Wundt no arranque da Psicologia científica.

O que impediu a psicologia de se tornar, mais cedo, um saber independente da filosofia, foi a dificuldade de definir um método que permitisse estudar um objeto tão complexo como a mente humana. Era impossível chegar à mente de outrem. O único que conseguiria chegar à mente de outro seria ” o próprio outro”. Como tal a psicologia filosófica utilizava a introspeção como método para estudar a mente. O único que tem acesso pleno à minha mente, sou eu mesmo. No entanto, este método mostrar-se-ia algo falível pois: “ se eu estiver à janela, não consigo ver-me passar lá em baixo”, tal como refere Auguste Conte. O método da introspeção não apresentava condições de objetividade e cientificidade necessárias para tornar a psicologia uma ciência, uma vez que, segundo estas, o objeto e o sujeito têm que ser distintos.

É então que, em 1875, surge Wundt com a preocupação de tornar a psicologia uma ciência. O autor propõe-se constituir a psicologia como uma nova área da ciência objetiva e experimental. Wundt estabelece então, como objeto de estudo da psicologia a consciência. No sentido de tornar a psicologia uma ciência Wundt funda, em Lepzig, o primeiro laboratório de psicologia. Neste laboratório Wundt procura seguir o modelo dos laboratórios de outras ciências, designadamente as técnicas utilizadas pelos fisiologistas. Este instituto torna-se o centro de desenvolvimento e treino de pesquisas e novas técnicas de exploração da consciência e das funções da mente. Concentraram-se naquele instituto os esforços de investigadores e psicólogos vindos dos Estados Unidos, Japão, Itália, Rússia, etc.


Explicar a perspetiva de Wundt, considerando os seus objeto, método e limitações metodológicas./Relacionar as limitações teóricas e metodológicas do estruturalismo de Wundt com a emergência do paradigma behaviorista de Watson.

Wundt tinha como objetivo elaborar uma psicologia que admitisse somente os factos e que recorresse à experiência. O objeto de estudo de Wundt era a consciência e os processos mentais, e este tinha a convicção de que a consciência era constituída por várias partes distintas e que se deveria recorrer à análise dos elementos mais simples (sensações). Para conhecer os elementos da consciência, Wundt utiliza como método a introspeção controlada: só o sujeito que vive a experiência é que pode descrevê-la introspecionando-se, isto é, fazendo a autoanálise dos seus estados psicológicos em condições experimentais. Contudo, a introspeção controlada só dava a conhecer os elementos básicos da consciência, as sensações e as perceções; os processos mentais complexos, como a memória e a aprendizagem, não poderiam ser estudados experimentalmente, tendo de se recorrer a metodologias qualitativas.

O método da introspeção tem várias limitações: não se estuda o inconsciente, não explica respostas psicológicas, não se aplica ao comportamento psicológico, animal ou infantil, tem falta de rigor, pode existir dificuldade na verbalização de emoções, e há ainda ausência de controlo externo.

Watson critica Wundt quando ao objeto e quanto ao método. Este afirma que o objeto de estudo (a consciência) não é diretamente observável, e que o método (introspeção controlada) é subjetivo e sem rigor científico. Assim, Watson cria a seu próprio método e define um novo objeto.


Reconhecer o papel de Watson na introdução da Psicologia no domínio científico.

A preocupação central de Watson foi demarcar-se da psicologia tradicional, que tinha como objeto o estudo da mente, da consciência, através da introspeção. Declara a necessidade de a psicologia se constituir como ciência autónoma e objetiva, uma ciência natural e experimental. Embora não negue os estados mentais e a consciência, considera que não se podem constituir como objeto de estudo da psicologia.

Watson defendia que se podia escrever uma psicologia não fazendo uso de termos como consciência, estados mentais, mente, imaginação, etc. Podia-se fazê-lo recorrendo a termos como estímulo e resposta, formação e integração de hábitos, aprendizagens, e outras expressões similares. Vai ser precisamente em termos de estímulo-resposta que Watson orienta a sua conceção: para ter o estatuto de ciência rigorosa e objetiva, a psicologia terá de definir como objeto de estudo o comportamento. Ora, o comportamento é o conjunto de respostas (R) de um indivíduo a um estímulo (E) ou a um conjunto de estímulos (situação). R = f (S)

A finalidade teórica é a previsão e o controlo do comportamento.


Explicar o papel revolucionário de Freud ao: introduzir o conceito de inconsciente; propor a existência de três instâncias psíquicas; afirmar a existência de fenómenos conflituais; defender a importância da infância; introduzir novas metodologias.

Freud reconhece três grandes revoluções na forma de encarar o ser humano: a primeira quando Copérnico demonstrou que a Terra não era o centro do Universo, a segunda quando Darwin mostrou que os seres humanos não eram uma espécie diferente dos outros animais, e a terceira seria protagonizada por Freud, ao afirmar que não é a razão, a consciência, que controla a vida humana, mas sim as forças do inconsciente que ele desconhece e pouco controla.

Com Freud, abre-se uma nova perspetiva que nada tem a ver com a psicologia, que toma como centro a consciência, ou que reduz o ser humano a uma fórmula simplista de comportamento estímulo-resposta. É um novo conceito de ser humano, dominado desde o nascimento por pulsões, sobretudo de carácter sexual, vivendo conflitos intrapsíquicos que se manifestam no comportamento do nosso dia-a-dia. Um dos legados mais importantes foi o reconhecimento da importância da vida afetiva, sobretudo na infância, no desenvolvimento cognitivo e social bem como na personalidade do indivíduo.

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