Bactérias Chave em Doenças Periodontais e Endodônticas

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Porphyromonas

Para o início da doença periodontal, é essencial a presença de biofilme que coloniza as regiões entre a superfície do dente e a margem gengival, através de aderência e acúmulo. Os fatores etiológicos primários são microrganismos anaeróbios Gram-negativos.

P. gingivalis na Doença Periodontal

A colonização por este microrganismo resulta em lesão tecidual, através da produção de fatores de virulência e da desregulação dos sistemas imune e inflamatório do hospedeiro. Este microrganismo também está envolvido em abcessos periodontais e no insucesso da regeneração tecidual.

Natureza e Características Gerais da Bactéria

A Porphyromonas gingivalis é um coco-bacilo Gram-negativo anaeróbio estrito. Seu crescimento em meio de cultura forma colônias com 1-2mm de diâmetro, de cor escura.

Habitat e Aderência na Cavidade Oral

O habitat natural da P. gingivalis é a cavidade oral, com seu nicho ecológico principal sendo a região subgengival. A aderência da P. gingivalis ocorre através de uma camada de bactérias colonizadoras iniciais do esmalte e também por células eucarióticas, que fornecem substratos para a aderência.

Fatores de Virulência

A P. gingivalis utiliza diversos componentes bacterianos para conseguir aderência e causar patogenicidade:

  • Fímbrias: Apêndices finos capazes de aderir a uma variedade de componentes do hospedeiro, determinando a aderência bacteriana às mucosas e dentes.
  • Proteases: Fornecem nutrientes para o crescimento (aminoácidos, peptídeos, hemina) e incluem substratos para adesão a outras bactérias.
  • Lipopolissacarídeos (LPS): A P. gingivalis sintetiza LPS semelhantes aos de outras bactérias Gram-negativas, atuando como indutor de citocinas e quimiocinas derivadas do hospedeiro.
  • Proteinases: Envolvidas na invasão e destruição tecidual pela bactéria. Exemplos incluem a inativação dos inibidores das proteinases do plasma e a clivagem dos receptores de superfície celular.

Transmissão da Bactéria

A P. gingivalis é capaz de sobreviver por longos períodos no meio ambiente, o que facilita a transmissão entre pessoas. É provável que a transmissão ocorra através da saliva ou contato de mucosas. A P. gingivalis pode ser cultivada em saliva.

Diagnóstico e Mecanismos de Resistência

A cultura e identificação da P. gingivalis são realizadas por PCR e análise de ácido nucleico (especialmente na periodontite). Seu controle pode ser feito com uma combinação de cirurgia periodontal, terapia antibiótica e boa higiene oral.

Actinobacillus actinomycetemcomitans

Este microrganismo é caracterizado por ser um bacilo Gram-negativo, em formato de bastonetes, com parede celular composta por lipopolissacarídeos. Em contato com álcool/cetona, sua parede aumenta a permeabilidade. Não é esporulado, é anaeróbio e uma bactéria mesófila.

Presença de A. actinomycetemcomitans em Periodontite

Periodontite Agressiva

A forma localizada da doença periodontal é a mais associada à presença deste patógeno, com maior frequência em jovens. Caracteriza-se por uma rápida e severa perda óssea alveolar, mas com pouca quantidade de placa bacteriana e cálculo aderidos, e sinais mais elevados de inflamação dos tecidos periodontais.

Periodontite Crônica

Mais comum em adultos, esta patologia cresce lentamente e apresenta relação com a presença de irritantes locais.

Pacientes Fumantes

Amostras positivas de A. actinomycetemcomitans e o diagnóstico de periodontite moderada foram encontrados em maior percentual em pacientes fumantes. Contudo, não houve associação entre a presença da bactéria e a severidade da doença.

Importância na Etiologia da Doença Periodontal

A A. actinomycetemcomitans desempenha um papel significativo na etiologia da doença periodontal em diferentes faixas etárias:

  • Em crianças: É destrutiva, associada a níveis elevados de A. actinomycetemcomitans.
  • Em jovens: Encontrada em amostras de placa bacteriana subgengival, associada à periodontite agressiva localizada.
  • Em adultos: Relacionada à gengivite, periodontite agressiva e crônica.

Enterococcus faecalis

Este microrganismo participa ativamente na formação de biofilme, o que permite a colonização de superfícies inertes e biológicas. O biofilme protege contra agentes antimicrobianos, a ação de fagócitos e a invasão de células do hospedeiro. A Substância de Agregação (AS) é uma adesina bacteriana que realiza um contato eficiente entre o hospedeiro e o receptor bacteriano. Este contato depende de substâncias ligantes, codificadas por plasmídeos. A substância agregadora é de natureza proteica e sua expressão na superfície da célula pode ser induzida por soro. A AS tem sido responsável por promover adesão direta, indução de opsonina e tornar as cepas resistentes à fagocitose por meio de receptores do sistema complemento.

Participação na Infecção Endodôntica

A Enterococcus faecalis é frequentemente isolada de dentes com infecção pós-tratamento endodôntico e de canais radiculares. Sua presença não está relacionada à utilização de materiais obturadores específicos, mas sim à sua baixa sensibilidade a agentes antimicrobianos e à sua habilidade em inativá-los. Em casos clínicos, cepas de E. faecalis podem permanecer assintomáticas por não responderem a terapias endodônticas convencionais. É uma espécie comum em casos de infecções pulpares e periapicais recorrentes, e impede a liberação de enzimas hidrolíticas.

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