Argumentos Indutivos e Falácias Informais
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Argumentos Indutivos
Os argumentos indutivos são aqueles em que a verdade das premissas torna a conclusão provável, mas não necessariamente verdadeira. Ao contrário dos argumentos dedutivos, a conclusão de um argumento indutivo vai além do que é estritamente contido nas premissas, oferecendo apenas apoio parcial.
Generalização e Previsão
Generalização
É um argumento indutivo em que a conclusão é mais abrangente que a premissa. A sua força não se deve à forma lógica, mas ao conteúdo. Numa generalização, a conclusão ultrapassa o que está contido nas premissas de tal forma que, sendo as premissas verdadeiras (V), a conclusão será apenas provavelmente verdadeira (e não necessariamente, como nos dedutivos). As premissas dão apenas apoio parcial à conclusão (e não total, como nas deduções). EX: Os milhares de patos que conheço nadam; logo, todos os patos nadam.
Previsão
É um argumento indutivo que, baseando-se em casos passados, prevê casos não observados, presentes ou futuros. A conclusão ultrapassa o que está contido nas premissas verdadeiras (V), sendo apenas provável. EX: As galinhas têm penas; por conseguinte, as próximas galinhas terão penas.
Analogia
É um argumento não dedutivo que consiste em encontrar semelhanças novas a partir de semelhanças/relações conhecidas entre situações/seres/objetos diferentes. Trata-se de uma comparação. EX: Os ratos têm semelhanças com o homem; 90 por cento dos genes ligados a doenças humanas são idênticos aos ratos.
Argumento de Autoridade
É um argumento não dedutivo em que se conclui que determinada proposição é verdadeira (V) porque uma certa autoridade (um ou vários indivíduos, uma ou várias organizações, estudos) defende que essa proposição é verdadeira (V). EX: O presidente da XXX afirma que o produto XXX tem altíssima qualidade. (Não é imparcial).
Critérios de Avaliação
Critérios de Avaliação da Generalização e da Previsão
- A amostra deve ser ampla: número de casos (muitos? poucos?). O número é significativo em função do que se pretende concluir? Se for significativo, a generalização/previsão é forte e a probabilidade de as premissas confirmarem a conclusão é forte.
- A amostra deve ser representativa (relevante, significativa); se assim for, as premissas confirmam a conclusão.
- Não se deve omitir informação importante e essencial. NOTA: O risco de qualquer previsão ou generalização é o aparecimento de contraexemplos/exceções.
Critérios de Avaliação de uma Analogia
- As semelhanças terão de ser relevantes (mais relevantes que as diferenças).
- Se as diferenças forem mais relevantes do que as semelhanças relevantes, a analogia não é válida.
- A analogia tem de ter por base um número razoável de semelhanças.
Critérios de Validade de um Argumento de Autoridade
- Imparcialidade.
- Competência, autoridade reconhecida e não podem existir autoridades igualmente competentes que a contradigam.
Falácias Informais
São argumentos inválidos, mas que aparentemente nos surgem como válidos, já que estão dependentes da ambiguidade da linguagem natural comum (não são erros decorrentes da forma do argumento, mas sim do conteúdo).
Tipos de Falácias Informais
- 1. Petição de Princípio: Consiste em provar a conclusão usando como premissa a própria conclusão. EX: Não falta ninguém, uma vez que está cá toda a gente.
- 2. Falso Dilema: Consiste em reduzir as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as outras. É uma falácia do falso dilema quando numa das premissas se consideram apenas duas possibilidades ou alternativas, quando na realidade existem outras possibilidades que não estão a ser devidamente consideradas. EX: Ou continuo a fumar ou engordo. Não quero engordar, logo não posso deixar de fumar.
- 3. Apelo à Ignorância: É cometida esta falácia sempre que uma proposição é tida como verdadeira (V) só porque não se provou que é falsa, ou é falsa porque não se provou que é verdadeira. EX: Até hoje ninguém conseguiu provar que temos liberdade, logo a liberdade é uma ilusão.
- 4. Ad Hominem: Incorre-se nesta falácia sempre que, em vez de se atacar ou refutar a tese de alguém, ataca-se a pessoa que a defende. Procura-se descredibilizar uma determinada proposição ou argumento, atacando a credibilidade do seu autor. EX: Dado que é católico, sei que é contra o aborto. Por isso, não me interessam os seus argumentos sobre a moralidade ou não do aborto.
- 5. Derrapagem: Falácia em que se pretende mostrar que uma proposição ou perspetiva é inaceitável, extraindo-se consequências inaceitáveis da mesma. Pretende-se mostrar que a aceitação de uma dada proposição é inaceitável, pois a sua aceitação conduziria a uma cadeia de implicações com um desfecho inaceitável, quando na verdade, ou um dos elos da cadeia de implicações é falso, ou a cadeia no seu todo é altamente improvável. EX: Se permitirmos o casamento entre as pessoas do mesmo sexo, não tarda estaremos a permitir a poligamia, ou até a pedofilia.
- 6. Boneco de Palha: Consiste em distorcer as ideias do interlocutor de modo a terem outro significado, para facilitar a conclusão de que são erradas. Com esta falácia, pretende-se mostrar que se refutou um determinado argumento ou teoria através da refutação de uma versão distorcida e enfraquecida do mesmo. EX: Os defensores dos direitos dos animais sustentam que é tão errado matar um animal como matar uma pessoa, mas isso é obviamente falso (F); logo, os defensores dos animais estão errados (ou seja, os animais não têm direitos).