Causalidade, Hábito e o Fundamento do Cogito

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A Crítica de Hume à Causalidade e o Hábito

Uma vez que só a partir da experiência é que se pode conhecer a relação entre a causa e o efeito, sendo este um conhecimento a posteriori e não a priori, não podemos concluir que esta relação traduza uma conexão necessária, mas sim uma conjunção constante entre factos e fenómenos.

O Conhecimento Indutivo e a Probabilidade

O nosso conhecimento dos factos restringe-se às impressões atuais e às recordações de impressões passadas. Uma vez que não dispomos de impressões relativas ao que acontecerá no futuro, pode-se dizer que não possuímos um conhecimento rigoroso dos factos futuros. Apesar disso, há muitos factos que esperamos que se verifiquem no futuro, o que pressupõe inferências de caráter indutivo. Sendo assim, este conhecimento é apenas uma suposição ou probabilidade, assente numa expectativa.

O Fundamento Psicológico da Crença

A certeza de que um facto (efeito) sucederá ao outro (causa) tem apenas um fundamento psicológico: o hábito ou costume. É o hábito de constatarmos que um facto sucede a outro — que sempre, até agora, existiu uma conjunção entre eles — que nos leva à crença de que tal conjunção sempre se há de verificar. O hábito é um guia imprescindível da vida prática, mas não constitui um princípio racional.

O Cogito Cartesiano: A Primeira Certeza

Escreve Descartes que a «proposição Eu sou, eu existo, sempre que proferida por mim ou concebida pelo espírito, é necessariamente verdadeira».

Deste modo, o filósofo fornece uma primeira característica do Cogito — ou «Penso, logo existo»: trata-se de considerar o Cogito uma afirmação indubitável da existência do sujeito, existência apreendida intuitivamente no próprio ato de pensar e de duvidar.

O Cogito como Fundamento e Critério de Verdade

Sendo uma afirmação evidente, uma certeza inabalável, obtida de modo inteiramente racional e a priori, o Cogito servirá de paradigma para as várias afirmações verdadeiras, traduzindo o critério de verdade: a clareza e distinção das ideias. Enquanto primeira verdade, o Cogito surge-nos como crença fundacional ou básica: serve de alicerce a todo o sistema do saber.

A Natureza do Sujeito

Mostrando como a existência é indissociável do próprio pensamento, o Cogito permite-nos perceber qual a natureza do sujeito: esta consiste no pensamento, ou alma, e equivale a toda a atividade consciente.

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