Casa da Cascata: Obra-Prima de Wright

Casa da Cascata: Uma Integração com a Natureza

A Casa da Cascata, ou Kaufman House, é uma obra-prima de Frank Lloyd Wright (1869-1959). Wright foi um arquiteto diferenciado, pois integrava a arquitetura ao ambiente natural sem comprometer a tradição construtiva norte-americana. O edifício foi encomendado pelo empresário Edgar Kaufman para ser sua segunda residência. Kaufman queria construí-la perto de uma cachoeira, sobre as rochas que ele usava para tomar sol. A construção ocorreu entre 1934 e 1936.

De 1928 a 1935, Wright passou por um momento difícil em sua carreira. Com quase 70 anos, a Casa da Cascata marcou o início de seu segundo renascimento, repleto de reconhecimento internacional e sucesso. Nesta fase, ele culminaria em outra obra de destaque, o Museu Guggenheim de Nova York (1957-1959), produto de sua busca por um espaço contínuo. Wright é considerado o precursor desta escola, que teve seu pleno desenvolvimento após 1930.

Características da Construção

A arquitetura da Casa da Cascata é, ao mesmo tempo, introspectiva e extrovertida. Os materiais utilizados são naturais: pedra, concreto pintado, vidro, ferro e alumínio. A casa tem três andares, dispostos de forma escalonada para se adaptar às encostas dos terraços de rochas que ladeiam a cachoeira e se engajam na fundação do edifício.

• O chão assenta diretamente sobre a rocha natural que forma a base da chaminé (eixo vertical da casa).
• Um impressionante terraço suspenso horizontalmente se estende sobre a cachoeira, criando a ilusão de que a água emerge das entranhas do edifício.
• O exterior se integra ao meio ambiente: a natureza circundante permeia a construção, incluindo muros de pedra natural que lembram as pedras do rio.
• Grandes janelas em esquadrias de alumínio e vidro se abrem para terraços, ampliando o espaço interior em uma comunhão com a paisagem.
• O piso térreo abriga a grande sala de estar e a cozinha.
• No piso superior estão os quartos.

O conceito de espaço é centrífugo. Em vez de desenhar o espaço exterior diretamente, o arquiteto concebeu primeiro o espaço interior. Esta casa é uma maravilha da tecnologia e dos novos materiais. A estabilidade do edifício é garantida pelo bloco maciço central que paira sobre o maciço rochoso e atua como um contrapeso.

Contexto Histórico e Artístico

Podemos enquadrar a obra no Movimento Moderno, mais especificamente no Organicismo Racionalista. A Casa da Cascata desempenha um papel de vanguarda na história da arte, rompendo com a tradição artística. Enquanto a arquitetura racionalista triunfava na década de 1930, nasceu um novo conceito que se distanciava das utopias urbanas de Le Corbusier e das formas desumanizadas. Esse movimento nasceu com Wright, seu criador e figura central.

Influências e Legado

A obra data de 1935, em pleno século XX. Trata-se de uma residência, cuja função é ser habitada, um lugar onde as pessoas vivem e podem contemplar a paisagem, projetada para o maior conforto. Wright foi influenciado por Louis Sullivan, de quem desenvolveu a linguagem orgânica, baseada na intuição e na liberdade criativa. O organicismo se opõe ao racionalismo, que organiza o projeto arquitetônico a partir de um plano ideal preconcebido.

Período Entre Guerras

O período entre guerras (1918-1939) é conhecido como o intervalo entre o final da Primeira Guerra Mundial e o início da Segunda Guerra Mundial. Foram duas décadas marcadas por mudanças radicais nas relações entre as forças internacionais, a consolidação de regimes autoritários, avanços técnicos e o contraste entre o grande desenvolvimento do capitalismo na década de 1920 e sua maior crise na década de 1930.

Nos países capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, houve um grande desenvolvimento econômico, conhecido como os "Loucos Anos Vinte". No entanto, foram os Estados Unidos que assumiram a liderança na crise criativa que a Europa enfrentava, impulsionada pela política agressiva dos estados totalitários que levariam à Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto, desenvolveu-se uma arquitetura moderna, mas com menos pretensões intelectuais do que na Europa.