Capacidades Físicas: Coordenação, Força, Velocidade e Mais
Classificado em Desporto e Educação Física
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Coordenação Motora
É a capacidade de usar de forma mais eficiente os músculos esqueléticos (grandes músculos), resultando em uma ação global mais eficiente, plástica e econômica.
Controle da Coordenação
É decorrente da integração entre:
- Comando central (cérebro);
- Unidades motoras dos músculos;
- Articulações.
Este tipo de coordenação permite à criança ou ao adulto dominar o corpo no espaço, controlando os movimentos mais rudes. Podemos perceber uma boa coordenação motora ao verificar:
- Agilidade;
- Velocidade;
- Energia que se demonstra.
Categorias da Coordenação Motora
A coordenação motora é dividida em três categorias principais:
- Coordenação motora geral;
- Coordenação motora fina;
- Coordenação motora específica.
Coordenação Motora Geral
A coordenação motora geral é a capacidade que as pessoas têm de usar os músculos esqueléticos da melhor maneira possível. Faz com que adultos e crianças consigam dominar os próprios corpos e, assim, controlar todos os movimentos, até os mais rudes. É essencial para que as pessoas andem, rastejem, pulem e façam outros exercícios do mesmo tipo.
Coordenação Motora Específica
Ela permite que as pessoas possam controlar os movimentos específicos para realizar um tipo determinado de atividade. Exemplo: para chutar uma bola, o corpo precisa de uma determinada coordenação motora; para jogar basquete, uma coordenação motora diferente, e assim sucessivamente.
Coordenação Motora Fina
É responsável pela capacidade que temos de usar de forma precisa e mais eficiente os pequenos músculos, para que produzam movimentos mais delicados e bem mais específicos que outros tipos de coordenação motora. É usada quando vamos:
- Costurar;
- Escrever;
- Recortar algo;
- Acertar um alvo (independentemente do tamanho);
- Digitar, etc.
Consequências do Não Desenvolvimento da Coordenação Motora
- Noção espacial prejudicada;
- Lateralidade precária;
- Tempo de reação defasado.
Crianças que apresentam sintomas de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) aos sete anos de idade podem correr maior risco de sofrer depressão e outros problemas de saúde mental a partir dos dez anos.
Força Muscular
É o resultado da contração ou tensão muscular, máxima ou não, com ou sem produção de movimento ou variação do tamanho muscular. A força é um importante:
- Componente da capacidade funcional;
- Tem grande importância para a saúde.
Motivos para Avaliar a Força Muscular
Existem vários motivos para verificarmos a força muscular:
- Os músculos fortes aumentam a estabilidade articular;
- É necessário para uma boa aparência;
- É básico para um bom desempenho de técnicas de movimento;
- Detectar as possíveis causas de algumas deficiências posturais.
Impacto Positivo do Treinamento de Força na Saúde
- Prevenção de:
- Osteoporose;
- Sarcopenia;
- Dor lombar, etc.
- Benefícios em relação a:
- Doenças cardíacas;
- Diabetes;
- Alguns tipos de câncer.
- Porque alteram:
- A resistência à insulina;
- A taxa metabólica de repouso;
- O metabolismo da glicose;
- A pressão arterial;
- A gordura corporal;
- O tempo de trânsito gastrointestinal.
Como Avaliar a Força Muscular
Avaliamos a força muscular para:
- Comparar indivíduos com a média populacional;
- Acompanhar a sua evolução (avaliação somativa);
- Redimensionar o treinamento;
- Prescrição de exercícios físicos.
Classificação da Força Muscular
Quanto ao Trabalho Produzido
- Estática;
- Dinâmica.
Quanto à Forma de Aplicação
- Força Máxima;
- Força Rápida, ou Explosiva, ou Potência Muscular;
- Resistência de Força.
Tipos de Força Muscular Quanto ao Trabalho Produzido
Estática ou Isométrica
- Sem encurtamento ou alongamento do músculo;
- Sem movimento articular;
- Sem trabalho externo (trabalho nulo);
- Com gasto energético;
- Com produção de calor.
A resistência a ser vencida é maior que a força produzida. Ex.: Empurrar uma parede.
Dinâmica
- Com encurtamento muscular (concêntrica - trabalho negativo);
- Com movimento articular;
- Com trabalho externo.
A resistência a ser vencida é menor que a força produzida. Ex.: Exercício de supino.
Desenvolvimento da Força Muscular ao Longo da Vida
Em Ambos os Sexos
- Em ambos os sexos, a força aumenta rapidamente até o final da maturação biológica.
- Mantém-se em níveis máximos até os 30 anos.
- Quando declina progressivamente até o fim da vida.
- Com o treinamento, pode-se diminuir a velocidade de declínio.
Homens são Cerca de 30% Mais Fortes que Mulheres
A força é mínima até os 12 anos. Homens são cerca de 30% mais fortes que mulheres:
- Na puberdade;
- Até o final da vida.
A diferença se dá devido aos hormônios anabólicos:
- Hormônio de Crescimento (GH);
- Testosterona.
O efeito combinado destes dois hormônios:
- Melhora a síntese de proteínas;
- Inibe a destruição delas;
- Resulta em aumento de massa muscular e força.
Na fase pré-púbere, mulheres apresentam níveis mais baixos de testosterona, mesmo com níveis significativos de GH que estimulam o crescimento muscular e a força. O aumento de [GH] (2-3 vezes), em ambos os sexos, associado à testosterona, resulta em maior crescimento da massa muscular em meninos quando comparados com meninas.
Com o passar dos anos, nota-se um declínio da força muscular:
- 20 – 30 anos a 65 anos (Grimby & Saltin, 1983): ↓ 25 a 30% da força.
- 35 anos a 83 anos (Kallman et al., 1990): ↓ 37% da força.
Com uma razão de 7,3% por década. Isso acontece devido a:
- Remodelação da unidade motora (White, 1995);
- Enfraquecimento neural (Frolkis et al., 1976);
- Desnervação funcional;
- Atrofia mais acentuada das fibras Tipo II.
Organização dos Testes de Força Muscular
Força Máxima
- Estáticos:
- Tensiometria de cabo;
- Dinamometria mecânica (preensão manual, tração lombar e membros inferiores).
- Dinâmicos:
- Teste de 1 RM ou contração voluntária máxima;
- Dinamometria isocinética eletromecânica.
Força Explosiva
- Dinâmicos:
- Plataforma de força;
- Impulsão vertical;
- Impulsão horizontal;
- Arremesso de medicine ball.
Resistência de Força
- Estático:
- Dinamometria mecânica;
- Barra fixa.
- Dinâmico:
- Agachamento;
- Flexão de Braço (apoio de frente no solo);
- Barra Fixa;
- Abdominal.
Para Qualquer Divisão de Força
- Dinâmico:
- Teste de repetições máximas.
Velocidade
É a capacidade de realizar um movimento no menor tempo possível (Barbanti, 1979). É a quantidade de espaço percorrido pelo movimento (distância) na unidade de tempo. É a distância dividida pelo tempo, expressa em m/s.
V = D * T-1
V = D / T
- D = Distância percorrida;
- T = Tempo gasto.
Em Educação Física e Esportes, o conceito de velocidade está associado ao de velocidade máxima.
Velocidade Máxima
É o limite superior que um indivíduo consegue desenvolver na realização de uma tarefa. Processos neuromusculares e o desenvolvimento da potência muscular são determinantes para que tal tarefa seja completada no menor tempo possível. A velocidade máxima possui características neuromusculares.
Sequência: Aferentes → Ordem Eferentes → SNC → Estímulo → Massa Muscular
Para se atingir a velocidade máxima, é necessário percorrer uma determinada distância em um período de tempo, objetivando o máximo de aceleração possível. Ex.: Em uma corrida de 100m, a velocidade máxima é atingida por volta dos 30m.
Velocidade de Reação
É a capacidade de reagir, tão rápido quanto possível, a um estímulo. Ex.: Saída de bloco em uma corrida de 100m; pegar um objeto antes de cair ao chão.
Agilidade
É a capacidade de realizar movimentos de curta duração e alta intensidade com mudanças de direção ou alteração na altura do centro de gravidade do corpo, com aceleração e desaceleração. Ex.: Movimentação de partida em esportes como futebol, voleibol, basquetebol, etc.; uma pessoa desviar de objetos espalhados pelo chão.
Classificação da Velocidade Máxima
Velocidade Cíclica
Consiste em atos motores com repetições periódicas. Os movimentos se caracterizam por repetirem suas partes, apresentando as mesmas fases durante os ciclos. Ex.: Corrida, natação, pedalar uma bicicleta, caminhada, etc.
Velocidade Acíclica
Consiste em atos motores sem repetições periódicas. Os movimentos se caracterizam por não repetirem suas partes. Ex.: Lançamento de dardo (sem a corrida); lançamento de disco (sem o giro); levantar uma cadeira.
Importância da Velocidade Máxima e Agilidade
A velocidade máxima parece não ter tanta relação com os níveis de saúde, mas é vital para esportes de alto rendimento. Auxilia nas AVDs (Atividades de Vida Diária) em todas as fases do ciclo de vida:
- Infância: Essencial para atividades e jogos.
- Idosos: É suporte para o desenvolvimento dos níveis de agilidade.
Os níveis de velocidade máxima adquiridos na infância são mantidos na fase adulta, e os efeitos deletérios do envelhecimento podem ser beneficiados.
O Desenvolvimento da Velocidade Máxima Depende de:
- Características Genéticas: Nasce com potencial genético.
- Velocidade de Contração: Quanto mais rápida a contração, maior a potência muscular e maior a velocidade.
- Viscosidade das Fibras Musculares: Elasticidade e capacidade de alongar e relaxar.
- Estrutura Muscular: Fibras Tipo IIB (brancas) são mais velozes, com contração mais rápida.
- Velocidade de Reação: Resposta rápida a um estímulo.
- Força Muscular: Quanto mais coordenado e hipertrofiado, maior a velocidade.
- Flexibilidade: Quanto maior a amplitude de movimento, maior a aceleração.
- SNC (Sistema Nervoso Central): Quanto maior a velocidade de transmissão neural, maior a velocidade.
- Fadiga: Quando o SNC e a coordenação estão prejudicados, a velocidade diminui.
- Sexo: Mulheres geralmente apresentam menor velocidade que homens.
- Idade: Diminui com o passar do tempo.
- Tipo de Metabolismo (ATP-CP): Quanto maior a velocidade de mobilização e maior o estoque de CP, maior a velocidade.
Velocidade Máxima e Agilidade em Crianças e Adolescentes
Um programa de condicionamento físico (CF) deve levar em consideração o treinamento total, dando ênfase a todas as capacidades:
- Força;
- Resistência Aeróbia;
- Flexibilidade;
- Coordenação;
- Equilíbrio;
- Ritmo;
- Velocidade;
- Agilidade.
As capacidades são interligadas. Uma auxilia o desenvolvimento da outra e são transponíveis para as idades posteriores.
Avaliação da Velocidade Máxima e Agilidade
Velocidade
Normalmente são utilizadas corridas de curtas distâncias. A velocidade máxima é alcançada por volta dos 30m. Para não atletas, é mantida até 60m; para atletas, de 80 a 90m. Para se avaliar, é melhor utilizar os testes “lançados” do que os “parados”, mas, porém, usam-se também os parados. Ex.: Corrida dos 30m lançados; Corrida dos 50m parados.
Agilidade
Ex.: Shuttle Run (Corrida do Vai e Vem).
Equilíbrio
Conceito
É a habilidade que permite ao indivíduo manter o sistema musculoesquelético em uma posição estática eficaz e controlar uma postura eficiente quando em movimento.
Importância do Equilíbrio
É uma capacidade física importante nas AVDs. Tem papel fundamental na maioria dos jogos e atividades esportivas.
Fatores que Influenciam no Equilíbrio
- Tônus muscular;
- Funcionamento das estruturas do ouvido interno (canais semicirculares);
- Percepção visual;
- SNC (Sistema Nervoso Central).
Fatores que Interferem no Equilíbrio
O equilíbrio corporal se constrói e desenvolve com base nas informações:
- Visoespaciais;
- Vestibulares.
Transtornos no controle do equilíbrio produzem dificuldades:
- Para a interação social;
- No controle postural.
Grupos de Fatores Envolvidos no Controle do Equilíbrio
Fatores Sensoriais
- Órgãos sensório-motores;
- Sistema labiríntico;
- Sistema plantar;
- Sensações cinestésicas.
Fatores Mecânicos
- Força da gravidade;
- Centro de gravidade;
- Base de sustentação;
- Peso corporal.
Outros Fatores
- Motivação;
- Capacidade de concentração;
- Inteligência motora;
- Autoconfiança.
Tipos de Equilíbrio
Equilíbrio Estático (EE)
É quando o indivíduo consegue manter o sistema musculoesquelético em posição estática eficaz. Controle da postura sem deslocamento.
Equilíbrio Dinâmico (ED)
É quando o indivíduo consegue manter em movimento uma postura eficiente. Reação de um indivíduo em deslocamento contra a ação da gravidade.
Processo Evolutivo do Equilíbrio
1ª Infância
- EE – Aos 12 meses;
- ED – Quando começa a andar.
De 3 a 6 Anos
Há uma melhora desta capacidade, já que a criança começa a dominar determinadas habilidades básicas.
De 6 a 12 Anos
Os jogos motores contribuem tanto para o EE quanto para o ED. As condutas de equilíbrio vão se aperfeiçoando. São capazes de se ajustar a modelos.
De 12 a 18 Anos
- Adquire-se maior perfeição;
- São aumentadas as dificuldades de EE e ED.
Idade Avançada
Começa a involução desta capacidade, devido:
- À deteriorização do SN (Sistema Nervoso) e locomotor;
- Acentuando-se com a inatividade.
Avaliação do Equilíbrio
O equilíbrio é suscetível à avaliação e medida. Para detectar possíveis retardos nos níveis de EE – provas de Ozeretski e Guilmain (citados por Jiménez, 2002):
- Manter-se imóvel por 10 segundos na ponta dos pés juntos (4 a 5 anos).
- Manter-se sobre uma perna, sem mover-se, durante 10 segundos (5 a 6 anos).
- Com os olhos fechados e os pés juntos, permanecer imóvel por 60 segundos (6 anos).
- Manter-se na ponta dos pés, pés unidos e olhos fechados, durante 15 segundos (9 a 10 anos).
- Manter-se sobre uma perna com os olhos fechados durante 10 segundos (9 a 10 anos).
Flexibilidade
É a amplitude máxima de movimento em uma ou mais articulações. Amplitude de Movimento – É a liberdade de movimento de uma articulação. Flexibilidade = Mobilidade Articular.
Importância da Flexibilidade
É importante para a avaliação de movimentos articulares por:
- Médicos;
- Fisioterapeutas;
- Educadores Físicos.
Nas realizações das AVDs, as atividades requerem maior ou menor grau de amplitude: sentar, pentear o cabelo, vestir-se, banhar-se, amarrar sapatos, etc.
- Na vida do idoso, pois ao longo da vida ele perde flexibilidade;
- Na vida do atleta, cuja performance esportiva requer maior amplitude. Ex.: Ginástica Artística (GA), Ginástica Rítmica (GR), natação, saltos no atletismo, etc.
A flexibilidade também:
- Facilita as AVDs;
- Facilita o aperfeiçoamento e desempenho de técnicas desportivas;
- Previne lesões.
O Grau de Flexibilidade Depende de:
- Idade;
- Gênero;
- Temperatura: muscular, tendões, estruturas articulares;
- Estado de alongamento e relaxamento dos músculos;
- Treinamento;
- Concentração de líquido nos músculos, tendões e cartilagens;
- Características anatofisiológicas.
Contribuição das Estruturas
- Cápsula Articular: 47%. Quanto maior a frouxidão capsular, maior a flexibilidade.
- Músculos: 41%. Quanto menor o tônus muscular, maior a flexibilidade.
- Tendões: 10%.
- Pele: 2%.
Manifestações da Flexibilidade
Flexibilidade Ativa
A maior amplitude de movimento que o indivíduo pode realizar em razão da contração da musculatura agonista.
Flexibilidade Passiva
A maior amplitude de movimento em uma articulação que o indivíduo pode alcançar sob a ação de agentes externos à articulação (parceiro, aparelho, outro segmento corporal). A flexibilidade passiva é sempre maior que a ativa.
Reserva de Flexibilidade
É a diferença entre as flexibilidades passiva e ativa.
A Flexibilidade Pode Ser Medida por:
Lineares
Caracteriza-se por expressar os resultados em escala de distância (cm), utilizando-se de fitas métricas, réguas ou trenas. Ex.: Teste de Sentar e Alcançar.
Adimensionais
Teste quando não existe uma unidade convencional, como ângulo ou cm, para expressar os resultados obtidos. Usa-se mapas de análise. Ex.: Flexiteste (Araújo ou Bloomfield).
Angulares
Possuem seus resultados em graus. O termo utilizado é Goniometria.
Desenvolvimento da Flexibilidade ao Longo da Vida
A flexibilidade é bastante alta até os 16 anos. A partir daí, existe uma desaceleração até aproximadamente 20 anos para homens e 25 para mulheres, passando então a declinar.