Aristóteles: Contexto Histórico e Crítica à Filosofia Platônica
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Contexto Histórico de Aristóteles
O trabalho intelectual de Aristóteles desenvolveu-se no século IV a.C. Na Grécia, após derrotar a Pérsia nas Guerras Médicas, Atenas sofreu uma derrota para Esparta na Guerra do Peloponeso. Este foi um momento de crise para o ideal grego da pólis. Além disso, um novo poder emergiu: Filipe II da Macedônia, que viria a conquistar toda a Grécia. O próprio Filipe, consciente do prestígio de Aristóteles, o contratou para ser tutor de seu filho, Alexandre, o Grande. Essa expansão continuou com o trabalho de seu filho, que conquistou o Império Persa, o Egito e parte da Índia. Após a morte de Alexandre, o Império foi dividido, e Aristóteles teve de deixar Atenas, levando consigo sua obra intelectual.
Essa crise se refletiu em todos os aspectos da cultura, com a transição da arte clássica (que regia o ideal de serenidade, ordem e racionalidade) para o Helenismo (que recolhe a influência oriental, expressando movimento violento e sofrimento humano). As ordens arquitetônicas (dórica, jônica e coríntia) tornaram-se mais sofisticadas. A tragédia, estudada por Aristóteles, evoluiu, com Eurípides apresentando heróis mais humanizados.
A questão da arché (origem) deu lugar à questão da realidade humana, abordada pelos sofistas e Sócrates. Essa questão foi retomada por Platão para criar um sistema filosófico completo que responderia a perguntas da metafísica, moral e política. Para esse fim, ele fundou a Academia, onde Aristóteles ingressou aos 16 anos. No entanto, após a morte de Platão, Aristóteles se separou das teorias platônicas, fundando uma escola rival, o Liceu. Ambas as escolas seriam fundamentais para a filosofia, que seria enriquecida pelas diferentes abordagens. Próximo ao final da vida de Aristóteles, começaram a surgir as escolas helenísticas: o Hedonismo, o Estoicismo, o Cinismo e o Ceticismo.
Contexto Filosófico: A Crítica de Aristóteles a Platão
De modo geral, a filosofia de Aristóteles pode ser interpretada como um acerto de contas com a filosofia platônica.
A tese fundamental do pensamento de Platão era a de que as substâncias são Ideias. Para Aristóteles, pelo contrário, as substâncias são indivíduos no mundo físico. O dualismo cosmológico de Platão, para Aristóteles, era um erro grave que agravava o problema a ser resolvido. O Mundo das Ideias de Platão, que deveria explicar o mundo das coisas em seus três aspectos (metafísico, epistemológico e ético-político), para o filósofo ateniense, na verdade, em vez de um mundo, criava dois. Isso dobrava o objeto a ser conhecido e, consequentemente, o problema a ser resolvido. Contra o dualismo platônico, Aristóteles afirma que a única realidade é este mundo físico que habitamos, e que devemos tentar explicá-lo a partir de si mesmo, sem recorrer a um "mundo externo". Pode-se, assim, falar do naturalismo aristotélico, que se contrapõe ao idealismo platônico.
O modelo que Platão considerou para entender a filosofia foi o matemático. Este modelo exemplifica a necessidade de Ideias, a dissociação entre a experiência sensorial e uma ordem rigorosa e ideal, não contaminada pela matéria. Em contraste, o modelo de conhecimento que Aristóteles considerou foi a biologia, uma disciplina que o sábio grego teve o mérito de fundar. Este modelo estuda as coisas de nossa experiência, o mundo físico, que são classificadas em tipos e perpetuadas pela reprodução. Assim, a biologia é o método que Aristóteles adota para admirar a ordem da realidade, o espírito em que sua filosofia se baseia. Para Aristóteles, a natureza está sujeita a uma teleologia estrita, que é responsável por sua ordem.