Cadeia Respiratória e Fermentação: Vias de Produção de ATP
Classificado em Biologia
Escrito em em
português com um tamanho de 5,86 KB
Cadeia Respiratória: Conceito e Mecanismo
A cadeia respiratória é um processo fundamental no metabolismo energético celular, caracterizado pelo transporte de elétrons de coenzimas reduzidas, como NADH + H+ e FADH2, até o oxigênio. Esse transporte ocorre especificamente na membrana das cristas mitocondriais.
Objetivos da Cadeia Respiratória
- Maximizar a Energia: Extrair o máximo de energia contida na glicose e em outros compostos orgânicos, armazenando-a na forma de ATP (Adenosina Trifosfato).
- Recuperar Coenzimas: Regenerar as coenzimas transportadoras de elétrons (NADH e FADH2) para suas formas oxidadas (NAD+ e FAD), permitindo a continuidade da oxidação de novas moléculas de glicose e outras substâncias orgânicas.
Mecanismo da Cadeia Respiratória
Na membrana das cristas mitocondriais, o transporte de elétrons do NADH ou FADH2 para o oxigênio é o evento central. Este fluxo de elétrons impulsiona o bombeamento de prótons (H+) do interior da matriz mitocondrial para o espaço intermembrana, através dos complexos proteicos I, II e III (conforme o texto original). Cada complexo é capaz de bombear prótons.
A saída desses prótons de volta para a matriz, através da enzima ATP sintase (anteriormente referida como ATPase), é utilizada para sintetizar ATP. Aproximadamente 1 ATP é gerado para cada dois prótons que retornam, um processo semelhante ao que ocorre nos cloroplastos durante a fotossíntese.
Rendimento Energético: NADH vs. FADH2
- NADH: Uma molécula de NADH é capaz de reduzir o complexo I, resultando na produção de aproximadamente 3 ATPs para cada molécula de NADH.
- FADH2: O FADH2 não consegue reduzir o complexo I; ele transfere seus dois elétrons para a Coenzima Q (Co-Q). Por essa razão, o FADH2 gera apenas cerca de 2 ATPs.
Os elétrons são finalmente transferidos para o oxigênio, que, juntamente com dois prótons do meio, forma uma molécula de água (H2O). A reação final pode ser representada como: ½ O2 + 2H+ + 2e- → H2O.
Diferenças no Rendimento do NADH
Observa-se que cada NADH que se origina dentro das mitocôndrias rende 3 ATPs. No entanto, em organismos eucariotos, o NADH que se origina no hialoplasma (citoplasma), durante a glicólise, pode levar à produção de apenas 2 ATPs. Isso ocorre porque o NADH citoplasmático não consegue atravessar diretamente a membrana mitocondrial. Ele deve ceder seus elétrons a uma substância intermediária que, por sua vez, os transfere para o FAD, que já está no interior das mitocôndrias. Este mecanismo não é necessário em procariotos, onde a glicólise e a cadeia respiratória ocorrem no mesmo compartimento.
Fermentação Anaeróbia: Alternativa Energética
A oxidação do NADH + H+ e FADH2 na cadeia respiratória tem o oxigênio como aceptor final de elétrons. Esse processo é crucial para a recuperação do NAD+ e FAD, permitindo que a glicólise e o ciclo de Krebs continuem a operar.
Importância da Fermentação em Condições Anaeróbias
Na ausência de oxigênio, o NADH + H+ e o FADH2 se acumulam, e o processo de obtenção de energia é interrompido. Nessas condições anaeróbias, microrganismos e, por exemplo, nossas células musculares, recuperam as coenzimas oxidadas (NAD+ e FAD) por diferentes vias metabólicas conhecidas como fermentação anaeróbia.
Para alguns microrganismos, a fermentação é a única fonte de energia, sendo chamados de anaeróbios estritos, pois o oxigênio é letal para eles. Outros, os anaeróbios facultativos, utilizam a fermentação como um mecanismo de emergência quando o oxigênio não está disponível.
Na fermentação, a glicose não é completamente degradada em CO2 e H2O, mas sim sofre uma degradação incompleta da cadeia de carbono.
Tipos de Fermentação
De acordo com o produto final, distinguem-se os seguintes tipos de fermentação:
Fermentação Láctica
Realizada por bactérias (como as do iogurte) e por células musculares humanas, especialmente durante exercícios extenuantes, quando o suprimento de oxigênio é insuficiente. Na fermentação láctica, o ácido pirúvico é reduzido a ácido láctico pelo NADH + H+. Dessa forma, o NAD+ é recuperado, permitindo a degradação de moléculas adicionais de glicose.
Fermentação Alcoólica
Neste tipo de fermentação, o ácido pirúvico é transformado em álcool etílico (etanol). É realizada, por exemplo, pelas leveduras do gênero Saccharomyces. Este é um processo de grande importância industrial, resultando em diversas bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e sidra, dependendo do tipo de levedura e substrato.
Na fabricação do pão, adiciona-se levedura à massa. A fermentação do amido da farinha pelas leveduras produz bolhas de CO2, que fazem o pão ficar mais esponjoso. O álcool produzido neste processo evapora durante o cozimento.
A fermentação alcoólica tem o mesmo objetivo da fermentação láctica: a recuperação do NAD+ em condições anaeróbias. Nela, o piruvato é descarboxilado a acetaldeído, que é então reduzido pelo NADH a etanol.