Cesário Verde: Campo, Cidade e Mulher

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Oposição Cidade vs. Campo em Cesário Verde

A Cidade

  • Doença, estagnação, morte, ausência de afeto.
  • Vida marcada pela artificialidade e desumanidade.
  • Progresso industrial e domínio da máquina, do ferro e do betão.
  • Aprisionamento e opressão.
  • Exploração, pobreza, injustiça social.
  • Domínio da burguesia (comercial e industrial).

O Campo

  • Saúde, vitalidade, harmonia, vivência plena dos afetos.
  • Vida marcada pela naturalidade e pelos ciclos biológicos e comunitários do homem.
  • Agricultura e domínio do homem e da natureza.
  • Liberdade.
  • Valores tendencialmente igualitários e justiça social.
  • Afirmação do povo e dos valores rurais.

A Dualidade da Mulher em Cesário Verde

A Mulher Fatal

Pertence a um estrato social superior ao do sujeito poético.

  • É elegante.
  • Mostra desprezo e frieza em relação ao "eu".
  • Efeito no sujeito poético:
    • Atrai-o irresistivelmente, levando-o simultaneamente a sentir prazer em ser seduzido e a revoltar-se pela humilhação a que ela o sujeita.

A Mulher Frágil e Inocente

  • É simples, inocente, pura e bondosa.
  • É frágil e desamparada.
  • Está associada ao povo.
  • Efeito no sujeito poético:
    • A sua vulnerabilidade desperta nele o sentido de proteção.
    • A sua pureza e bondade levam-no a desejar redimir-se das suas faltas.
    • Suscita no sujeito poético a vontade de levar com ela uma existência honesta e tranquila.

Características da Linguagem e Estilo de Cesário Verde

A poesia de Cesário Verde é caracterizada pela emoção e pelo recurso a uma nova linguagem, abordando temas como o campo, a mulher e a cidade.

  • Discurso pouco ornamentado e pouco rebuscado, que contrastava com a retórica pesada e sentimental de alguma lírica romântica.
  • Orações ligadas pela coordenação.
  • Uso expressivo do adjetivo e do advérbio.

As composições do poeta retratam a mulher, a cidade e as relações sociais através do recurso a uma linguagem quotidiana e corrente, que recorda a linguagem usada na prosa.

Representando a realidade moderna na segunda metade do século XIX, Cesário socorre-se de vocábulos e expressões da vivência citadina, sobretudo a que se associa ao povo.

Outros traços da lírica de Cesário Verde que a aproximam da prosa são a utilização do tom coloquial e antideclamatório, do verso longo (decassílabo e alexandrino) e do encavalgamento.

Cesário retrata a cidade através do registo de impressões sensoriais e de comentários avaliativos anotados em movimento, enquanto o eu lírico deambula pelas ruas.

A captação e a descrição do real objetivo são acompanhadas por uma apreciação pessoal e subjetiva.

A aproximação entre a poesia e a pintura afirma-se no facto de Cesário explorar uma linguagem plástica, com um forte apelo visual, e cultivar a figura retórica da imagem com um acentuado valor simbólico.

Na representação sensorial da realidade, tem especial importância a utilização da sinestesia, em que se cruzam registos de diferentes sensações.

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