Cistos Odontológicos: Diagnóstico e Tratamento Cirúrgico

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Cistos Odontogênicos: Características e Diagnóstico

Manifestações Clínicas

Deformação

Abaulamento das corticais ósseas decorrente do crescimento da lesão. É mais facilmente perceptível na maxila do que na mandíbula, devido à menor espessura das corticais maxilares, que oferecem menos resistência à expansão.

Exteriorização

Aumento da deformação, com adelgaçamento das corticais ósseas, podendo ocorrer sua ruptura no ponto mais proeminente. Isso possibilita, à pressão digital, a sensação de compressão de uma bola de pingue-pongue.

Infecção

Por comunicação com a cavidade bucal, através do periodonto ou, eventualmente, por via hematogênica, o cisto pode sofrer um processo infeccioso agudo de grande repercussão e evolução rápida, que exige intervenção imediata com medicação antibiótica e drenagem.

Diagnóstico de Cistos Odontogênicos

Para um diagnóstico definitivo, será necessário unir os achados clínicos e de imagem a diversos exames histopatológicos.

Anamnese, Observações Clínicas e Exames Imagiológicos

A punção aspirativa é um exame complementar importante. Os achados podem incluir:

  • Líquido amarelo citrino com cristais de colesterol: Sugestivo de cisto. Também pode ser hipótese diagnóstica (HD) para ameloblastoma cístico.
  • Sangue: HD para cisto hemorrágico ou traumático, cisto ósseo aneurismático (pseudocistos) ou tumor vascular.
  • Punção branca (sem material coletado): Sugestivo de lesões sólidas.

Tratamento Cirúrgico dos Cistos Odontogênicos

Técnicas Cirúrgicas

Enucleação

Consiste na remoção total da cápsula cística, ou seja, ablação total da lesão.

Indicação: É o tratamento de escolha para a maioria dos cistos. Pode ser precedida de marsupialização ou descompressão.

Técnica de Enucleação
  1. Anestesia.
  2. Incisão de escolha: Neumann ou modificada, Wassmund, Partsch, Ochsenbein, entre outras.
  3. Descolamento mucoperiosteal.
  4. Osteotomia para acesso à lesão.
  5. Descolamento cuidadoso da cápsula cística utilizando curetas e gaze.
  6. Remoção completa de toda a cápsula.
  7. Irrigação abundante da cavidade óssea com soro fisiológico.
  8. Fechamento do retalho por sutura.

Técnica de Descompressão

Indicada para diminuir a pressão intracística e, consequentemente, promover a neoformação óssea, reduzindo o tamanho da lesão. É particularmente útil em lesões extensas que envolvam estruturas anatômicas importantes e delicadas.

Observação: A descompressão é frequentemente seguida de enucleação após a diminuição da lesão. Em poucas situações, constitui o único tratamento.

Técnica de Marsupialização

Esta técnica, assim como a de descompressão, tem o objetivo de diminuir a pressão intracística e, portanto, reduzir o tamanho do cisto para posterior enucleação, visando preservar estruturas importantes.

Consiste em criar uma janela cirúrgica na parede do cisto e suturar as bordas da mucosa oral diretamente à membrana cística, transformando a cavidade cística numa bolsa aberta para a cavidade oral.

  1. Anestesia.
  2. Incisão (geralmente circular ou elíptica) na mucosa oral sobrejacente ao cisto.
  3. Osteotomia para expor a cápsula cística.
  4. Abertura da cápsula cística (excisão de um fragmento da parede).
  5. Sutura da margem da cápsula cística à margem da mucosa oral.
  6. Colocação de gaze embebida em solução antisséptica (ex: clorexidina) na cavidade, se necessário, trocada periodicamente.
  7. Acompanhamento clínico e radiográfico até o momento ideal para a enucleação (se planejada) ou até a resolução da lesão.

Observação: Esta técnica pode ser empregada como único tratamento em casos selecionados.

Acompanhamento Radiográfico Pós-Operatório

É fundamental o acompanhamento com radiografia oclusal imediata (quando aplicável), exames pós-operatórios, radiografias de controle periódicas e comparação com a radiografia inicial para avaliar a reparação óssea.

Tumores Odontogênicos

Introdução

Um tumor odontogênico benigno é definido como todo crescimento tecidual proliferativo, seja ele hamartomatoso ou neoplásico benigno, originário de tecido derivado da odontogênese (processo de formação dos dentes), incluindo o epitélio (ectoderma) e o ectomesênquima.

Alguns tumores odontogênicos apresentam grande repercussão clínica devido ao seu comportamento localmente invasivo e ao alto risco de recorrência. Exemplos notáveis incluem o ameloblastoma, o tumor odontogênico queratocístico (TOQ) e o mixoma odontogênico. Tais recorrências geralmente são relacionadas à persistência de fragmentos patológicos macroscópicos ou microscópicos no leito cirúrgico.

Tumores de origem epitelial podem apresentar epitélio odontogênico neoplásico na forma de cordões ou microcistos no tecido ósseo perilesional ou nos tecidos moles adjacentes, especialmente em áreas de fenestração óssea, como a tuberosidade maxilar e o ramo da mandíbula.

Quando originados do epitélio odontogênico, alguns tumores podem ser predominantemente císticos, com uma cavidade luminal preenchida por líquido ou material semissólido e revestida por epitélio neoplásico. Os principais exemplos de tumores com essas características são o ameloblastoma unicístico, o TOQ e o tumor odontogênico cístico calcificante. Além do crescimento proliferativo, característico das neoplasias, estes tumores também podem crescer por expansão osmótica, de forma semelhante aos cistos odontogênicos de desenvolvimento.

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