Atuação Farmacêutica: Casos Clínicos, Erros e Boas Práticas

Classificado em Medicina e Ciências da Saúde

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Caso 1: Uso Inadequado da Pílula do Dia Seguinte

Paciente K.L.G.S., mulher, 19 anos, procurou o farmacêutico por ter vida sexual ativa. A conduta farmacêutica, neste caso, pode ser considerada inadequada por alguns motivos. O uso excessivo da pílula do dia seguinte foi relatado pela paciente, que a utilizou quatro vezes em um único mês, o que não é recomendável. Esse tipo de contraceptivo deve ser utilizado apenas em situações de emergência, e o uso frequente pode causar alterações hormonais severas, como ciclos menstruais desregulados. O farmacêutico sugeriu o uso do anticoncepcional Primera 20 por ser "mais fraco", porém, a recomendação de contraceptivos orais combinados é de responsabilidade de um médico após uma avaliação clínica e individualizada. O farmacêutico não deveria prescrever ou indicar o uso de anticoncepcionais sem uma avaliação médica prévia. Além de não abordar de forma suficiente os riscos mencionados pela paciente, o farmacêutico também deveria ter enfatizado a necessidade de procurar um médico ginecologista para uma avaliação detalhada e prescrição de um método contraceptivo adequado.

Caso 2: Erro de Dispensação e Morte de Bebê

A situação descrita é grave e envolve um erro de dispensação em uma farmácia que, infelizmente, resultou na morte de uma criança. Para analisar essa situação sob a perspectiva das obrigações farmacêuticas, o caso envolveu a dispensação incorreta de um medicamento, onde um colírio para tratamento de glaucoma (tartarato de brimonidina) foi entregue em vez de um medicamento antiemético (bromoprida) prescrito para a criança. A troca de medicamentos por erro de dispensação é uma falha grave no exercício da profissão farmacêutica. O farmacêutico tem o dever de garantir que o medicamento dispensado seja o correto, conferindo a prescrição e a embalagem, e assegurando-se de que não haja confusão entre os nomes dos medicamentos, que neste caso são semelhantes, mas de classes terapêuticas completamente diferentes. Farmácias devem implementar sistemas rigorosos de controle de qualidade para evitar erros de dispensação, como a dupla conferência de medicamentos, o uso de sistemas informatizados de validação de receitas e a separação cuidadosa de medicamentos com nomes ou embalagens semelhantes.

Caso 3: Paciente Analfabeta e Adesão ao Tratamento

M.I.S., 75 anos, mulher, analfabeta, é portadora de hipertensão há 5 anos e diabetes mellitus tipo II há 2 anos. Para analisar a situação apresentada, é necessário considerar as condições clínicas da paciente (hipertensão e diabetes tipo II), a farmacoterapia prescrita e a maneira como a paciente está administrando seus medicamentos. O principal desafio é que M.I.S. é analfabeta, o que dificulta a compreensão adequada da prescrição médica. Portanto, o esquema de uso dos medicamentos deve ser simplificado e ilustrado para que ela possa seguir corretamente o tratamento. Para auxiliar a paciente M.I.S., a farmacêutica pode criar um esquema visual com horários, associando as caixinhas dos medicamentos a momentos do dia e utilizando *símbolos* ou *cores* que facilitem o entendimento. Como a paciente é analfabeta, seria útil que a farmacêutica utilizasse *etiquetas coloridas* ou *símbolos* para marcar as caixas dos medicamentos e os horários de administração. A farmacêutica deve garantir que a paciente compreenda a importância de seguir o esquema de forma rigorosa e reforçar a importância de manter uma dieta adequada e praticar atividades físicas.

Caso 4: Diagnóstico Farmacêutico e Encaminhamento Médico

Paciente M.B.C., homem, 45 anos, buscou ajuda do farmacêutico com sintomas como cansaço, visão embaçada e boca seca. O farmacêutico não tem autonomia para diagnosticar diabetes tipo 1, tipo 2 ou hipertensão, pois isso é responsabilidade de um médico, com base em exames clínicos e laboratoriais mais abrangentes. Informar ao paciente que ele tem diabetes tipo 1, apenas com base no teste de glicemia capilar, é inadequado, pois o teste rápido apenas indica uma hiperglicemia (açúcar elevado no sangue) e não é suficiente para determinar o tipo de diabetes ou estabelecer o diagnóstico definitivo. A conduta farmacêutica neste caso foi inadequada, com erros graves em termos de diagnóstico e orientação. A conduta correta envolve o encaminhamento do paciente para uma avaliação médica imediata, ajustes no tratamento com supervisão de um profissional de saúde, orientações adequadas sobre dieta e estilo de vida, e monitoramento contínuo da pressão arterial e glicemia. O farmacêutico deve atuar de forma colaborativa com outros profissionais de saúde, garantindo a segurança e o bem-estar do paciente.

Caso 5: Orientação Farmacêutica para Sintomas Leves

A veterinária Ana Lúcia (35 anos) visitou uma farmácia. A proposta envolve medidas sintomáticas com anti-histamínicos e lavagem nasal, evitando gatilhos ambientais e monitorando a evolução dos sintomas. A orientação adequada sobre o uso de descongestionantes e a reavaliação caso os sintomas persistam são fundamentais para garantir que Ana Lúcia receba o tratamento correto sem complicações.

A Importância da Anamnese Detalhada na Farmácia

A anamnese detalhada é fundamental para identificar corretamente se uma condição de saúde é autolimitada ou se pode evoluir para algo mais grave. Ao coletar um histórico clínico, o farmacêutico deve obter informações sobre a duração e a intensidade dos sintomas, antecedentes médicos, medicamentos em uso e possíveis fatores desencadeantes.

Autocuidado para Problemas de Saúde Autolimitados

O manejo domiciliar de problemas de saúde autolimitados envolve principalmente práticas que auxiliem no alívio dos sintomas e na recuperação mais rápida. Algumas orientações incluem:

  • Hidratação: Beber água e líquidos como chás e sucos para manter o corpo hidratado e ajudar no controle de febre e infecções leves.
  • Descanso: Essencial para que o corpo se recupere de condições como gripes, resfriados e dores musculares.
  • Medicação: O farmacêutico deve orientar o uso de analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios (como paracetamol ou ibuprofeno), sempre respeitando as doses indicadas para evitar efeitos adversos.
  • Outras Medidas: Compressas frias para febre, alimentação leve e evitar o consumo de álcool ou cigarro.

Essas medidas promovem o alívio dos sintomas e evitam a progressão de doenças simples.

Sinais de Alerta para Buscar Ajuda Médica

Embora muitos problemas de saúde autolimitados possam ser tratados em casa, alguns sintomas indicam a necessidade de intervenção médica imediata. Os principais sinais de alerta incluem:

  • Febre persistente ou muito alta: Febres que duram mais de 72 horas ou que ultrapassam 39°C podem indicar infecções mais graves.
  • Dificuldade respiratória: Qualquer problema relacionado à respiração, como falta de ar ou chiado, deve ser avaliado por um profissional de saúde.

Ao identificar esses sintomas, é importante que o paciente seja orientado a procurar atendimento médico para evitar complicações mais graves.

Consulta Farmacêutica: Etapas Iniciais e Consentimento

O farmacêutico deve começar explicando o propósito e a importância da consulta farmacêutica para o paciente. Ele pode destacar que essa consulta visa oferecer um atendimento personalizado, com foco na avaliação completa dos sintomas, identificação de possíveis causas e recomendação de tratamentos adequados. O farmacêutico deve garantir que o paciente compreenda que essa abordagem facilita o manejo seguro e eficaz de problemas de saúde, evitando o uso incorreto de medicamentos.

Manejo de Sintomas Leves na Consulta Farmacêutica

Se o farmacêutico determinar que os sintomas do paciente são leves e autolimitados, como febre moderada e dor no corpo devido a uma infecção viral, ele pode recomendar antitérmicos, como paracetamol ou ibuprofeno, para reduzir a febre e aliviar as dores. O farmacêutico deve orientar o paciente a manter-se bem hidratado, beber bastante água e chás, descansar adequadamente e consumir uma alimentação leve para evitar sobrecarga no organismo.

Exames de Rastreamento para Hipertensão e Diabetes

Para pacientes que tenham histórico de hipertensão e diabetes tipo II, o farmacêutico pode recomendar exames de rastreamento que auxiliam no monitoramento:

  • Medição regular da pressão arterial: Monitorar frequentemente os níveis de pressão arterial é crucial para garantir que a hipertensão esteja controlada, prevenindo eventos como AVC e insuficiência cardíaca.
  • Acompanhamento dos níveis de glicose no sangue: Permite verificar se o tratamento para diabetes está eficaz, prevenindo hiperglicemia ou hipoglicemia.

Caso 6: Rastreamento de Hipertensão em Carlos

Carlos, um homem de 48 anos, foi à farmácia comunitária. Ele relata que nunca foi diagnosticado com hipertensão e não realiza medições regulares da pressão arterial. Ao ser questionado sobre sintomas recentes, como dor de cabeça, tontura ou dificuldade respiratória, Carlos menciona dor de cabeça frequente, mas não tem outros sintomas associados. O farmacêutico investigou o histórico familiar e solicitou que Carlos ficasse atento a sintomas adicionais, como dor no peito e falta de ar, e procurasse atendimento médico imediato. O farmacêutico fez um esforço para garantir que Carlos entendesse a importância de buscar uma avaliação médica e implementar mudanças no estilo de vida que poderiam ajudar a controlar sua pressão arterial. O acompanhamento e monitoramento contínuo são essenciais para garantir que Carlos receba a avaliação e o tratamento adequados, prevenindo o desenvolvimento de hipertensão crônica e suas potenciais complicações.

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