Cantar de Mio Cid: Análise e Propriedades Textuais
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O Texto e Suas Propriedades
O texto é a unidade máxima da comunicação linguística. É caracterizado pela sua intencionalidade, refletindo um esforço consciente por parte do emitente, que envia uma mensagem completa e que será reconhecida pelo destinatário.
Características:
- Adaptação à situação comunicativa em que se realiza a comunicação.
- Coerência em termos de conteúdo, ou seja, de sentido único e completo.
- Coesão em sua forma. O emitente deve assegurar a boa recepção da mensagem através dos procedimentos linguísticos necessários para que o texto esteja correto e ordenado.
Coerência
Consistência: A propriedade que garante a unidade do texto do ponto de vista semântico. Um texto coerente pode ser sintetizado em uma ideia principal que resume o conteúdo global.
Para que um texto seja coerente, suas declarações devem cumprir os seguintes requisitos:
- Relacionamento entre as ideias.
- Ausência de contradição.
Coesão
Mecanismos linguísticos formais que o remetente utiliza para relacionar as diferentes declarações.
Recorrência
Repetição de certas palavras ou ideias ao longo do texto.
Substituições Proformas
Vocábulos com significado (dêiticos) que se referem a outras palavras mencionadas no texto.
Uso de Marcadores de Texto ou Discurso
Palavras ou frases que estabelecem relações entre as declarações.
Marcadores Textuais
Organizadores do Texto
Estruturam o texto ou a sequência das ideias.
- Delimitam a unidade, indicando o início ou fim.
- Reúnem e apresentam o conteúdo de forma ordenada.
Conectores
Relacionam ideias através das seguintes relações semânticas:
- Temporais.
- De Adição.
- De Contraste.
- De Causa e Efeito.
- De Reformulação.
Operadores do Discurso
Orientam a interpretação que o destinatário deve fazer da declaração, indicando o seguinte:
- Ponto de vista.
- Contexto espacial ou temporal.
- Tema.
Cantar de Mio Cid
O Poema ou Cantar de Mio Cid é o primeiro poema épico preservado em línguas românicas. O único manuscrito sobrevivente foi copiado, ao que parece, por Per Abbat no ano de 1307 e, em sua condição atual, possui cerca de 3700 versos (vv.).
Rodrigo Díaz de Vivar
O personagem cujas façanhas são narradas é Rodrigo Díaz de Vivar, um cavaleiro castelhano do século XI pertencente à baixa nobreza. Manteve algumas tensões políticas com o rei Afonso VI, o que o levou ao exílio em 1081. Fora de Castela, conseguiu conquistas importantes, entre as quais se destaca Valência. Por fim, recuperou a confiança do rei. Com base nestes fatos históricos, o poema foi composto, embora haja falta de informação e recriação de questões específicas relativas a obras da literatura.
Estrutura
O poema está dividido em três cantares (ou 'músicas').
Canção do Exílio (vv. 1-1084)
El Cid é caluniado pelos nobres invejosos e, por isso, exilado pelo Rei de Castela. El Cid parte com seus homens e deixa suas filhas e sua esposa, Jimena, no Mosteiro de San Pedro de Cardeña, sob os cuidados dos monges. Compromete-se a recuperar sua honra através de várias conquistas que culminam com a tomada de Valência. Durante todo esse processo, não para de enviar presentes ao rei para reconquistar sua confiança e obter o perdão.
Canção do Casamento (vv. 1085-2277)
Uma vez restaurada a confiança do rei, este arranja o casamento das filhas do Cid, Dona Elvira e Dona Sol, com os Infantes de Carrión. Os Infantes demonstram consistentemente sua covardia e se casam com as filhas do Cid apenas por interesse econômico.
Canção do Opróbrio de Corpes (vv. 2278-3733)
Os Infantes de Carrión, para vingar a vergonha que sua covardia provocou entre as tropas do Cid, insultam as filhas do Cid nos bosques de Corpes. El Cid pede justiça ao rei e, após a convocação das Cortes, os Infantes têm de lutar contra dois homens do séquito do Cid. El Cid recupera sua honra e as filhas se casam com Infantes de Navarra e Aragão.