Bioquímica Clínica: Enzimologia e Aplicações
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Bioquímica Clínica: Enzimologia e Aplicações no Diagnóstico
1) O que são Holoenzimas?
R: São enzimas conjugadas. A unidade é formada por apoenzimas (porção proteica) + coenzima (porção não proteica ou radical prostético).
2) Quais são as características de distribuição?
R: Intracelular - Alta concentração de enzimas, com alto grau de compartimentalização.
Extracelular - Baixa concentração de enzimas e, portanto, poucas apresentam atividade plasmática.
3) O que são Isoenzimas?
R: Múltiplas formas de uma enzima que possuem a capacidade de catalisar a reação característica da enzima, mas que diferem na estrutura por serem codificadas por genes estruturais diferentes ou não.
4) Quais são os fatores que alteram a velocidade de reações enzimáticas?
R: pH, temperatura, concentração das enzimas, concentração dos substratos, presença de inibidores.
5) A estabilidade de uma enzima ao pH depende de:
R: Temperatura, força iônica, natureza química do tampão, concentração de íons metálicos contaminantes, concentração de substratos ou cofatores da enzima, concentração da enzima.
6) Qual a diferença da ordem zero para primeira ordem?
Ordem zero - A velocidade da reação não depende da concentração do substrato, há um aumento de substrato.
De primeira ordem - A velocidade da reação depende da concentração do substrato, há uma proporção em formação do produto e concentração do substrato (diminuição do substrato).
7) O que é inibição não competitiva?
R: O inibidor não competitivo se liga reversivelmente, aleatória e independentemente em um sítio que lhe é próprio. O não competitivo não compete pelo sítio de ligação, nesse caso o Km é o mesmo, não se altera.
8) O que é inibição competitiva?
R: O inibidor competitivo concorre com o substrato (S) pelo sítio ativo da enzima (E) livre. Na inibição competitiva, volta a exercer a função máxima de 100% quando há um aumento no número de substrato.
9) O que é inibição incompetitiva?
R: O inibidor incompetitivo se liga reversivelmente, em um sítio próprio, ao complexo ES.
10) Quando há um infarto no miocárdio?
R: Quando há um infarto no miocárdio, as células são necrosadas (morrem) e a membrana da célula se rompe, extravasando tudo que tinha dentro das células. Por osmose, a corrente sanguínea leva tudo. Se caiu no sangue, boa parte também vai para a urina. Em pacientes diabéticos, os níveis de glicose se encontram em maior quantidade no sangue, mas tem tanta glicose que os rins não conseguem filtrar tudo, e a urina fica com glicose acumulada também. Para identificar, pode-se fazer exame de urina.
11) Critérios universais para diagnóstico do infarto no miocárdio (Tipo 1 e 2):
R: Dor no peito, alterações eletrocardiográficas, evidência por imagem de nova perda de miocárdio viável ou anormalidade motora regional miocárdica.
12) Tipo 3:
R: Morte cardíaca súbita e inesperada com parada cardíaca, frequentemente sugestivo de isquemia miocárdica, alterações eletrocardiográficas, evidência de trombo por angiografia coronária ou na autópsia, com morte ocorrendo antes da coleta do sangue ou antes do aparecimento de enzimas cardíacas no sangue.
13) Qual a diferença entre infarto, isquemia e cardiomiopatias?
R: Infarto - Lesão do tecido devido à perda do suprimento sanguíneo. O infarto agudo do miocárdio (IAM) ocorre quando uma das artérias coronárias é obstruída e promove necrose no tecido distal à oclusão.
Isquemia - Redução do suprimento sanguíneo para o tecido (miocárdio) em intensidade suficiente para impedir o seu funcionamento normal.
Cardiomiopatia - Grupo heterogêneo de alterações que têm em comum fatores tóxicos ou genéticos que afetam diretamente a contratilidade dos cardiomiócitos.
14) Diagnóstico do infarto do miocárdio:
Tipo 1 - Infarto do miocárdio espontâneo relacionado à isquemia devido a eventos coronários primários como fissura, erosão ou dissecção da placa aterosclerótica.
Tipo 2 - Infarto do miocárdio secundário à isquemia devido ao aumento da demanda ou diminuição do suprimento de oxigênio (ex: espasmo da artéria coronária, embolismo coronário, anemia, arritmias, hipertensão ou hipotensão).
Tipo 3 - Morte cardíaca súbita inesperada com sintomas sugestivos de isquemia miocárdica, acompanhada por novas elevações ST com morte anterior à coleta de sangue.
15) Quando o indivíduo tem infarto súbito do miocárdio?
R: Ele tem uma concentração maior de potássio no sangue, pois quando as células estão sendo necrosadas, elas se rompem e o potássio, que está dentro da célula, é liberado. Também há presença de macromoléculas como a mioglobina.
16) Os trombolíticos:
R: São fármacos que estimulam a conversão do plasminogênio inativo presente no sangue em plasmina ativa. Esta é uma enzima que degrada a fibrina, a proteína fibrilar que forma o trombo.
17) Tratamentos iniciais quando o indivíduo está infartando:
R: Aplicam-se trombolíticos e fibrinolíticos. Depois, faz-se toda a triagem e tratamento do indivíduo.
18) Por que o indivíduo que está infartando tem que receber atendimento imediato?
R: Pelos danos causados no miocárdio. Dependendo do tempo, podem ser reversíveis ou irreversíveis. O miocárdio, no infarto, tem perda de nutrientes, podendo não ser mais recuperado.
19) Creatina cinase (CPK ou CK):
R: Catalisa a fosforilação da creatina pelo ATP, formando fosfocreatina. A fosfocreatina é o maior componente fosforilado do músculo (8 vezes superior ao ATP). Quando o músculo se contrai, o ATP é consumido, formando ADP, e a CK catalisa a refosforilação do ADP em ATP, utilizando a fosfocreatina.
20) A enzima creatina cinase (CK):
R: Está associada com a geração de ATP nos sistemas contráteis ou de transporte. Por este motivo, está presente em níveis elevados no músculo esquelético, cérebro e tecido cardíaco.
21) Enzimas:
- CK-BB ou CK-1: Cérebro (acidente vascular cerebral). Auxilia o cérebro a refosforilar as enzimas de ATP.
- CK-MM ou CK-3: Músculo esquelético (distrofia de Duchenne, alcoolismo).
22) Métodos laboratoriais:
R: Eletroforese, imunoensaio.
23) Por que temos o maior número de CK3?
R: Porque temos muito mais músculos esqueléticos do que cardíacos. Mas a CK2 é mais importante e apresenta níveis elevados no sangue, sendo uma das primeiras a serem analisadas quando um indivíduo está infartando.
24) Qual a atividade da AST?
R: A atividade da AST eleva-se de 6 a 8 horas após o início da dor no peito e alcança valores máximos em 18-24 horas, retornando a níveis basais em 4-5 dias.
25) Marcadores cardíacos:
- Mioglobina - Marcador mais precoce, detectado entre 2 a 5 horas do infarto, porém, cai em 24 horas. Lesões musculares promovem falso-positivo e insuficiência renal (não excreta).
- Troponina - Marcador cardioespecífico da lesão miocárdica. Tem a desvantagem de surgir em média após 12 horas, mas se mantém elevada por mais de 10 dias.
26) Testes de função hepática:
- Triagem de anormalidades na função hepática.
- Documentar uma anormalidade, identificar o tipo e o local da lesão.
- Prognosticar e acompanhar pacientes com doença hepática.
27) O que é icterícia?
É uma síndrome caracterizada pela coloração amarelada de pele e mucosas devido a uma acumulação de bilirrubina no organismo (hiperbilirrubinemia).
28) Icterícia não conjugada:
R: Anemia hemolítica, síndrome de Crigler-Najjar.
29) O que é gama-glutamiltransferase (GGT)?
R: Catalisam a clivagem de peptídeos (aminoácidos ou pequenos peptídeos). A GGT presente no soro parece originar-se principalmente do sistema hepatobiliar e sua atividade mostra-se elevada em todas as formas de doença hepática.
30) Albumina:
É a principal proteína circulante no organismo humano e responsável, entre outras coisas, pelo transporte de substâncias (entre elas, medicamentos) pelo sangue, sendo o fígado o único responsável por sua síntese.
31) Cirrose:
Parênquima nodular e fibrose difusa, alcoolismo, drogas (medicamentos).
32) Hepatite crônica:
Paciente com doença hepática crônica, autoimune ou induzida por medicamentos.
Hepatite viral - Infecção viral: sangue contaminado, agulha. Pode ser do tipo A, B, C, D ou E.
Bioquímica da Função Renal
1) Qual a função dos rins?
R: Filtração de líquidos corporais, manter o equilíbrio de eletrólitos do corpo, regular o equilíbrio ácido-base, produção de eritropoietina e renina.
2) Qual o sistema renina-angiotensina-aldosterona?
- Angiotensinogênio
- Renina
- Angiotensina I
- Angiotensina II
- Angiotensina III
3) O que é hipernatremia?
R: Pode ser causada por diminuição na concentração de água no organismo.
4) O que é diabetes insipidus?
R: Falha na síntese ou ação do ADH (hormônio antidiurético).
5) O que é hipercalemia?
R: Maior concentração de potássio.
6) O que é hipoaldosteronismo?
R: Baixa concentração de aldosterona, baixa concentração de sódio, ocasionando um aumento nas concentrações de potássio.
7) O que são pseudohipercalemia?
R: São fundamentais em função da retirada mal feita do sangue do paciente. Quando, na hora da retirada do sangue do paciente, a punção for muito rápida, faz com que estoure as hemácias no fundo do tubo. As células estouram e liberam o potássio contido dentro das células.
8) O que é hiperaldosteronismo?
R: Aumenta a absorção de sódio.
9) O que é hipocloremia?
R: Alcalose metabólica, perdas gastrointestinais, vômito, diarreia.
10) Hipercloremia:
R: Acidose metabólica, administração de solução contendo cloreto.
11) O que é calemia?
R: Importante na manutenção da diferença de potencial (DDP) em células eletrorreguladoras. A insulina ativa a bomba de Na+/K+ ATPase.
12) O que causa acidose respiratória?
R: Qualquer condição que diminua a eliminação de CO2 pelos pulmões. Depressão do centro respiratório.
13) Alcalose respiratória:
R: Qualquer condição que aumente a eliminação de CO2 pelos pulmões.
14) O que causa alcalose metabólica?
R: Ingestão de base, vômito prolongado (perda de HCl) ou desidratação extrema.
15) O que é acidose metabólica?
R: Ingestão de ácido, produção de cetoácidos no diabetes descompensado ou disfunção renal (troca/acúmulo de H+ não decorrente do excesso de CO2).
16) O que é pielonefrite?
R: Invasão microbiana do parênquima e pelve renal levando à sintomatologia.
17) O que é insuficiência renal aguda?
Insuficiência renal aguda - Perda súbita da função renal, retenção de produtos catabólicos.
Pré-renais - Diminui o fluxo sanguíneo, vasoconstrição ou diminuição da pressão arterial (perfusão renal).
Pós-renais - Obstrução do fluxo urinário.
18) O que é hemoglobina glicada?
R: Traduz a média das glicemias dos três últimos meses, no máximo 1 ponto percentual acima do limite superior de referência laboratorial.
19) O que é proteinúria?
R: Grandes quantidades de proteínas na urina.
20) O que é cetonúria?
R: Diabetes mellitus, perda de carboidratos por vômitos, carência alimentar, redução de peso.
21) Quais são os cristais encontrados no pH alcalino?
R: Fosfato cristalino e carbonato de cálcio.
22) Quais são encontrados na urina normal?
R: Cistina, tirosina, leucina. (Nota: estes são, na verdade, *anormais* em urina)
23) Cristais encontrados no pH ácido:
R: Ácido úrico, oxalato de cálcio.
24) Quais são os cilindros encontrados?
- Cilindro leucocitário: Leucócitos.
- Cilindro hemático: Hemácias (infecção).
- Cilindro granuloso: Infecção no trato urinário.
- Cilindro hialino (Tamm-Horsfall): Exercício físico.