Bolhas Financeiras e Gestão de Riscos
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O governo francês reestruturou suas finanças, e os credores antigos tornaram-se donos de uma empresa monopolista cujas ações se valorizavam cada vez mais. O sucesso de Law o levou a assumir cargos na administração financeira da monarquia francesa. Era ao mesmo tempo Diretor Geral da Companhia do Mississipi e Ministro das Finanças de Luís XV: combinação perfeita para a formação de uma bolha.
O comércio com a bacia do rio Mississipi era pouco lucrativo, mas as ações da companhia seguiam se valorizando. Como Law era também Ministro das Finanças, aumentava a venda de ações – elevando seus preços – com políticas financeiras fracas e generosas. Por algum tempo, a distribuição dos dividendos não se deu com os lucros, mas com a bem-sucedida venda de papéis. Era uma forma de pirâmide: os rendimentos vinham da venda de mais ações, que era estimulada pela política econômica adotada pelo Ministro das Finanças e, ao mesmo tempo, Diretor Geral da Companhia.
Como em qualquer bolha, em algum momento, os fundamentos reais da companhia viriam a determinar seu preço, levando a um nível condizente com seu desempenho econômico real. É quando a bolha estoura.
Ferguson (2013) revelou como ocorre a dinâmica das bolhas:
- um evento econômico gera oportunidade de lucro;
- um entusiasmo pelos papéis correspondentes toma corpo, levando seus preços para cima;
- sobrevém a mania especulativa: os investidores passam a demandar ações não porque a consideram subvalorizadas, mas na mera expectativa de que seu preço subirá no curto prazo;
- surgem os primeiros sinais de ansiedade: os proprietários de ações com conexões internas e informações privilegiadas, sabendo que os preços correntes são insustentáveis, passam a vender seus papéis aos incautos com os preços ainda altos;
- a bolha estoura: os proprietários de ações veem sua riqueza desaparecer.
A ideia de que o mercado acionário é uma das inovações financeiras que tornaram possível os mais ousados empreendimentos econômicos. O mercado acionário é um dos pilares do capitalismo e, especialmente, da abundância econômica na qual vivemos. Ele é, junto com a moeda, o crédito e o mercado de títulos, um dos fundamentos do bem-estar econômico atingido nas economias mais desenvolvidas. O fenômeno das bolhas não é uma característica inerente ao mercado acionário. É o resultado de má conduta de seus operadores, como a história da Companhia do Mississippi e da Enron exemplificam através de excesso de liquidez e fraude contábil, respectivamente.
No quarto episódio, O Retorno do Risco, trata de análise de risco e negócios arriscados: os seguros de vida, seguros imobiliários, fundos de pensão, previdência privada e garantias do governo. Também discorre sobre fundos de derivativos, mercado de futuros em Chicago e opções de derivativos.
A catástrofe do furacão Katrina, que deixou em situação complicada a região de Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005, é citada como exemplo para a aquisição de seguros que a população realiza: após o desastre natural, as apólices de seguro não valiam mais nada, segundo o autor, e a região perdeu quase 70% do total de habitantes justamente por não oferecer garantias contra eventos como aquele. Isso mostra como é complicado apostar em negócios de risco em um mundo tão imprevisível, onde a qualquer momento um fato pode alterar o rumo de sua vida. A partir deste ponto, os fundos de pensão e a proteção do Estado surgem como cenários para ilustrar as garantias que as pessoas precisam para continuar vivendo e, após a morte, deixar seus dependentes em situação satisfatória.
O documentário também mostra o modelo adotado pelo Chile na década de 70, no governo de Pinochet, no chamado milagre econômico do país andino. O maior destaque foi para o fato de que nem todos poderiam compartilhar daquele programa de garantias futuras, mas, de uma forma geral, a economia do país progrediu e hoje o Chile é uma nação relativamente estável.
Por último, mostra a estratégia japonesa, onde o governo garantiria os rendimentos da população, que outrora foi eficiente, hoje já oferece riscos, já que em breve haverá mais aposentados do que contribuintes.