Brasil: Imigração e Futuro no Século XIX

Classificado em História

Escrito em em português com um tamanho de 3,25 KB.

Em uma época de curioso movimento de emigração europeia, onde alemães e escandinavos, agentes especiais desse deslocamento, tinham em mira, sobretudo, os Estados Unidos da América, várias causas contribuíram para manter esta preferência. Admitia-se que, na república transatlântica, o trabalho era mais bem remunerado e encontrava-se uma colocação com mais facilidade. Um grande número de pessoas havia deixado a Europa cheias de projetos e certezas sobre um futuro belo. Grandes estabelecimentos alemães nas províncias de Santa Catarina e de Minas Gerais, representando de 40 a 50 mil pessoas no primeiro caso e de 10 a 15 mil no segundo, demonstravam, pelo próspero estado em que se encontravam, que os agricultores tinham muito a ganhar escolhendo-as para se fixar. Apesar disso, mal se conhecia o imenso território submetido ao cetro da Casa de Bragança e pouco se sabia de seu modo de vida, o que gerava o temor de não se encontrar a simpática hospitalidade necessária aos recém-chegados.

Devido à Exposição Universal de Viena, o governo brasileiro teve razão em preocupar-se com as incertezas disseminadas pela opinião pública. Afinal, quando uma terra é assim dotada, é inevitável que seu destino seja se tornar o centro de uma importante aglomeração humana, apta a atender a todas as necessidades e satisfazer todas as ambições, podendo também facilitar o desenvolvimento numérico das populações e garantir-lhes a riqueza destinada a elevar sua inteligência e a aperfeiçoar seu *status* social. Na medida em que o valor essencial da raça dominante se prestar a tudo isso, a terra deveria necessariamente atrair a todos que, entre os homens, têm sede de trabalho e de bem-estar assegurado.

A grande maioria da população brasileira era mestiça, resultante das mesclas contraídas entre índios, negros e um pequeno número de portugueses. Todos os países das Américas do Norte e do Sul mostravam, aos olhos do Conde de Gobineau, incontestavelmente, que os mulatos de distintas tonalidades de pele não se reproduziam além de um número limitado de gerações. Tomando tais observações como base fixa para um cálculo de probabilidades e admitindo, para evitar “complicações”, que a acumulação de misturas não precipitasse um movimento de aniquilação, o que talvez não fosse provável, concluía-se que, se um período de trinta anos custou um milhão de habitantes no Brasil, os nove milhões nos quais o Conde acreditava iriam desaparecer, até o último homem, ao final de um período de 270 anos.

Apesar de tamanho temor quanto à população brasileira, o Conde elogia diversos aspectos do Brasil: as riquezas extraordinárias, leis sensatas, liberais e protetoras, preciosos elementos de prosperidade e trabalho. Nada faltava, a não ser uma população suficiente. Gobineau tinha certeza de que, quando os emigrantes começassem a perder, depois de uma longa série de desventuras, suas ilusões sobre a permanência nos Estados Unidos, iriam dirigir-se quase todos ao Brasil, ajudando a produzir um desenvolvimento econômico cujo arrojo seria fantástico, bastando apenas que o engenho humano soubesse tirar partido da abundância da natureza.

Entradas relacionadas: