Atenção Farmacêutica e Gestão de Medicamentos: Guia Essencial

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Etapas do Processo de Atenção Farmacêutica

  1. Coleta de Dados: O paciente é entrevistado, obtendo-se seus dados pessoais e informações sobre seu estado de saúde.
  2. Avaliação da Informação: As informações são analisadas, separando-se a informação objetiva (obtida com a utilização de aparelhos) da subjetiva (fornecida pelo paciente).
  3. Formulação de um Plano: O farmacêutico trabalha com o paciente e estabelece um plano de cuidados.
  4. Implementação do Plano: Explica-se o plano ao paciente e coordena-se o fornecimento dos medicamentos e demais produtos de saúde.
  5. Controle e Acompanhamento do Plano: Estabelecem-se contatos regulares posteriores com o paciente, avaliando o progresso do tratamento e atualizando as informações.

Ações para Atenção Farmacêutica Efetiva no Brasil

  • As tecnologias devem ser adequadas e baseadas no acolhimento e nas necessidades dos usuários.
  • Avaliar a capacitação e o perfil do profissional farmacêutico para esta nova atividade e, se necessário, desenvolver estratégias para prepará-los e treiná-los.
  • Criação e validação, social e econômica, de modelo tecnológico de atenção farmacêutica.

Realidade da Atenção Farmacêutica no Brasil

A realidade da atenção farmacêutica no Brasil aponta para a necessidade de:

  • Tecnologias adequadas, baseadas no acolhimento e nas necessidades dos usuários.
  • Avaliação da capacitação e do perfil do profissional farmacêutico para esta nova atividade, com desenvolvimento de estratégias para prepará-los e treiná-los, se necessário.
  • Criação e validação, social e econômica, de modelos tecnológicos de atenção farmacêutica.

Diretrizes da Política Nacional de Medicamentos (PNM)

  • Adoção da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME).
  • Regulação sanitária de medicamentos.
  • Promoção do uso racional de medicamentos.
  • Desenvolvimento científico e tecnológico.
  • Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos.

Fundamentos da Reorientação na Assistência Farmacêutica

Os fundamentos da reorientação na assistência farmacêutica incluem:

  • Descentralização da gestão.
  • Promoção do acesso e uso racional de medicamentos.
  • Otimização da eficácia das atividades envolvidas na assistência farmacêutica.

Problemas na Assistência Farmacêutica (Gerência Técnica)

Cinco problemas que contribuíram para a desorganização da assistência farmacêutica, observados na avaliação da gerência técnica, são:

  • Ausência de área de assistência farmacêutica no organograma de grande parte das secretarias municipais de saúde e algumas secretarias estaduais.
  • Grande fragmentação das atividades do ciclo de assistência farmacêutica, além de sérias dificuldades na operacionalização de várias delas.
  • Dificuldades técnicas, administrativas e operacionais no gerenciamento dos recursos financeiros.
  • Recursos humanos insuficientes.
  • Superposição de serviços e atividades.

Plano de Ação para Assistência Farmacêutica: Fundamentos e Eixos

Principais Fundamentos:

  • Acesso aos medicamentos essenciais e promoção do seu uso racional.
  • Desenvolvimento de atividades voltadas ao processo de reorientação da assistência farmacêutica, focado na atenção básica, consolidando a sintonia do plano de ação com a Política Nacional de Medicamentos (PNM).

Objetivo Geral:

  • Formular e desenvolver projetos, programas, atividades e/ou serviços que viabilizem a organização do SUS e, consequentemente, da PNM.

Cinco Eixos do Plano:

  1. Ampliação da capacidade de gestão e gerenciamento.
  2. Desenvolvimento de recursos humanos.
  3. Estudos e pesquisas de avaliação.
  4. Estratégias para implementação da Política Nacional de Medicamentos.
  5. Cooperação internacional.

Implementação da Atenção Farmacêutica em Farmácias

Aspectos Necessários:

  1. Espaço: Dentro da farmácia ou drogaria, deverá haver um espaço destinado à entrevista do paciente pelo farmacêutico.
  2. Ferramentas Necessárias:
    • Computador: Fundamental para agilidade no atendimento e para transmitir confiança no trabalho.
    • Impressora: Necessária para imprimir dados do paciente, especialmente a autorização de coleta de dados.
    • Software: O uso de software adequado auxilia na atenção farmacêutica.
    • Literatura Adequada: Pode-se ter acesso a DEF, livros de farmacologia, sobre interações medicamentosas, artigos, etc.
  3. Oferta do Serviço: Deve-se oferecer este serviço, em especial, a pacientes diabéticos, hipertensos e com colesterol alto.

Métodos Utilizados:

  1. SOAP: (Subjetivos, Objetivos, Avaliação e Plano)
  2. PWDT: (Pharmacist Workup of Drug Therapy)
  3. TOM: (Therapeutic Outcomes Monitoring)
  4. Método Dader de Seguimento Farmacológico.

Etapas da Assistência Farmacêutica (Ordem Cronológica)

  1. Seleção: Etapa fundamental para a implantação de uma política de medicamentos essenciais. Baseia-se em critérios de eficácia, segurança e custos, devendo atender aos medicamentos essenciais.
  2. Programação: Estabelece a quantidade de medicamentos que serão usados em um determinado período de tempo, levando em consideração o perfil epidemiológico e o consumo histórico.
  3. Aquisição: É o ato da compra, buscando os produtos desejados com a qualidade necessária, pelos melhores preços e com a agilidade que o sistema requer.
  4. Armazenagem: Garante a eficácia, segurança e qualidade em todas as etapas (produção, comercialização, armazenamento e estocagem).
  5. Distribuição: Garante a disponibilidade dos medicamentos em todos os locais de atendimento ao usuário, assegurando a qualidade do produto desde o recebimento até sua entrega ao usuário. Deve ser rápida, segura, transportada adequadamente e com sistema de informação e controle eficiente.
  6. Dispensação: Assegura que o medicamento de boa qualidade seja entregue ao paciente certo, na dose prescrita, na quantidade adequada, e que sejam fornecidas as informações suficientes para o uso correto.
  7. Farmacovigilância: Detecta, avalia e procura compreender efeitos adversos e outros problemas relacionados a medicamentos.

Interação Medicamentosa: Definição, Tipos e Categorias

Definição de Interação Medicamentosa:

É uma resposta farmacológica ou clínica, causada pela combinação de medicamentos, diferente dos efeitos de dois medicamentos administrados individualmente. O resultado final pode aumentar ou diminuir os efeitos desejados e/ou os eventos adversos.

Objetivos da Interação Medicamentosa (quando benéfica):

  • Potencializar os efeitos terapêuticos.
  • Diminuição de efeitos colaterais.
  • Diminuição de doses terapêuticas.
  • Prevenção de resistência.

Tipos de Interação Quanto à Natureza:

  • Físico-química.
  • Farmacodinâmica.
  • Farmacocinética.

Categorias das Interações Medicamentosas:

  • Sinérgica: Quando os efeitos combinados de dois medicamentos são maiores que a soma dos efeitos individuais.
  • Antagônica: Quando o efeito resultante é menor que a combinação dos efeitos dos dois medicamentos isolados, ou quando a interação resulta na anulação parcial ou completa das propriedades farmacológicas.

Definições Específicas:

  • Medicamento Objeto: É o medicamento cuja ação é afetada.
  • Medicamento Precipitante: É o medicamento que precipita a interação.

Exemplos de Interações Farmacocinéticas

  1. Absorção:

    Os efeitos quelantes da tetraciclina sobre o cálcio, reduzindo a absorção do antimicrobiano.

  2. Distribuição:

    A interação que ocorre entre hidrato de cloral e a varfarina, quando administrados concomitantemente. Nesta situação, o hidrato de cloral pode ocasionar o deslocamento da varfarina de seus sítios de ligação nas proteínas plasmáticas, promovendo elevação das concentrações plasmáticas de varfarina.

  3. Metabolismo:

    Pode-se citar como exemplo a indução da metabolização dos hormônios anticoncepcionais etinilestradiol e levonorgestrel por fenitoína ou carbamazepina, podendo resultar em perda do efeito contraceptivo em mulheres que utilizam os medicamentos concomitantemente.

  4. Eliminação:

    É o aumento da toxicidade do lítio, quando utilizado concomitantemente com a furosemida, pois a atuação do diurético sobre o transporte renal de sódio irá promover retenção de lítio com consequente toxicidade.

Farmacovigilância, Eventos e Reações Adversas

  • Farmacovigilância: Ciência relativa à detecção, avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos adversos ou outros problemas relacionados a medicamentos.
  • Reação Adversa a Medicamento (RAM): É o efeito nocivo, não intencional e indesejado de uma droga, observado com doses terapêuticas habituais em seres humanos para fins de tratamento, profilaxia ou diagnóstico.
  • Evento Adverso: Qualquer ocorrência médica não desejada que pode acontecer durante um tratamento com um produto farmacêutico, mas que não tenha necessariamente uma relação causal com o tratamento.

Notificação Voluntária em Farmacovigilância

Definição:

É um ato universalmente adotado na farmacovigilância que consiste na coleta e comunicação de reações indesejadas manifestadas após o uso dos medicamentos. O notificador deverá comunicar não só as suspeitas de reações adversas, mas também as queixas técnicas relativas ao medicamento.

O que deve ser notificado:

  • Medicamentos: Qualquer desvio de qualidade, embalagem, rótulo, cor, odor, falta de eficácia terapêutica e, principalmente, reações adversas ao medicamento.
  • Eventos: Qualquer evento ligado à prescrição incorreta, administração incorreta, incidentes, má utilização de materiais e equipamentos ou contaminação. Eventos estes que podem ter ou não ocasionado prejuízos ao paciente.

Definições de Erros de Medicação

  • Erros de Medicação: Qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, pode levar ao uso inadequado de medicamento.
  • Erros de Prescrição: Erro de prescrição com significado clínico, definido como um erro de decisão ou de redação, não intencional, que pode reduzir a probabilidade do tratamento ser efetivo ou aumentar o risco de lesão no paciente.
  • Erros de Dispensação: É definido como o desvio de uma prescrição médica escrita ou oral, incluindo modificações escritas feitas pelo farmacêutico após contato com o prescritor ou cumprindo normas ou protocolos preestabelecidos.

    Exemplo: No carro de emergência na unidade, no local destinado à adrenalina, encontrava-se atropina.

  • Erros de Administração: Qualquer desvio no preparo e administração de medicamentos mediante prescrição médica, não observância das recomendações ou guias do hospital ou das instruções técnicas do fabricante do produto.

    Exemplos: Administração de medicamento não prescrito, administração de medicamento ao paciente errado, administração de medicamento errado.

Diferença entre Erros de Medicação e Reações Adversas

Os eventos adversos preveníveis e potenciais relacionados a medicamentos são produzidos por erros de medicação. A possibilidade de prevenção é uma das diferenças marcantes entre as reações adversas e os erros de medicação. A reação adversa a medicamento é considerada um evento inevitável, ainda que se conheça sua possibilidade de ocorrência, enquanto os erros de medicação são, por definição, preveníveis.

Classificação dos Erros de Medicação

Os erros de medicação são classificados em categorias que abrangem:

  • Informação relacionada ao paciente.
  • Informação relacionada ao medicamento.
  • Comunicação relacionada aos medicamentos.
  • Rotulagem, embalagem e nome dos medicamentos.
  • Dispensação.
  • Armazenamento.
  • Padronização dos medicamentos.
  • Aquisição, uso e monitoramento para administração de medicamento.
  • Fatores ambientais.
  • Educação e competência dos profissionais.
  • Educação do paciente.
  • Gerenciamento de risco e processo de qualidade.

Causas de Erros de Medicação

As causas de erros de medicação podem ser atribuídas a diversos fatores, incluindo:

  • Informação relacionada ao paciente.
  • Informação relacionada ao medicamento.
  • Comunicação relacionada aos medicamentos.
  • Rotulagem, embalagem e nome dos medicamentos.
  • Dispensação.
  • Armazenamento e padronização dos medicamentos.
  • Aquisição, uso e monitoramento de dispositivos para administração dos medicamentos.
  • Fatores ambientais.
  • Educação e competência dos profissionais.
  • Educação do paciente.
  • Gerenciamento de risco e processo de qualidade.

Classificação dos Erros de Dispensação

  • Erros de Rotulagem: São erros relacionados ao rótulo dos medicamentos dispensados que podem gerar dúvidas no momento da dispensação ou administração. Incluem erros de grafia nos rótulos e tamanho de letras que impedem a leitura, a identificação ou podem levar ao uso incorreto do medicamento.
  • Erros de Documentação: Relacionados à documentação de registro do processo de dispensação, como, por exemplo, ausência ou registro incorreto da dispensação de medicamentos controlados, falta de data na prescrição, falta de assinatura do prescritor ou do dispensador, dentre outros.
  • Erros de Conteúdo: São aqueles referentes ao conteúdo da dispensação, ou seja, relacionados aos medicamentos que estão prescritos e serão dispensados.

Procedimentos Seguros para Armazenamento e Dispensação

No mínimo 5 procedimentos seguros para armazenamento e dispensação de medicamentos:

  1. Armazenar em local seguro e diferenciado os medicamentos potencialmente perigosos, que podem causar erros desastrosos, utilizando identificação e sinais de alerta.
  2. Desenvolver e implantar procedimentos meticulosos para o armazenamento dos medicamentos.
  3. Reduzir distrações, projetar ambientes seguros para dispensação e manter um fluxo ótimo de trabalho.
  4. Comparar o conteúdo da dispensação com as informações da prescrição.
  5. Educar e aconselhar o paciente sobre os medicamentos que utiliza.
  6. Manter a prescrição e a medicação dispensada juntas durante todo o processo de dispensação.

Conceitos em Farmacologia e Reações a Medicamentos

  • Superdosagem Relativa: Quando um fármaco é administrado em doses terapêuticas, mas, apesar disso, suas concentrações são superiores às habituais, fala-se em superdosagem relativa.
  • Efeitos Colaterais: São inerentes à própria ação farmacológica do medicamento, porém seu aparecimento é indesejável em um momento determinado de sua aplicação. É considerado um prolongamento da ação farmacológica principal do medicamento e expressa um efeito farmacológico menos intenso em relação à ação principal de uma determinada substância.
  • Efeitos Secundários: São aqueles devidos não à ação farmacológica principal do medicamento, mas como consequência do efeito buscado. Por exemplo, a tetraciclina, um antimicrobiano de ação bacteriostática, poderá depositar-se em dentes e ossos quando utilizada na pediatria.
  • Idiossincrasia: Reações nocivas, às vezes fatais, que ocorrem em uma minoria dos indivíduos. Definida como uma sensibilidade peculiar a um determinado produto, motivada pela estrutura singular de algum sistema enzimático.
  • Hipersensibilidade Alérgica: Para sua produção, é necessária a sensibilização prévia do indivíduo e a mediação de algum mecanismo imunitário.
  • Tolerância: É o fenômeno pelo qual a administração repetida, contínua ou crônica de um fármaco ou droga na mesma dose diminui progressivamente a intensidade dos efeitos farmacológicos, sendo necessário aumentar gradualmente a dose para poder manter os efeitos na mesma intensidade.

Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPPs)

Alguns medicamentos apresentam maior potencial de provocar lesão grave nos pacientes quando ocorre falha em seu processo de utilização. Tais medicamentos foram denominados como Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPPs).

As consequências clínicas dos erros de medicação com MPPs no âmbito hospitalar podem ser mais significativas do que em nível ambulatorial, considerando-se a complexidade e agressividade dos procedimentos terapêuticos adotados em hospitais.

Exemplos de MPPs:

  • Agonistas adrenérgicos intravenosos (ex: epinefrina, norepinefrina).
  • Anestésicos gerais, inalatórios e intravenosos (ex: propofol, cetamina).
  • Varfarina.

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