Aristóteles: Felicidade, Virtude e a Pólis
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Felicidade e a Vida Contemplativa em Aristóteles
Aristóteles, por outro lado, identifica a felicidade com a atividade puramente intelectual ou a vida contemplativa. Sem excluir outras virtudes, Aristóteles privilegia a virtude intelectual sobre as virtudes morais, pois aquelas requerem menos bens externos, tornando possível uma forma de vida em que os caprichos da fortuna e os riscos de infortúnios ou falhas são menos importantes. Com efeito, diz Aristóteles, "o sábio é auto-suficiente em si e não precisa de nada nem de ninguém para ser feliz".
A Pólis Aristotélica
Propósito da Pólis
Para Aristóteles, a pólis tem um propósito maior que a família e a aldeia. Não é mais marcada pelo biológico ou pela satisfação das necessidades vitais mais ou menos imediatas, mas sim pelo "viver bem". Este propósito é a plenitude ou a perfeição da natureza humana, pois o homem é por natureza um "animal político" e, também por causa de sua linguagem (*logos*), "é o único animal que tem a palavra".
O Papel do Logos na Vida Cívica
A palavra (*logos*) é usada para expressar algo mais do que apenas as sensações primárias de prazer ou de dor; é um veículo para a sensação de bem e mal, certo e errado. O meio cívico é onde o homem, em diálogo com os outros, julga e delibera sobre essas coisas.
Exclusão da Oikos da Esfera Política
Aristóteles exclui do campo político a gestão da casa (*oikos*), que inclui a autoridade parental, o domínio sobre os escravos e as relações entre marido e mulher. A *oikos* é governada por diferentes tipos de autoridade: despótica (sobre os escravos), régia (sobre os filhos) e aristocrática (sobre a esposa), dependendo da capacidade deliberativa de cada um. O governo interno da casa aproxima-se da monarquia, enquanto o governo da cidade é caracterizado por uma relação horizontal.
A Natureza da Virtude
No entanto, são chamadas de "virtudes" as atividades nas quais se alcança a excelência ou perfeição na realização de algo, e que são as melhores do ponto de vista racional. Assim, para Aristóteles, a felicidade consiste na virtude.
Virtudes Éticas e Dianoéticas
A virtude é uma disposição segundo a vontade de fazer o bem, adquirida através do esforço e da educação, formando o hábito em questão. Aristóteles distingue entre "virtudes éticas" e "virtudes dianoéticas": as primeiras são virtudes do caráter e hábitos, como, por exemplo, coragem, justiça, generosidade e assim por diante. As segundas, que aperfeiçoam a parte intelectual da alma, são virtudes intelectuais, como a arte, a inteligência, a sabedoria e a prudência.
A Prudência e o Meio Termo
Para formar um caráter virtuoso, Aristóteles enfatiza a necessidade crescente de prudência. Esta virtude intelectual é a capacidade de deliberar corretamente e decidir o que fazer em cada situação. Aristóteles afirma que a virtude consiste no "meio termo", ou seja, um equilíbrio entre dois extremos igualmente viciosos, seja por excesso ou por falta.
A Felicidade: Virtude e Bens Externos
Aristóteles diz que a felicidade consiste na virtude. Contudo, ele acrescenta que, além da virtude, a felicidade também requer certas condições materiais e externas: saúde, riqueza, amigos, etc., sem esquecer o prazer e a boa sorte. No entanto, Aristóteles afirma que a virtude é essencial para a felicidade, porque se é verdade que, na ausência de alguns desses bens, dificilmente se pode ser propriamente feliz, quem não possui a virtude pode ser considerado infeliz, pois a virtude permite perdurar com integridade diante dos contratempos.