Arte Etrusca e Romana: Arquitetura, Escultura e Pintura

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Arquitetura Etrusca

Suas principais contribuições para a arquitetura romana são o uso do arco e da abóbada, e a estrutura de seus templos, cujo modelo foi seguido pelos templos romanos.

1.1. O Templo

Apesar de algumas de suas características serem inspiradas pelo templo grego, sua estrutura é original. O templo etrusco repousava sobre um pódio elevado de pedra e possuía um alpendre com colunas toscanas tetrastilo, apenas na fachada principal. Atrás deste, geralmente havia três portas que davam para três celas paralelas, dedicadas às três principais divindades etruscas. O telhado era de duas águas (gabled) e a decoração escultórica era colocada sobre ele, bem como em placas de terracota policromada em relevo que protegiam as vigas de madeira. Embora em alguns aspectos seguisse o modelo do templo grego, a estrutura fundamental dos templos etruscos serviu de modelo para os templos romanos.

1.2. Túmulos

  • Muitas vezes esculpidos ou escavados na rocha e cobertos por um montículo de terra cônico, eram constituídos por uma sala grande, coberta com uma falsa cúpula ou abóbada. Exemplo: túmulos na necrópole de Cerveteri.
  • As paredes eram decoradas com pinturas e relevos, com representações de banquetes funerários, sarcófagos e o equipamento apropriado.

1.3. As Fortificações

Os destaques são as portas, arcos e abóbadas, com duas torres, que influenciariam os modelos romanos. Exemplo: Porta de acesso às muralhas de Volterra.

Escultura Etrusca

A escultura etrusca era dedicada quase que exclusivamente a fins religiosos e funerários.

Embora usassem a pedra, a maioria de suas obras representativas era feita em bronze e terracota (barro moldado e cozido em forno).

Sua principal contribuição para a escultura romana é o realismo de seus retratos.

2.1. Banquetes Funerários

  • Um dos tipos esculturais etruscos mais importantes são as tampas dos sarcófagos, que reproduzem o defunto deitado em cenas relaxantes e funerárias da vida cotidiana. É muito característica a acentuada busca pelo realismo, embora nos rostos sejam evidentes traços do grego arcaico, como olhos amendoados, o sorriso arcaico, etc.
  • O Sarcófago dos Esposos, do final do século VI a.C., é o mais conhecido. Nele, um casal de mortos, semideitado em um triclínio, compartilha um banquete com seus convidados, como faziam em vida.

2.2. Escultura Zoomórfica

Muito característica da arte etrusca é a escultura zoomórfica em bronze, que provavelmente estava na entrada do cemitério para proteger os espíritos. Exemplos incluem:

  • Monstros fantásticos de tipo oriental, como a Quimera de Arezzo;
  • Obras de caráter naturalista, como a Loba Capitolina, que eventualmente se tornaria o símbolo de Roma.

2.3. Escultura de Vulto Redondo

  • Outro capítulo importante na escultura etrusca são as estátuas de vulto redondo, as de terracota que adornavam os telhados dos templos e os retratos em bronze, principalmente honoríficos.
  • Nas primeiras, há uma óbvia influência das esculturas gregas arcaicas, como Hermes e Apolo de Veii, do século VI a.C., obras que são as únicas que se podem atribuir ao conhecido escultor etrusco Vulca.
  • Os bronzes do período final são caracterizados por seu alto realismo. Como exemplos, podemos citar o Marte de Todi, do século IV a.C., ou o busto de Lúcio Júnio Bruto e o Arringatore, do século I a.C., obras que são difíceis de classificar entre a arte etrusca e a arte romana.

Pintura Etrusca

Na pintura etrusca, pode-se observar uma clara influência da Grécia. Posteriormente, a pintura etrusca também influenciaria a pintura romana.

Está intimamente relacionada com o mundo funerário, pois as pinturas apareciam dentro dos túmulos decorados. De um lado, estão as cenas de banquetes funerários; de outro, há situações da vida cotidiana, para envolver os mortos em tudo o que tinham.

A técnica é a do afresco, as cores são lisas e brilhantes, e os fundos são suaves. As figuras, que dominam o quadro, são recortadas e aparecem com vegetação, pássaros, etc. Não há perspectiva; é uma pintura bidimensional, com o objetivo de movimento, embora muitas vezes represente de forma muito convencional.

Edifícios Públicos Romanos

A) A Cúria

Edifício destinado a reuniões políticas. A Cúria Hostília, em Roma, foi o edifício onde o Senado romano se reunia com mais frequência. Reconstruída várias vezes, César a moveu do local original para o local onde hoje se encontra no Fórum Romano. A nova Cúria foi renomeada por decreto do Senado, passando a ser chamada Curia Iulia, e foi terminada em 29 a.C. por Augusto. O edifício atual data da reconstrução realizada por Diocleciano no final do século III.

B) O Templo Romano

  • Sua estrutura é inspirada na etrusca, sobre um pódio com um pórtico de entrada única, pseudoperíptero, mas utiliza as ordens gregas.
  • Existem também templos circulares, como o Templo de Vesta, em Roma (século I a.C., da era republicana, também localizado no Fórum Boário). É assim chamado por ser circular, mas na verdade foi dedicado a Hércules Olivarius Victor, que era padroeiro do comércio de azeite. A cela é circular e está rodeada por colunas independentes de capitel vegetal. Não possui entablamento nem teto.
  • Original é o Ara Pacis de Augusto (ver também altar-escultura), feito em 13 a.C. para comemorar a paz após as guerras na Gália e Hispânia. O altar é cercado por um muro ligeiramente retangular de cerca de 10 metros, feito de mármore e decorado com relevos no exterior, com dois frisos: o inferior, com decoração floral e pequenos animais; e o superior, onde aparece uma magnífica procissão, que inclui Augusto e sua família, cortesãos, etc., com uma riqueza de atitudes, expressões e vestuário, com homens, mulheres e crianças em diferentes níveis, que adicionam profundidade e criam um grande espaço. Em uma das portas, há uma representação mitológica da Terra, com dois filhos e frutas em seu colo, a seus pés, animais, vegetação e o acompanhamento de duas ninfas, uma em um cisne e a outra em um selo. O interior é decorado com bucrânios e guirlandas.

C) Basílicas

Edifícios para transações comerciais e litígios. Consistiam em salões grandes, normalmente divididos em três naves com êxedras ao fundo e cobertos por abóbadas. Serviram de modelo para as igrejas cristãs.

D) As Termas

As termas ou banhos desempenhavam um papel fundamental na vida social romana, não só como locais de higiene, mas também como lugares de encontro e lazer. Por isso, às vezes, assumiam proporções extraordinárias. Consistiam em uma sala para despir-se ou "apodyterium", banhos frios ou "frigidarium", temperados "tepidarium", quentes "caldarium", e muitas outras unidades de todos os tipos, incluindo ginásios, áreas de massagem, bibliotecas e espaços abertos para passeio.

E) Teatros

  • Começamos o capítulo sobre edifícios para espetáculos com este edifício, cujo papel principal era a realização de peças teatrais.
  • O teatro romano deriva diretamente do grego, embora haja algumas diferenças: ele não se organiza no declive natural do terreno, sendo totalmente construído em uma estrutura de arcos e abóbadas de tijolo ou concreto para a "cavea" ou arquibancadas, com a "cena" monumental e a "orquestra" semicircular em vez de circular, com pórticos e colunatas na parte de trás.
  • Sendo um edifício de fábrica, também tinha um significado além da estética: possuía um número de pisos, que desempenhavam um papel importante na estrutura de arcos e colunas, pois nas aberturas intermediárias eram colocadas estátuas. Dentro, havia uma série de corredores com portas e os vomitoria da cavea, dividida em três partes: "ima cavea", "media cavea" e "summa cavea", onde os espectadores eram colocados de acordo com sua classe social.

F) Anfiteatros

Formado pela união de dois teatros, suas características são semelhantes às de ambos: um plano oval, com arena no centro para o espetáculo (lutas de animais, gladiadores, etc.), com subterrâneos, etc.

G) Circos

O circo romano é o lugar para as corridas, principalmente de carros, mas às vezes também realizava comemorações de eventos do Império, pois eram os edifícios mais monumentais para espetáculos e os maiores.

O circo romano está relacionado ao estádio grego, mas era muito maior e de planta muito alongada. A arena tinha uma spina, uma divisão longitudinal na linha que marcava onde os cavalos tinham que fazer a curva. Nela, costumavam ser colocadas colunas, estátuas, memoriais, e assim por diante. Em uma extremidade, ficavam as carceres ou baias de partida. Havia soluções para proteger as arquibancadas, como em teatros e anfiteatros.

1.3. Memoriais Romanos

Normalmente localizados no fórum ou nas vias de acesso às cidades.

A) Arcos do Triunfo

  • Os arcos do triunfo eram construídos para desfiles de tropas vitoriosas, dedicados aos generais vitoriosos ou imperadores, e eram muitas vezes colocados em locais estratégicos, tais como interseções de estradas, pontes e extremidades de algumas vias, especialmente nos fóruns.
  • Os que se conhecem são fundamentalmente do período imperial, mas deveriam ter existido no período republicano.
  • O tipo variava:
    • Geralmente consistem em uma ou três aberturas, chamadas olhos, sendo a central maior. Acima do entablamento, há um segundo corpo chamado de ático, no qual são colocadas as inscrições. O conjunto é completado com motivos arquitetônicos e esculturais.
    • Houve também um tipo diferente de arco, com quatro olhos, de planta quadrada, chamado "arco quadrifronte".

B) Coluna Memorial

  • A coluna memorial não é apenas monumental; também pode ter outras funções, como a Coluna de Trajano, que também guardava suas cinzas.
  • A coluna memorial romana era construída sobre um pódio e seu fuste inteiro, que era muito alto, era decorado com relevos narrando os eventos que são comemorados. Normalmente, no topo havia uma estátua do imperador que ordenou sua construção.

Escultura Romana

Na escultura romana, a influência helênica é clara, especialmente na religiosa, e a influência etrusca, especialmente no realismo do retrato.

2.1. Escultura Religiosa

  • Nos temas mitológicos, são principalmente cópias de obras gregas.
  • Há uma tendência evolutiva do idealismo grego na República e no início do Império para o hierático e a rigidez das últimas conquistas do Império.

2.2. O Retrato

  • O retrato é a contribuição mais original da escultura romana. Sua origem está em uma antiga prática funerária de culto aos antepassados, que era criar "imagines maiorum". Quando um patrício morria, era removida de seu rosto uma máscara de cera, que era mantida em casa e exibida em funerais ou outras cerimônias.
  • Sua principal característica, portanto, é a fidelidade nas feições e nos detalhes (neste caso, especialmente em retratos de mulheres).

A) Período Republicano

  • Nos retratos da era republicana da escultura romana, o realismo é muito acentuado, com características faciais muito pronunciadas. A escultura de busto é curta, representando apenas a cabeça e o pescoço. Os homens usavam cabelo curto.
  • Origina-se das "imagines maiorum" de cera.

B) Retratos Imperiais

No retrato de corpo inteiro dos imperadores do Alto Império, destacam-se três versões:

  • Imago togata ou Pontifex Maximus: como um patrício, com toga. Exemplo: Retrato togato de Augusto, que marca a postura em contrapposto e a cabeça coberta.
  • Imago thoracata: como imperator, senhor da guerra, ou cônsul, com equipamento militar, com armadura. Exemplo: Retrato de Augusto ou Augusto de Prima Porta. Augusto está dirigindo o exército, assim está vestido com trajes militares e com o braço erguido. É esculpido com precisão o contraste entre a couraça lisa e dura e o tecido macio. A couraça é preenchida com relevos alusivos à paz de Augusto, e a criança interior é uma imagem de um golfinho, aludindo à origem divina da família Júlia.
  • Imago apotheosis: ou divindade heroizada, nua, com coroa de louros e o atributo de um deus. Exemplos: Retrato de Augusto ou a Apoteose de Cláudio heroizado.
  • Nos retratos dos primeiros imperadores, no início do século I d.C., há uma tendência para um certo idealismo, com influência grega, de modo que podemos falar de um realismo idealizado, onde os traços mais pronunciados são ocultados.
  • Nos retratos dos séculos II e III, tende a haver um barroquismo progressivo: cabelos mais longos e esculpidos a partir da cabeça, com ondas muito volumosas; surgem barbas, e assim por diante. A partir de Adriano e, especialmente, a partir do século III, os olhos são gravados.
  • A partir do século IV, e no Baixo Império, o retrato romano é caracterizado pela rigidez e hieratismo, que seriam transmitidos ao mundo cristão.
  • As imagens são desumanas; perde-se o desejo de fazer retratos que se aproximem do homem, tendendo a um esquema que elimina o imperador da sociedade. Portanto, a escultura pode ser vista como "anti-clássica".

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