Cartografia: Anamorfose, UTM e Curvas de Nível

Classificado em Matemática

Escrito em em português com um tamanho de 6,02 KB

Tipos de Anamorfose em Cartografia

Anamorfose Linear

Chamamos módulo de anamorfose linear (ou fator de escala linear) à relação entre um elemento linear infinitesimal dl no plano da projeção e o seu elemento correspondente dL na superfície terrestre. Quando ambos os elementos são iguais, o módulo de anamorfose linear tem valor unitário. As linhas onde o módulo linear é igual à unidade são chamadas linhas automecoicas.

Anamorfose Angular

A diferença entre o ângulo formado por duas direções na Terra e o ângulo formado pelas mesmas direções no plano da projeção é a anamorfose angular ou distorção angular. As projeções que conservam os ângulos na transformação são chamadas projeções conformes.

Anamorfose de Superfície

A relação entre um elemento diferencial de área ds no plano e o elemento diferencial correspondente dS na superfície da Terra é o módulo de anamorfose superficial (ou fator de escala de área). As projeções que conservam as áreas são chamadas projeções equivalentes.

Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM)

Baseia-se no Elipsoide Internacional de Hayford e no Datum Potsdam (Ponto Astronômico Fundamental). As origens das coordenadas geodésicas são o Meridiano de Greenwich e o Equador. O sistema de representação cartográfica é a projeção UTM.

Trata-se de uma projeção cilíndrica transversa. O eixo do cilindro está contido no plano do Equador. A superfície cilíndrica é tangente à Terra ao longo de um meridiano (o meridiano central do fuso).

Para diminuir as deformações lineares, que aumentam ao afastar-se do meridiano de tangência, o elipsoide é dividido em 60 fusos, cada um com 6° de longitude. Utilizam-se 60 cilindros, cada um tangente ao meridiano central do seu fuso respetivo. Obtêm-se assim 60 projeções, cada uma tendo como linhas retas o seu meridiano central e o Equador. A projeção abrange latitudes de 80° Sul a 84° Norte (originalmente 80°N). As regiões polares utilizam uma projeção estereográfica polar.

Condições aplicadas na projeção UTM:

  • É conforme (conserva os ângulos).
  • O meridiano central de cada fuso é automecoico (conserva as distâncias nesse meridiano, embora na prática se aplique um fator de escala de 0.9996 para reduzir a deformação média no fuso).
  • O Equador e o meridiano central de cada fuso são representados como linhas retas.
  • A origem das coordenadas cartesianas em cada fuso é a interseção do Equador com o meridiano central.

Representação da Superfície Terrestre

Mapa: É qualquer representação da superfície terrestre que, devido ao seu tamanho e curvatura, requer o uso de sistemas de projeção cartográfica adequados.

Planta: É a representação de uma superfície suficientemente pequena para poder ser considerada plana, sem incorrer em erro apreciável devido à curvatura terrestre.

Escala: É a relação de semelhança entre uma medida gráfica (no mapa ou planta) e a correspondente medida real (no terreno).

Limite de Percepção Visual

É a menor medida que o olho humano pode distinguir num desenho, tipicamente cerca de 0,2 mm. Este valor é chamado de erro gráfico. Dependendo da escala utilizada, este erro gráfico corresponde a uma determinada medida no terreno que deixa de ser representável no plano. Por exemplo, na escala 1/5000:

0,2 mm (no plano) x 5000 = 1000 mm = 1 metro (no terreno)

Isto significa que detalhes menores que 1 metro no terreno podem não ser representáveis nesta escala.

Representações Usadas em Topografia

Desenhos Cotados (ou Plantas Cotadas)

Cada ponto da superfície é representado pela sua projeção horizontal sobre o plano e pela sua cota (altitude relativa a um plano de referência).

Curvas de Nível

São linhas que unem pontos de igual altitude. O resultado é conceptualmente similar a cortar o terreno com múltiplos planos horizontais equidistantes e projetar as linhas de interseção resultantes sobre um plano de referência, representando assim a terceira dimensão (relevo).

As curvas de nível devem obedecer a certas leis gerais:

  • Curvas de nível de cotas diferentes não se podem cruzar nem coincidir (exceto em casos muito específicos como falésias verticais ou grutas).
  • As cotas das curvas de nível aumentam ou diminuem sucessivamente de forma ordenada.
  • O terreno entre duas curvas de nível consecutivas é geralmente considerado como tendo um declive uniforme para efeitos de cálculo e interpolação.

Equidistância

É a distância vertical constante entre os planos horizontais que definem as curvas de nível consecutivas. Assume-se que o declive do terreno entre duas curvas é constante; na prática, substitui-se o relevo real por uma superfície regrada (formada por segmentos de reta) que se apoia nas duas curvas.

Interpretação de Plantas com Curvas de Nível

Conceitos fundamentais:

  • Uma separação uniforme entre as curvas de nível indica que o terreno tem um declive constante.
  • Quando as curvas estão mais próximas nas cotas mais altas e mais afastadas nas cotas mais baixas, o declive é côncavo.
  • Quando as curvas estão mais próximas nas cotas mais baixas e mais afastadas nas cotas mais altas, o declive é convexo.

Entradas relacionadas: