Biografia e Obra de Antonio Machado
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Antonio Machado: Vida e Obra
Biografia
Antonio Machado nasceu em Sevilha em 1875. Oriundo de uma família liberal, em 1883 mudou-se para Madrid. Estudou no Instituto Libre de Enseñanza, cujo espírito laico, progressista e tolerante marcou seu caráter. Em 1907, obteve a cátedra de Francês no Instituto de Soria, onde conheceu Leonor Izquierdo, com quem se casou em 1909. Em 1911, viajou para Paris e frequentou as aulas de filosofia de Henri Bergson, a quem admirava. Quando sua esposa adoeceu, regressou a Soria. Leonor morreu em 1912, e Machado, profundamente abalado, mudou-se para Baeza. Continuou a publicar poesia, estudos filosóficos e a desenvolver uma consciência política radical, em contato com a realidade miserável da Andaluzia.
Em 1919, mudou-se para o Instituto de Segóvia. Em 1928, conheceu Pilar Valderrama, com quem manteve um relacionamento amoroso secreto e a quem chamou poeticamente de Guiomar. Em 1931, ajudou a hastear a bandeira republicana na cidade de Segóvia e, no ano seguinte, mudou-se para Madrid. Durante a Guerra Civil, tomou partido pela causa republicana. Desde o final de 1936, viveu na aldeia valenciana de Rocafort, até que, em 1938, foi levado para Barcelona, onde continuou a escrever em favor da República. Gravemente doente, partiu para o exílio em janeiro de 1939 e, em 22 de fevereiro, morreu na França.
Obra Poética
Em 1903, publicou seu primeiro livro, Soledades, que foi reeditado com alterações em 1907 sob o título de Soledades. Galerías. Otros Poemas. Em 1912, surgiu Campos de Castilla. Seu último livro de poemas foi Nuevas Canciones, publicado em 1924. Posteriormente, foram publicadas sucessivas edições de suas Poesías Completas, que incluíam novos poemas. Na última edição, os poemas estão agrupados em quatro partes: Soledades, Campos de Castilla, Nuevas Canciones e Cancionero Apócrifo. Deve-se adicionar um quinto grupo, que são os poemas escritos durante a Guerra Civil.
Soledades, Galerías, Otros Poemas
Esta obra surge no auge do Modernismo, marcada pela melancolia e sofrimento. Os temas principais são: amor, tempo, solidão, perda da infância e sonhos. Machado pretende captar em sua poesia o que ele chama de "sentimento universal". Utiliza símbolos do mistério, do oculto (galerias, espelho de cristal, labirinto, fonte, rio, mar, jardim, outono), cujos significados são variados e, por vezes, mudam no mesmo texto. A fonte e a água que flui, por exemplo, são símbolos dos sonhos, mas também podem representar a monotonia da vida. Na segunda edição de 1907, são excluídos poemas superficialmente modernistas e acrescentados muitos novos. Enfatiza-se a linha intimista. A lembrança, a memória e o sono evocam o passado perdido. Incorporam-se novos símbolos, como as "galerias da alma", que sugerem o interior da consciência. Há uma sensação de angústia com a passagem do tempo e a chegada da morte. Em alguns poemas, surge também a figura de Deus, não racional, mas extremamente desejável. A realidade externa está imbuída do estado emocional do poeta.