Ascensão de Regimes Totalitários: Stalinismo, Fascismo e Nazismo
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A Luta pelo Poder na União Soviética
Após a morte de Lênin em 1922, uma luta pelo poder se instaurou entre Trotsky e Stalin, representando diferentes concepções de revolução e socialismo. Trotsky defendia que o socialismo era impossível sem um movimento operário internacional, enquanto Stalin era um defensor do "socialismo em um só país", visando fortalecer a revolução na Rússia.
Stalin se apresentou como herdeiro de Lênin, aliando-se à velha guarda bolchevique (Bukharin, Zinoviev e Kamenev), e acabou sendo eleito seu sucessor. Uma vez removido seu principal rival, Stalin iniciou uma política de consolidação de seu poder pessoal, dando origem ao regime político que leva seu nome: o stalinismo.
Stalinismo
A ascensão da ditadura de Stalin o afastou dos princípios que inspiraram a revolução bolchevique. Stalin assumiu o controle do partido e da política, utilizando a temida NKVD para eliminar a velha guarda bolchevique.
O estado stalinista foi institucionalizado com a Constituição de 1936, que consolidou a socialização dos meios de produção e estabeleceu o direito dos cidadãos a serviço do regime e seus interesses.
A Economia Stalinista
A economia de Stalin estava sujeita à gestão estatal, com forte centralização, através de um modelo de planejamento, os chamados planos quinquenais, que tinham duas diretrizes básicas:
- Realização de um processo de industrialização acelerada, modernizando a infraestrutura da Rússia.
- Coletivização forçada da agricultura, através de um sistema baseado em fazendas coletivas e estatais.
O stalinismo garantiu uma série de serviços sociais, como alimentação, moradia, educação e saúde.
Expurgos
O lado mais sombrio do período stalinista foram os expurgos, purgas realizadas pelo regime que causaram milhões de deportações e assassinatos:
- Minorias étnicas: Stalin deslocou milhões de pessoas para remover qualquer vestígio multinacional.
- Camponeses: Foram submetidos a uma feroz repressão, com dezenas de milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.
- Intelectuais: Um sistema de campos de concentração, ou gulags, foi criado, onde a execução era uma constante.
Militarismo Japonês
Após a Revolução Meiji, o Japão havia se tornado uma potência econômica e o estado mais poderoso da Ásia. Desde o início do século XX, o Japão evoluiu para um forte militarismo expansionista, com uma política externa que determinaria suas alianças futuras com o fascismo europeu na Segunda Guerra Mundial.
A Crise Interna
A Primeira Guerra Mundial promoveu o crescimento econômico do Japão devido à cessação do comércio das potências europeias em guerra. Isso permitiu a expansão dos produtos japoneses nos mercados asiáticos e impulsionou o crescimento da população e a rápida urbanização.
Durante a Grande Guerra, o Japão expandiu sua frota mercante e marinha, tornando-se a terceira maior do mundo. A recuperação dos fluxos de comércio europeu após o fim da guerra colocou em dificuldades a economia japonesa, levando ao aumento da agitação social.
A crise atingiu seu clímax em 1921 com o assassinato do primeiro-ministro Takashi Hara. Em 1º de setembro de 1923, um violento terremoto devastou Tóquio, agravando a crise socioeconômica.
A Radicalização Política
Em 1926, Hirohito foi proclamado o novo imperador. Em seus primeiros anos de governo, o parlamento japonês aprovou medidas de abertura política e concedeu certas liberdades sociais. No entanto, as ligações entre os partidos e os interesses dos grandes conglomerados industriais, os zaibatsus, eram evidentes.
Dada a crescente demanda por reformas do sistema político, os conservadores pressionaram pela defesa intransigente da monarquia imperial e pela radicalização da mensagem nacionalista. O governo japonês se comprometeu com sua transformação em um sistema totalitário, que culminou em 1940 com a proibição dos partidos políticos.
O Expansionismo Japonês
Outro grupo de pressão no Japão era o Exército, onde proliferavam sociedades ultranacionalistas contrárias à classe política. O expansionismo imperialista defendido pelo nacionalismo japonês era auxiliado por um discurso que enfatizava as limitações naturais do arquipélago japonês para manter sua independência e liderança na Ásia:
- Seu pequeno território não era capaz de suprir as necessidades da economia.
- O crescimento da população havia revelado um problema de superpopulação.
Em 1932, o primeiro-ministro Inukai Tsuyoshi foi assassinado, enquanto os militares exigiam um aperto da política na Manchúria. Isso simbolizou o fim da política tradicional.
- O Japão ocupou a Coreia, considerando-a sua área natural de expansão, e em 1934 a incorporou ao império.
- Em 1937, iniciou uma grande guerra com a China. Dois anos depois, assinou um pacto com a Alemanha e a Itália.
- Em 1938, os japoneses anunciaram a realização de uma "nova ordem" na Ásia Oriental.
A reestruturação liderada pelo Exército Imperial foi facilitada pela concentração de grandes empresas industriais.
O Que é Fascismo?
O fascismo foi um movimento político que surgiu no período entreguerras, caracterizado pela exaltação da nação, pelo militarismo, pelo anti-marxismo, pelo anti-liberalismo e pela rejeição do modelo parlamentar em favor do totalitarismo.
Sob esse nome, existiram muitos modelos políticos com traços específicos, mas que mantinham afinidades entre si.
Fundamentos Ideológicos do Fascismo
- Nacionalismo: A nação se tornou o verdadeiro catalisador do fascismo, um nacionalismo extremo e excludente.
- Irracionalismo: Rejeição do pensamento filosófico do Iluminismo, influenciado por autores como Schopenhauer e Nietzsche, com ideias como a "vontade de poder" e o "super-homem".
- Decadência: Corrente cultural que criticava os valores do liberalismo burguês, com uma visão pessimista e elitista.
- Darwinismo Social: Aplicação das teorias de Darwin sobre a seleção natural na esfera social.
- Corporativismo: Concepção da sociedade como uma organização baseada em corporações, negando a luta de classes e unindo trabalhadores e empregadores em uma única organização.
- Futurismo: Apropriação de algumas abordagens do futurismo, como a desumanização da era da mecanização.
Características do Fascismo
Características Políticas
- Rejeição da democracia liberal e parlamentar.
- Anti-marxismo.
- Supremacia do Estado.
- Nacionalismo expansionista, agressivo e militarista.
- Partido único, cujos interesses se identificavam com os do Estado.
- Líder carismático (Führer na Alemanha, Duce na Itália).
Características Econômicas
- Autarquia: Os outros países são vistos como inimigos.
- Superioridade imperial da nação.
- Programas de obras públicas para reduzir o desemprego.
- Economia de guerra, com foco na construção de armas.
Características Sociais e Culturais
- Controle profundo da sociedade, forçada a se enquadrar em associações relacionadas ao partido único.
- Elitismo: Uma sociedade hierarquizada.
- Busca por bodes expiatórios para explicar os males da nação.
- Controle da mídia, utilizando-a para fins de propaganda.
- Uso da violência para reprimir qualquer oposição.
O Fascismo Italiano
Crise Sociopolítica na Itália
- Distúrbios pós-Primeira Guerra Mundial: A Itália não concordou com os tratados de paz, pois queria mais territórios.
- Crise do sistema democrático: Dificuldade na criação de novos partidos políticos, o que foi aproveitado pelos fascistas.
- Crise econômica: A Itália demorou a se recuperar da Primeira Guerra Mundial devido às atividades pré-revolucionárias de empresários e trabalhadores.
- Medo da revolução: A vitória dos bolcheviques aumentou o descontentamento, pois as pessoas temiam perder seus investimentos e poder de compra.
- Distúrbios trabalhistas: Greves de empresas e trabalhadores para protestar contra a falta de salários e direitos.
A Tomada do Poder
O fascismo na Itália nasceu em 1919, quando Benito Mussolini criou as primeiras milícias fascistas. Ele se apresentou às eleições e, embora os resultados não tenham sido bons, havia pessoas insatisfeitas com a situação da Itália. Em 1921, criou o Partido Nacional Fascista, cujos membros tinham a missão de destruir a esquerda e os comunistas. Cada vez mais pessoas apoiaram o partido fascista, de pessoas comuns a latifundiários. Em 1922, Mussolini organizou a Marcha sobre Roma, reunindo todos os seus apoiadores. Tanto o Exército quanto o rei concordaram com isso, e, devido às pressões, o rei cedeu o poder a Mussolini.
O Regime Fascista
Uma vez no poder, Mussolini tomou medidas para acabar com a democracia e se tornar ditador:
- Violência política como meio de impedir qualquer tipo de oposição.
- Em 1924, assassinou o líder dos socialistas, ameaçando todos os que eram contra o governo.
- Após o fechamento do parlamento em 1925, iniciou-se a ditadura na Itália, que durou até 1943.
- O Partido Nacional Fascista era o único partido na Itália, e somente seus membros podiam votar nas eleições.
- Mussolini assinou um documento com o Papa, permitindo que a Igreja controlasse a educação na Itália em troca de aceitar a ditadura.
- O modelo socioeconômico era baseado no corporativismo, um sistema de organização obrigatória que regulamentava a vida econômica e social.
- A economia protecionista focava principalmente na indústria e em grandes explorações agrícolas, direcionando a economia para a produção de armas.
Origens do Nacional-Socialismo (Nazismo)
A Alemanha foi a grande derrotada na Primeira Guerra Mundial e a mais humilhada na Paz de Versalhes. O desgaste progressivo e a constante instabilidade terminaram com a chegada do partido nazista ao poder. O nazismo se tornou a mais agressiva das ideologias fascistas.
A Crise do Pós-Guerra
Para entender a ascensão do nazismo, é preciso compreender dois fatores-chave:
- A dureza excessiva do Tratado de Versalhes, que culpava a Alemanha pela Primeira Guerra Mundial:
- As condições de paz forçaram a Alemanha a pagar compensações econômicas muito elevadas.
- Foram impostas severas condições territoriais, dividindo a Alemanha por quase toda a Europa.
- Os políticos da nova República de Weimar foram considerados traidores por terem aceitado os termos do Tratado de Versalhes.
- A melhoria da situação econômica desde 1924, especialmente após a aplicação do Plano Dawes, foi interrompida pela crise econômica de 1929.
A Criação do Nazismo
Em 1920, Adolf Hitler entrou no Partido dos Trabalhadores Alemães. Seu programa de 25 pontos continha todos os objetivos do Nacional-Socialismo:
- Rearmamento militar.
- Antissemitismo, xenofobia e racismo.
- Antiparlamentarismo e antimarxismo.
Em 1921, Hitler se tornou o chefe do partido nazista e iniciou uma mudança na estratégia para ganhar o poder através do controle das ruas e da violência, criando as SA, encarregadas de reprimir comunistas e socialistas. Em 1923, tentou um golpe de estado, mas foi preso. Na prisão, concluiu que o caminho para o poder passava pelos votos. Quando a crise de 1929 atingiu a Alemanha, Hitler estava pronto para assumir o cargo de chanceler, três anos depois.
A Ascensão ao Poder
O funcionamento do partido nazista precipitou o colapso da República de Weimar. Apoiado por uma linguagem antijudaica, pela vingança da derrota militar e pelos efeitos da crise econômica, o partido nazista aumentou seu apoio.
A crise política culminou com a nomeação de Hitler como chanceler da Alemanha em 30 de janeiro de 1933.
Os Nazistas no Poder
O Estado Nacional-Socialista
Após ser nomeado chanceler, Hitler iniciou uma política de destruição da democracia. Sua obtenção de plenos poderes foi realizada através de uma série de eventos:
- O incêndio do Reichstag: O incêndio do edifício do Parlamento alemão foi atribuído aos comunistas, mas na verdade foram os próprios nazistas que o incendiaram para suspender os direitos democráticos.
- Novas eleições foram realizadas para o Parlamento, onde os nazistas obtiveram a maioria, permitindo a aprovação de um projeto de lei com plenos poderes. Qualquer um que pertencesse a outro partido ou fosse contra o nazismo era capturado ou morto.
- Criação da Gestapo, que, juntamente com as SA, criou um clima de terror nas ruas e bairros.
- A suástica se tornou o símbolo da propaganda do nazismo, e o terror era o modo pelo qual os nazistas controlavam a população alemã.
- Noite das Facas Longas: Assassinato de membros da SS e dos principais líderes da SA.
- Após a morte de Hindenburg, Hitler assumiu todo o poder na Alemanha.
O nazismo tinha dois objetivos:
- Autarquia: Como as demais nações eram inimigas, a autarquia era a única maneira de garantir a independência nacional.
- Política externa agressiva: A Alemanha queria conquistar muitos outros territórios.
Racismo e Antissemitismo
O antissemitismo e o racismo eram os principais elementos ideológicos do totalitarismo nazista, servindo para a expansão de seu movimento e como estratégia de agitação social.
As posições antissemitas não eram novas na Europa, mas sua utilização na política sim. Hitler dizia que os judeus eram inimigos da Alemanha e culpados pela derrota na Primeira Guerra Mundial. Ele criou um sistema totalitário de segregação racial:
- Leis de Nuremberg (1935): Excluíam os judeus da sociedade alemã e proibiam o casamento com alemães, além de obrigá-los a pagar grandes somas de dinheiro para viver na Alemanha.
- Noite dos Cristais Quebrados: Ataque a muitas lojas judaicas.
- Após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o antissemitismo se tornou extremamente cruel, com o envio de judeus para campos de concentração, onde crianças e mulheres morriam e os homens eram forçados a trabalhar até a morte.
A derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial levou à condenação dos dirigentes alemães por crimes de genocídio.