A Casa de Bernarda Alba: Temas e Análise

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Classes Sociais

A obra de Lorca apresenta uma sociedade com classes sociais claramente diferenciadas. Todos sabem qual é o seu lugar e a ele devem se submeter. A relação entre Poncia e Bernarda, por exemplo, demonstra que, apesar de terem crescido juntas, uma patroa e uma serva não podem ser verdadeiras amigas. Elas não pertencem ao mesmo estrato social e não podem ser tratadas como iguais.

Bernarda é a personagem que mais transmite a importância da classe social, pois fala com desprezo das pessoas que não estão à sua altura, com frases como: "Os pobres são como animais, parece que elas eram feitas de outras substâncias", deixando clara a sua perspectiva de superioridade. No entanto, pode-se argumentar que os valores morais de Poncia são superiores aos de Bernarda, pois ela não se deixa corromper pelo dinheiro ou poder, desempenhando um papel de consciência moral.

O Papel da Mulher

As mulheres da casa discutem diversas vezes o "modo de ser mulher". Adela representa a rebelião, pois não aceita a ordem falocêntrica que dita o que as mulheres e os homens devem fazer, sendo punida no final. Bernarda, paradoxalmente, interpreta uma mulher forte. É ela quem impõe a ordem na casa, comanda os servos e tenta manter as filhas no caminho certo.

As mulheres são oprimidas pelo poder masculino e, embora não haja homens em cena (apenas um que nunca é visto), elas são afetadas pela sua influência. Por exemplo, mesmo após a morte do segundo marido de Bernarda, ela força as filhas a manterem um luto de oito anos. É crucial manter a castidade e a pureza para a honra da família. No final, Bernarda proclama a virgindade da filha para manter a boa reputação.

Sociedade Opressora

Na aldeia, todas as mulheres mantêm uma vigilância constante e fofocas, o que leva todos a agirem de forma hipócrita, pois só fazem as coisas sob extrema pressão social. Os murmúrios são distorcidos a cada pessoa que os repete, criando um clima de contínua tensão. Bernarda e suas filhas estão sujeitas a críticas e rumores a todo o momento ao longo da peça.

Tradição e Moral Conservadora

A tradição é um tema central, sendo quebrada em vários momentos. Bernarda impõe um luto exagerado de oito anos, querendo ser a mais notável em tudo. Todas as filhas, exceto Adela, resignam-se. Adela considera injusto que os melhores anos de sua vida sejam passados presa em casa, indo contra as regras e recusando-se a seguir o luto.

Outros elementos tradicionais incluem:

  • Casamentos Arranjados: Angustias (Angus) vai se casar com Pepe el Romano. Lorca explica que o casamento arranjado era típico, onde a mulher com dinheiro se casava com o melhor partido. Pepe el Romano deseja casar-se com Angustias por causa da herança do pai dela.
  • Decência e Aparências: Bernarda tem uma obsessão pela decência e pela manutenção das aparências.
  • Moral Conservadora: A obsessão pela virgindade, a religião, as falsas aparências e o medo do "que as pessoas dizem" são questões que envolvem Bernarda e suas filhas.

Comentários sobre a vida de personagens externos e referências à biografia de Poncia deixam claro que a tradição e a moralidade são temas centrais.

Relações de Poder e Autoritarismo

Bernarda é uma personagem despótica e cruel, agindo de forma autoritária e reprimindo os seus sentimentos. Um dos símbolos utilizados por Lorca para expressar o poder de Bernarda é o seu cajado (ou bastão).

Quando Bernarda percebe que Adela teve relações sexuais com um homem, ocorre uma mudança na dinâmica de poder ("falso final") antes do clímax da obra.

O Desejo de Liberdade

O desejo de liberdade é expresso pela busca por amor e paixão. Sem paixão e liberdade, as personagens sofrem. Todas as irmãs sentem uma enorme vontade de sair de casa, mas a maioria está resignada com a vida que levam, com exceção de Adela, que tenta, de forma indireta, ir contra os pensamentos da mãe.

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