Aspectos da Linguagem e TEL: Pragmática, Morfossintaxe e Léxico
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A Pragmática no TEL: Contexto do Papel da Linguagem
Linguística, Paralinguística e Extralinguística
Linguística: Relacionados
Discurso refere-se a uma série de frases faladas em uma conversa ou exibido em um discurso narrativo. Pode ser dividido em:
- Nível Macroestrutural
- Nível Microestrutural
A Organização Social do Discurso:
- Revezamento: (Macroestrutura das conversações) Início, Resposta.
- Tópica: (Gerenciamento do contexto linguístico) Início, Manutenção, Alteração, Fechamento.
- Correções: (Capacidade metapragmática) Reconhecimento de pausas, Reparação de quebras.
Aspectos Paralinguísticos:
- Prosódia
- Proxêmica
- Gestos
- Expressões Faciais
Aspectos Extralinguísticos:
Situação:
Na conversa que ocorre.
Participantes:
Refere-se a todos os envolvidos no ato de uma conversação:
- A) A manipulação de informação prévia sobre o tema da conversa.
- B) O papel de cada participante.
Alterações da Pragmática:
- Redução da qualidade/quantidade na gama de intenções comunicativas, usando formas não convencionais, mas com pouca informação.
- Dificuldade em assumir a perspectiva do outro ("Creep").
- Dificuldades na introdução/alteração/término de tópicos (pouco responsivo/sobre-iniciador).
- Falta de reparação/reconhecimento de quebras na comunicação.
- Prosódia alterada/alteração de padrões de proxêmica.
- Dificuldades em transformar gestos e expressões faciais (excessivo/pobre/inadequado).
- Contato visual ruim/ausente.
Alterações Pragmáticas no TEL:
- Estudos iniciais sugerem que as alterações neste nível são explicadas como resultado de alterações de linguagem formal.
- Subsequentemente, demonstram-se alguns problemas pragmáticos que parecem aumentar à medida que aumentam a compreensão de problemas e as demandas de processamento linguístico.
- Afiguram-se também algumas dificuldades de crianças com TEL em capturar mensagens emocionais inconsistentes.
- Não temos nenhuma evidência clinicamente significativa de problemas na interação social.
- Na conversa, conclui-se que é mais afetada nas crianças com TEL, com baixos rendimentos a nível da compreensão. Crianças com TEL misturadas com SLI diferem das crianças com TEL expressiva em aspectos como: interrupção do parceiro adulto, menor uso de conexões, mais junções conjuntivas de um pequeno léxico, pronomes e conjunções de ......
Morfossintaxe: Morfologia e Sintaxe
Morfologia e sintaxe são duas dimensões que representam as regras que regem o idioma e, juntamente com a fonologia, constituem a forma da linguagem.
Padrões Evolutivos do Desenvolvimento Morfossintático:
- Pré-Linguagem
- Primeira Língua
- Expansão Gramatical
- Desenvolvimento Sintático
- Últimas Aquisições
Estágio de Pré-Linguagem:
- 0-6 meses: Vocalizações não linguísticas, biologicamente condicionadas. Pouca influência da linguagem sobre os aspectos produtivos.
- 6-9 meses: As vocalizações começam a ter um significado comunicativo determinado pela entonação, prosódia, ritmo, etc.
- 9-10 meses: Preconversação: a criança vocaliza mais durante os intervalos deixados pelo adulto.
- 1-12 meses: Inclui algumas palavras conhecidas. Suas vocalizações são mais precisas e controladas em tom e intensidade. Reúne sons e sílabas repetidas à vontade.
Precursores da Linguagem:
Linguagem, Conteúdo, Forma, Uso Pragmático.
Precursores do Uso Pragmático:
- Contato visual
- Sorriso social
- Olhar mútuo
- Padrões de protoconversações
- Interações comunicativas
Precursores de Conteúdo:
- Atenção para diferentes objetos visuais e auditivos
- Permanência do objeto
- Percepção e atenção ao próprio corpo
- A relação entre os objetos
- Início do simbolismo
Precursores da Forma:
- Atenção aos sons da linguagem oral e do ambiente.
- Localização de estímulos sonoros.
- Identificar diferentes sons.
- Reação à imitação de sons.
- Reação aos padrões de entonação e linguagem adulta (prosódia).
- Vocalizações involuntárias.
- Vocalizações intencionalmente longas e variadas.
- Jargão e imitações de sílabas e palavras.
Primeiro Desenvolvimento Sintático:
- 12-18 meses: Primeiras palavras surgem, com recursos de extensão semântica.
- 18-24 meses: Aparecem as primeiras declarações de dois elementos, com inflexões e o uso de frases negativas através de "NÃO".
- 24-30 meses: Período do discurso telegráfico. Exibidas as palavras-chave - função. Não é com a expressão de substantivos e verbos. Por exemplo: "comer pão mamãe".
Expansão Gramatical:
- 30-36 meses: A estrutura da frase torna-se mais complexa, atingindo estruturas combinadas de 4 elementos. Surgem as primeiras frases coordenadas (ex: "Papai e mamãe"). Aparecem os primeiros artigos, advérbios, e o uso de gênero e número.
- 36-42 meses: As crianças aprendem a estrutura das frases complexas sobre uma cláusula com o uso frequente da conjunção "e". Subordinadas aparecem com "mas", "e porque" e usam "o quê". Marcadores interrogativos. Uso de auxiliares como "ser" e "ter". Uso de perífrase de futuro (Ex: "Eu vou..."). Nesta idade, as crianças já aprenderam os recursos essenciais de sua língua, mas ainda cometem erros em relação ao padrão adulto.
- 42-54 meses: As diversas estruturas gramaticais são complementadas pelo sistema pronominal. Detecta-se uma fase de erros sintáticos e morfológicos. Estruturas passivas aparecem (depois, então, também...). Uso correto dos tempos principais: presente, passado, futuro. Aparecem diferentes modos de reivindicação da fala, negação, interrogação. Aumenta o domínio das preposições.
- 54 meses: Aprendem estruturas de frases mais complexas (passiva, tempo, condição circunstancial). Uso da voz passiva e conexões verbais. Por volta dos seis anos, o uso da linguagem (anedotas, adivinhas).
Algumas Aquisições Após os Seis Anos (Crystal):
- Aumento da produção.
- Melhor uso de pronomes possessivos.
- Advérbios e preposições de tempo e espaço.
- Uso adequado dos tempos verbais.
- Mudança consistente na ordem normal dos elementos das frases para dar ênfase.
Características Proeminentes da Aquisição:
Artigos:
Início precoce, sendo usados inicialmente de forma indeterminada. Após 3 anos, são utilizados corretamente, de acordo com as marcações de gênero e número.
Pronomes:
Para dominar essa categoria (Muñoz, 1986), observa-se que é um processo longo e determinado por características morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticas. Os primeiros a aparecer são os pronomes "eu" e "você", e por volta dos 3 anos, os de terceira pessoa. Durante este processo, a redundância está presente (ex: "o meu eu").
Preposições:
(Gaya, 1972) Aos 4 anos de idade, as preposições consolidadas são: "a", "com", "em", "para". Outras são utilizadas: "entre", "mesmo sem", "de", "para".
Conjunções:
(Gaya, 1972) Conjunções são pouco utilizadas pelas crianças. As coordenadas são: "e", "mas". E entre as de subordinação: "a de que", "com medo", "porque", "bem", e "sim".
Verbos:
(Clemente, 1985) Aquisição de formas verbais: A) As formas verbais utilizadas pela primeira vez são as restritas e o indicativo. Posteriormente, pretéritos (4-5 anos) e, por último, o futuro (em paráfrase), não mais de 7 anos. Erros comuns: regularização de formas irregulares.
Gênero e Número de Marcadores:
(Vila, 1990) Segundo ele, o aparecimento de marcadores precoces é aos dois anos, mas com erros. Os erros mais frequentes são em substantivos não quantificáveis (areia, água) ou erros de concordância. Os erros são mais frequentes, pareados por sexo.
Mecanismos para a Aquisição da Morfossintaxe na Infância:
Erros morfológicos e sintáticos representam o núcleo do TEL. Por conseguinte, é necessário considerar os dois aspectos como adquiridos na criança.
- Teorias Explicativas (Teorias "Out-Out"): Destacam a natureza modular da aquisição da linguagem a partir da existência de mecanismos inatos. Assim, a aquisição seria uma descoberta mais do que uma construção ou apropriação de instrumentos simbólicos.
- Teorias "Exterior-Dentro": Defendem um papel ativo na aquisição da linguagem infantil (perspectiva cognitiva) e um papel de suporte do ambiente linguístico (teorias baseadas na interação social). A linguagem é uma ferramenta que se desenvolve com a interação do meio ambiente.
Problemas Lexicais no TEL
A existência de um léxico mental onde as palavras são representadas, armazenadas e recuperadas. Essas representações são variadas: fonológicas, ortográficas, morfológicas, sintáticas, semânticas e termos associados. É fundamental compreender como a mente armazena e organiza as palavras, e o que fazer com uma criança que apresenta problemas na compreensão da linguagem. As explicações abaixo são baseadas na revisão de Belinchón, Reviere, Igoa (1992) e Bosch e Costa (1999).
Organização do Léxico Mental:
Existem dois eventos que são exemplos de significante e significado que nem sempre estão disponíveis no momento:
- Ouvir as palavras antes de terminar de contar ao parceiro, sabendo qual é o fenômeno.
- Ter a palavra "na ponta da língua".
As Representações Mentais Lexicais:
- Representação Fonológica: Especifica os sons que compõem a palavra, a ordem em que estão, seu padrão de estresse e está intimamente relacionada com a estrutura silábica.
- Representação Ortográfica: É como a palavra é reconhecida pela escrita (grafemas).
- Representação Morfológica: Constituída por unidades sublexicais ("des-ero") e especifica as formas de desvio que se encaixam na palavra e podem transformá-la em outra categoria gramatical (ex: "amor" - "agradável").
- Representação Sintática: A categoria gramatical que especifica a palavra.
- Significado: Refere-se a um conjunto de traços semânticos, mais ou menos complexos.
- Lista de Termos Relacionados com a Palavra: Tem relação explícita com o que é afirmado e esta lista é caracterizada por ser grande e variável em cada disciplina.
Organização do Léxico Mental: Etapas do Processo de Decodificação
- Uma pessoa ouve uma palavra e realiza uma análise fonológica que lhe permite identificar os segmentos distintos que a compõem.
- Após a análise fonológica, o resultado pode ser combinado com as representações armazenadas no léxico mental.
- Reconhecida a forma fonológica, a representação morfológica é disponibilizada, permitindo o acesso ao significado. Essas representações são chamadas de "entradas".
- As representações de "saídas" consistem na estrutura fonológica, na representação semântica e sintática que determinam onde a palavra se encaixa na frase.
Lista de Termos Relacionados:
Quando a representação lexical é formada, uma série de palavras relacionadas com a entrada lexical reconhecida é ativada.
Quanto maior o número de palavras conectadas, maior a compreensão verbal no texto ou na palavra falada.
Esta lista de termos relacionados nos permite entrar em contato com o conhecimento do mundo armazenado na memória de longo prazo.
Transtornos Lexicais no TEL:
- Ausência de novas aprendizagens de palavras.
- Erros de nomeação.
- Desaceleração.
- Erros em associações semânticas e/ou associações restritas.
Não Nomeação:
Não deve ser entendida como a não produção de palavras. É uma grande dificuldade na emissão da palavra apropriada em relação ao objeto, situação ou pessoa. Clinicamente, há ausência de emissão de palavras espontaneamente ou por repetição.
Aprendizagem Lenta de Palavras Novas:
No início da aprendizagem de uma palavra, crianças com TEL podem manifestar uma ausência precoce da nomeação, onde ocorre o fenômeno da "explosão de palavras", ou um atraso cronológico. No entanto, apresentam características únicas, como a manutenção de um abrandamento na aprendizagem de novas palavras.
Erros de Nomeação:
São erros na identificação e produção de uma palavra. Falhas na construção da representação fonológica de palavras e erros semânticos. Nas associações semânticas e/ou associações restritas, observa-se dificuldade em estabelecer a relação entre as palavras que constituem as categorias semânticas.
Dificuldades de Aprendizagem de Palavras no TEL:
As dificuldades de aprendizagem lexical desenvolvidas nesta fase de aquisição em crianças com TEL podem ser devido a:
- A) Déficits no desenvolvimento conceitual.
- B) Dificuldades fonológicas de extração e padrões recorrentes estáveis do discurso.
- C) Problemas de acoplamento de cada item com uma dessas formas fonológicas.
Sintomas de Alterações:
- Crianças com TEL tiveram pior desempenho em tarefas cognitivas não-verbais, como o jogo simbólico.
- Crianças com TEL apresentam mais problemas ao executar tarefas desconhecidas, o que é evidente em relação ao conjunto de novas declarações ou mais complexas.
- Crianças com TEL apresentam mais problemas em tarefas matemáticas e compreensão da linguagem escrita.
Conclusão:
- a) O fracasso das tarefas cognitivas não-verbais em crianças com TEL é discutido a partir de um déficit linguístico, e não de problemas no desenvolvimento conceitual.
- b) A redução do QI verbal em testes de inteligência é explicada pelo déficit linguístico.
- c) Crianças com SLI (TEL) usam palavras e frases para falar sobre o mundo; o problema é que aprendem mais devagar.
Portanto, a capacidade de utilizar símbolos abstratos para representar conceitos parece estar intacta em crianças com TEL.
As explicações para os transtornos de desenvolvimento do vocabulário em crianças com TEL seriam mais bem refletidas em:
- Incapacidade de extrair padrões fonológicos recorrentes e estáveis da fala.
- Dificuldades em acoplar formas fonológicas com os conceitos ensinados.