Cistos e Tumores Odontogênicos: Guia Completo

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Cistos Odontogênicos e Tumores: Um Guia Detalhado

Cistos Odontogênicos

Cavidade patológica preenchida com líquido, delimitada por epitélio e circundada por uma parede bem definida de tecido conjuntivo. Esférico ou redondo.

Características Clínicas: Tumefação, geralmente assintomática, muitas vezes associada a dentes não irrompidos.

Cisto Radicular

Sinônimos: Cisto periapical, cisto dental.

Mecanismo da Doença: Origem provável dos restos epiteliais de Malassez no ligamento periodontal que são estimulados a se proliferar e sofrer degeneração cística por produtos inflamatórios de um dente não vital. Cresce por pressão osmótica.

Características Clínicas: Tipo mais comum nos maxilares. Originam-se de dentes não vitais. Podem ser assintomáticos (se não houver infecção secundária). Pode provocar aumento de volume.

Características da Imagem:

Localização: Geralmente localizado no ápice de um dente não vital.

Periferia e Forma: Usualmente apresentam uma borda cortical bem definida. Quando se torna infectado, a reação inflamatória do osso circundante pode levar a uma perda ou alteração dessa cortical.

Estrutura Interna: Normalmente radiolúcida.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Deslocamento e reabsorção de dentes, expansão das corticais, deslocar canal mandibular ou expandir-se no seio maxilar.

Diagnóstico Diferencial: Granuloma apical (tamanho), displasia óssea periapical em estágio inicial, tumor odontogênico ceratocístico, cicatriz apical.

Tratamento: Terapia endodôntica, cirurgia apical ou extração do dente envolvido. Remoção cirúrgica ou marsupialização do cisto. Acompanhamento radiográfico.

Cisto Residual

Mecanismo da Doença: Cisto que permanece após a remoção incompleta do cisto original ou cistos radiculares deixados após a extração de um dente.

Características Clínicas: Geralmente assintomático, mas pode ocorrer alguma expansão ou dor em casos infectados secundariamente. Geralmente descobertos em exames radiográficos em área edêntula.

Características da Imagem:

Localização: Maxila e mandíbula. Epicentro posicionado na antiga região periapical do dente envolvido e ausente.

Periferia e Forma: Margem cortical; oval ou circular.

Estrutura Interna: Tipicamente radiolúcido.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Deslocamento e reabsorção radicular, expansão de paredes corticais, invaginar-se para o seio maxilar ou deslocar canal mandibular.

Diagnóstico Diferencial: Defeito de Stafne (epicentro abaixo do canal mandibular); TOCs (não tem tanto potencial de expansão).

Tratamento: Remoção cirúrgica, marsupialização ou ambas.

Cisto Dentígero

Sinônimo: Cisto folicular.

Mecanismo da Doença: Se forma ao redor de um dente não irrompido.

Características Clínicas: Segundo tipo mais comum de cisto dos maxilares. Pode ocorrer aumento de volume endurecido e é tipicamente assintomático.

Características da Imagem:

Localização: Epicentro acima da coroa do dente envolvido (principalmente canino superior e terceiro molar inferior). Ligado à junção amelocementária.

Periferia e Forma: Geralmente têm cortical bem definida com contorno curvo ou circular. Caso haja infecção presente a cortical pode estar ausente.

Estrutura Interna: Completamente radiolúcido, exceto pela coroa do dente envolvido.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Desloca e reabsorve dentes adjacentes, geralmente desloca o dente associado em direção apical, expande corticais, invagina o seio maxilar e deslocar canal mandibular para baixo.

Diagnóstico Diferencial: Folículo hiperplásico (tamanho/efeitos estruturas); TOC (não é muito expansivo, pode ligar ao dente em posição mais apical, fibroma ameloblástico e ameloblastoma unicístico (pode ser impossível a distinção radiográfica); TOA e cistos odontogênicos calcificantes.

Tratamento: Remoção cirúrgica, que pode também, incluir o dente. Marsupialização, seguida de remoção cirúrgica. Sempre encaminhar para histopatológico.


Cisto da Bifurcação Vestibular

Sinônimos: Cisto paradental, cisto paradental inflamatório.

Mecanismo da Doença: Provável origem de restos epiteliais na membrana periodontal da bifurcação vestibular de molares inferiores.

Características Clínicas: Atraso ou falta de irrupção de um molar inferior. Dentes são vitais. Pode ocorrer aumento de volume endurecido por vestibular, e se infectado, dor.

Características da Imagem:

Localização: Mais comum associado a um primeiro molar inferior, seguido do segundo molar inferior.

Periferia e Forma: Em alguns casos a lesão pode ter uma discreta área radiolúcida sobreposta à imagem da raiz do molar. Em outros, formato circular, com cortical bem definida.

Estrutura Interna: Radiolúcida.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Inclinação do molar envolvido, de forma que os ápices estejam empurrados em direção à cortical lingual.

Pode haver deslocamento e reabsorção de dentes, expansão da tábua óssea vestibular. Se estiver infectado secundariamente, haverá neoformação óssea periosteal.

Diagnóstico Diferencial: Abscesso periodontal; cisto dentígero.

Tratamento: Curetagem conservadora.


Tumor Odontogênico Ceratocístico (TOC)

Sinônimos: Ceratocisto odontogênico, cisto primordial.

Mecanismo da Doença: OMS – classificação como tumor odontogênico. Revestimento epitelial ceratinizado e fino. Interior comumente contém material viscoso e caseoso derivado do revestimento epitelial.

Características Clínicas: Comum na segunda e terceira décadas de vida. Podem formar ao redor de dentes não irrompidos. Tipicamente assintomático, pode ocorrer leve aumento de volume. Punção aspirativa mostra material amarelado, espesso, caseoso (ceratina). TOCs tem propensão para recorrência.

Características da Imagem:

Localização: Mais comum na região posterior da mandíbula e ramo. Epicentro acima do canal mandibular.

Periferia e Forma: Borda cortical, redondo, oval ou festonado.

Estrutura Interna: Comumente radiolúcida. Septos podem estar presentes, conferindo à lesão um aspecto multilocular.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Propensão de crescer ao longo dos espaços medulares, causando mínima expansão de tábuas ósseas. Podem deslocar e reabsorver dentes, deslocar canal mandibular e invaginar e ocupar todo o seio maxilar.

Diagnóstico Diferencial: Cistos dentígeros; ameloblastoma; cistos periodontais laterais; mixoma odontogênico; cisto ósseo simples.

Tratamento: Tomografia computadorizada. Tratamento cirúrgico pode variar e incluir ressecção, curetagem ou marsupialização antes da excisão cirúrgica. Avaliações periódicas.


Cisto Periodontal Lateral

Mecanismo da Doença: Acredita-se que tenha origem de restos epiteliais no periodonto na superfície lateral da raiz.

Características Clínicas: Geralmente assintomáticos e menores que 1cm de diâmetro.

Características da Imagem:

Localização: 50 a 75% se desenvolvem na mandíbula.

Periferia e Forma: Área radiolúcida bem definida, com borda cortical proeminente e forma arredondada ou oval. Cistos maiores podem ser mais irregulares.

Estrutura Interna: Radiolúcido.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Pequenos cistos podem levar à perda da lâmina dura adjacente. Cistos maiores podem deslocar o dente adjacente. Grandes cistos têm um padrão de crescimento semelhante aos do TOCs, com expansão mínima do osso envolvido.

Diagnóstico Diferencial: TOC pequeno, forame mentual, cisto radicular no forame de um canal lateral.

Tratamento: Biópsia excisional ou uma enucleação simples são tratamentos preferíveis, já que não tendem a recidivar.

Tumor Odontogênico Cístico Calcificante (TOCC)

Sinônimos: Cisto odontogênico calcificante, cisto odontogênico epitelial calcificante.

Mecanismo da Doença: OMS – tumor. Pode formar tecido calcificado identificado como dentina displásica, e em alguns casos essa lesão pode estar associada a um odontoma.

Características Clínicas: Costuma aparecer com aumento de volume nos maxilares, de crescimento lento e indolor. Pode destruir tábuas ósseas e a massa cística pode estender para tecidos moles. Punção aspirativa geralmente revela um fluido viscoso, granular e amarelado.

Características da Imagem:

Localização: 75% ocorre no osso (maxila ou mandíbula). 75% ocorre anterior ao primeiro molar (especialmente caninos e incisivos).

Periferia e Forma: Variam de bem definidas e corticalizadas a mal definidas e irregulares.

Estrutura Interna: Radiolúcido; misto (áreas salpicadas brancas ou grânulos pequenos e homogêneos).

Efeito sobre Estruturas Adjacentes: 20 a 50% dos casos associado a um dente (geralmente canino) e impede sua erupção. Podem ocorrer deslocamento dentário, reabsorção radicular e perfuração da tábua óssea.

Diagnóstico Diferencial: Cisto dentígero (se não há calcificação); tumor odontogênico adenomatóide, tumor odontogênico epitelial calcificante.

Tratamento: Enucleação e curetagem. Avaliações periódicas (recorrências).


Cistos Não Odontogênicos

Cisto do Ducto Nasopalatino

Sinônimos: Cisto do canal incisivo, cisto nasopalatino, cisto maxilar mediano.

Mecanismo da Doença: Forma-se quando remanescentes de epitélio embrionário do ducto nasopalatino passam por proliferação e degeneração cística.

Característica Clínicas: Corresponde a 10% dos cistos dos maxilares. Incidência três vezes maior em homem. Maioria assintomática. Aumento de volume pequeno posterior à papila palatina. Pode drenar para a cavidade oral (sabor salgado).

Características da Imagem:

Localização: Forame/canal nasopalatino.

Periferia e Forma: Usualmente é bem definida e corticalizada e tem formato circular ou oval.

Estrutura Interna: Maioria totalmente radiolúcidos.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Pode divergir raízes dos incisivos centrais, reabsorver raízes, expandir cortical vestibular/palatal, deslocar assoalho da fossa nasal.

Diagnóstico Diferencial: Forame incisivo amplo; granuloma ou cisto radicular associado a um incisivo central.

Tratamento: Enucleação e/ou marsupialização (sutura das paredes do cisto).


Cisto Nasolabial

Mecanismo da Doença: Origem exata desconhecida. Podem originar de restos epiteliais nas linhas de fusão dos processos globular, nasal lateral e maxilar ou a origem do epitélio pode ser o ducto nasolacrimal embrionário.

Características Clínicas: 75% ocorrem em mulheres.

Pode formar aumento de volume no fundo do vestíbulo, provocando desconforto. Pode haver inchaço no assoalho da fossa nasal, com deslocamento da asa do nariz, distorção das narinas e tumefação do lábio superior. Podem drenar para a cavidade nasal. Geralmente unilateral. Investigação pode incluir TC ou RM.

Características da Imagem:

Localização: Lesões de tecido mole, adjacentes ao processo alveolar e acima dos ápices dos incisivos.

Periferia e Forma: Circular ou oval.

Estrutura Interna: Radiolúcido.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Pode levar à erosão do osso subjacente, provocando aumento de radiolucência do processo alveolar sob o cisto e apical aos incisivos.

Lesões Ósseas Não Neoplásicas

Displasia Fibrosa

Alteração localizada no metabolismo do osso normal, que é substituído por um tecido fibroso contendo quantidades variadas de osso de aparência anômala. Podem ser solitárias ou múltiplas. Associação com a síndrome de McCune-Albright (displasia fibrosa poliostótica, pigmentações cutâneas e hiperfunção de uma ou mais glândulas endócrinas.

Características Clínicas

70% dos casos: forma monostótica.

Locais Mais Comuns: Costela, fêmur, tíbia, maxila e mandíbula. Forma poliostótica geralmente encontrada em crianças menores de 10 anos.

Queixas: Tumefação, deformidade no processo alveolar. Dor e fraturas patológicas são raras.

Características da Imagem

Localização: Maior frequência na maxila e na região posterior.

Periferia: Mal definida, bem definida (até mesmo corticalizada).

Estrutura Interna: Variável – “vidro fosco”, “flocos de algodão”, ou padrão amorfo e denso.

Efeitos sobre as Estruturas Adjacentes: Pode não apresentar nenhum efeito. Pode causar expansão óssea, deslocar bordas corticais do seio maxilar e ocupar parte ou quase toda sua extensão, lâmina dura distinta pode desaparecer, espaço do ligamento pode estreitar, pode deslocar dentes ou interferir com sua irrupção, habilidade única de deslocar o canal mandibular em direção superior.

Diagnóstico Diferencial

Doenças ósseas metabólicas (hiperparatireoidismo) – poliostóticas, bilaterais e não causam expansão óssea.

Doenças de Paget – paciente mais velhos, envolve toda a mandíbula.

Displasia óssea periapical – epicentro na região periapical, faixa etária mais avançada.

Osteomielite – osso adicional gerado pelo periósteo.

Sarcoma osteogênico – características de malignidade.

Tratamento

Na maioria das lesões o crescimento é finalizado com a maturação esquelética.

TCCB. Proservação.

Displasia Óssea Periapical

Substituição do osso medular normal por tecido fibroso e osso amorfo, trabeculado anormal do osso ou uma mescla dos dois.

Lesão localizada próximo ao ápice radicular.

Estágio Inicial: Osso normal reabsorvido (radiolúcido).

Fase de Desenvolvimento: Osso anormal é produzido dentro da lesão (misto).

Estágio Maduro ou Tardio: Estrutura interna dominada por osso anormal (radiopaco).

Características Clínicas: Ocorre frequentemente na meia-idade. Nove vezes mais em mulheres do que em homens. Três vezes mais em negros que em brancos. Dentes envolvidos são vitais, sem histórico de dor.

Geralmente são achados radiográficos.

Características da Imagem

Localização: Ápice de um dente. Predileção pela região periapical dos dentes anteroinferiores. Pode ser múltipla ou bilateral, ou solitária. Se o dente for extraído a lesão ainda poderá se desenvolver, mas sua localização periapical torna-se menos evidente.

Periferia e Forma: Na maioria dos casos é bem definida. Frequentemente uma borda radiolúcida está presente, circundada por uma faixa de osso esclerótico. Formato irregular, ou redondo ou oval.

Estrutura Interna: Depende do estágio da lesão.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Perda da lâmina dura, reabsorção radicular é muito rara, lesões grandes podem causar expansão óssea.

Diagnóstico Diferencial: Lesão periapical (sensibilidade pulpar). Cementoblastoma benigno (cápsula de tecido mole é bem definida, padrão único de estrutura interna, sinais clínicos etc). Odontoma (densidade das estruturas, identificação do esmalte, cápsula fibrosa mais uniformes e bem definidas, etc). Osteosclerose idiopática (achado de periferia radiolúcida indica DOP).

Tratamento: Geralmente não requer tratamento. Diagnóstico pode ser clínico e radiográfico.

Displasia Óssea Florida

É uma forma generalizada de Displasia Óssea Periapical

Osso trabecular normal substituído por osso amorfo acelular e denso em um fundo de tecido conjuntivo fibroso. Identificada em três ou quatro quadrantes ou é extensiva através de um dos ossos. Tendência familiar em alguns casos.

Características Clínicas

Maioria: mulheres, meia idade, negras. Achado radiográfico. Suprimento vascular deficiente que contribui para suscetibilidade a infecções. Se secundariamente infectada: ulceração na mucosa, fistula, supuração, dor... Dentes vitais.

Características da Imagem

Localização: Normalmente bilateral e presente em ambos os maxilares. Epicentro apical ao dente, contido no processo alveolar e normalmente posterior ao canino.

Periferia: Normalmente bem definida e com borda esclerótica que pode variar de espessura. Cápsula fibrosa pode não estar presente em lesões maduras.

Estrutura Interna: Mista ou quase completamente radiopacas. Algumas regiões radiolúcidas evidentes podem representar o desenvolvimento de um cisto ósseo simples.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Lesões grandes podem deslocar canal mandibular para baixo, deslocar assoalho do seio maxilar para cima, causar aumento do osso alveolar por deslocamento das tábuas ósseas vestibular e/ou lingual. Raízes podem estar associadas à hipercementose.

Diagnóstico Diferencial

Doença de Paget. Osteomielite esclerosante crônica

Tratamento

Normalmente não requer tratamento. Infecção pode resultar em osteomielite e pode ser necessário remover grandes áreas de osso amorfo infectado.


Querubismo

Doença autossômica dominante hereditária que causa aumento de volume bilateral dos maxilares, dando à criança uma face de querubim. Já foram reportadas lesões unilaterais (raras). Estrutura interna indistinguível do GCCG (granuloma central de células gigantes). Regridem com a idade.

Características Clínicas: Se desenvolve entre 2 e 6 anos. Sinal mais comum: tumefação indolor, firme e bilateral da face inferior. “olhos elevados para o céu” – tumefação da maxila pode estirar pele da bochecha e expor uma fina linha de esclera.

Características da Imagem

Localização: Bilateral e geralmente afeta ambos os maxilares. Epicentro na região posterior (ramo da mandíbula ou tuberosidade da maxila). Cresce em direção anterior.

Periferia: Normalmente bem definida e em alguns casos, corticalizada.

Estrutura Interna: Lembra GCCG, com um osso granular e fino, trabeculado delgado, padrão multilocular.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Podem expandir para o seio maxilar, dentes deslocados em direção anterior, germes dentários podem ser destruídos em algumas lesões.

Diagnóstico Diferencial: Granuloma central de células gigantes, displasia fibrosa, ceratocistos odontogênicos múltiplos.

Obs: características radiográficas distintas.

Diagnóstico: Pode se basear em achados clínicos e radiográficos.

Tratamento

Adiado até final da adolescência (lesão se torna estática e é preenchida por osso granular).

Tratamento: Estéticos ou ortodônticos podem ser feitos.

Tumores Odontogênicos Benignos

Características da Imagem

Localização: Lesões odontogênicas ocorrem no processo alveolar, acima do canal mandibular.

Periferia e Forma: Bordas lisas, bem definidas e por vezes corticalizadas.

Estrutura Interna: Radiolúcida, radiopaca ou mista.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Desloca dentes ou corticais ósseas. Reabsorve raízes

Tumores Epiteliais Odontogênicos

Ameloblastoma

Se desenvolve a partir dos remanescentes de lâmina dental e do órgão dentário (epitélio odontogênico). Comportamento agressivo. Localmente invasivo. Geralmente descoberto em exames de rotina. Paciente pode perceber uma assimetria facial. Tumefação das bochechas, gengiva ou palato duro – queixa principal em casos não tratados. Mais preocupante se ocorre na maxila – proximidade com estruturas vitais.

Recidiva – geralmente mais agressiva que o tumor original.

Localização: 80% se desenvolve na região de ramo ascendente da mandíbula, mas pode se estender até sínfise. Na maxila, ocorre em grande parte na região dos terceiros molares e se estende para interior do seio maxilar e assoalho da fossa nasal. Pode se originar na posição oclusal de um dente em formação.

Periferia: Bem definido e frequentemente delineado por uma cortical. Em lesões pequenas podem não ser diferenciáveis de um cisto. Na maxila, periferia pode não ser bem definida.

Estrutura Interna: Desde totalmente radiolúcida a uma mescla de presença de septos ósseos criando compartimentos internos. Septos geralmente grossos e curvos que se originam de osso normal que ficou preso no interior do tumor “favos de mel” ou “bolhas de sabão”. Normalmente loculações são menores na região anterior e maiores na região posterior.

Efeitos sobre as Estruturas Adjacentes: Reabsorções radiculares. Deslocamento dentário. Expansão semelhante a de cistos e adelgaçamento de cortical óssea adjacente. Pode haver perfuração na tábua cortical expandida.

Diagnóstico Diferencial: Cisto dentígero, ceratocistos odontogênicos, mixoma odontogênico, fibroma ossificante...

Tratamento: Ressecção cirúrgica. Radioterapia pode ser usada para tumores que não podem ser operados (especialmente região posterior de maxila). Tomografia computadorizada multislice

Tumor Odontogênico Epitelial Calcificante (TOEC)

Também conhecido como tumor de Pindborg. Neoplasias raras. Geralmente intraósseos e produzem uma substância mineralizada. Menos agressivo que o ameloblastoma. Expansão óssea é uma característica regular e geralmente o único sintoma.

Localização: Predileção pela mandíbula (2:1). Principalmente áreas de pré-molar e molar. 52% associados a dentes inclusos ou impactados.

Periferia: Pode apresentar cortical bem definida, ou limites podem ser irregulares.

Estrutura Interna: Uni ou multilocular com numerosos focos radiopacos espalhados de tamanho e densidade variados. Aspecto radiopaco próximo à coroa do dente impactado Trabéculas pequenas, delgadas

Diagnóstico Diferencial: Cistos dentígeros, ameloblastomas, tumor odontogênico adenomatóide, fibroma ameloblástico, cisto odontogênico epitelial calcificante.

Tratamento: Ressecção local (mais conservador que ameloblastoma). opacas podem cruzar a radiolucência em diversas direções.


Tumores Odontogênicos Mistos

Odontoma

Tumor caracterizado pela produção de esmalte, dentina, cemento e tecido pulpar. Hamartoma. Odontoma complexo x odontoma composto São os tumores odontogênicos mais comuns.

Localização: Tipo composto mais encontrado na maxila (associação com a coroa de um canino não irrompido). Tipo complexo mais encontrado na mandíbula (região de molares).

Periferia: Bordas bem definidas. Limite cortical e imediatamente adjacente a ele e no seu interior apresentam uma cápsula fibrosa.

Estrutura Interna: Radiopaco. Odontomas compostos possuem diversas estruturas semelhantes a dente ou dentículos. Odontomas complexos contêm uma massa irregular de tecido calcificado.

Efeitos sobre Estruturas Adjacentes: Podem interferir com a irrupção normal dos dentes. Associados a anomalias como impacção, mau posicionamento, diastema, malformação e desvitalização de dentes adjacentes. Odontomas complexos grandes podem causar expansão do osso sem o rompimento dos limites corticais.

Diagnóstico Diferencial: Odontoma composto – fácil reconhecimento. Odontoma complexo – fibromas ossificantes, displasia óssea periapical.

Tratamento: Geralmente são removíveis por uma excisão simples. Não apresentam recorrência e não são localmente invasivos.


Fibroma Ameloblástico

Proliferação neoplásica de epitélio odontogênico, bem como os componentes do mesênquima primitivo que se assemelham à papila dentária. Geralmente causam uma expansão indolor e de crescimento lento, além do deslocamento dos dentes envolvidos. Sintoma mais comum é a tumefação ou a dor oclusal.

Localização: Predileção pela região de pré-molares inferiores; próximo à crista alveolar ou relacionado ao folículo de um dente não irrompido.

Periferia: Bordas bem definidas e geralmente corticalizadas de maneira similar à dos cistos.

Estrutura Interna: Geralmente unilocular, totalmente radiolúcido. Pode se multilocular (septação curva indistinta).

Diagnóstico Diferencial: Folículo hiperplásico ou cisto dentígero. Ameloblastoma, granulomas centrais de células gigantes, mixomas odontogênicos.

Tratamento: Enucleação e curetagem o osso adjacente é relatado como bem-sucedido. Taxa de recorrência baixa.

Fibro-Odontoma Ameloblástico

Contém todos os elementos de um fibroma ameloblástico, mas com coleções espalhadas de esmalte e dentina. Aspectos clínicos similares aos do odontoma, frequentemente associados a um dente ausente ou que não tenha irrompido.

Localização: Maioria dos casos na região posterior de mandíbula. Epicentro geralmente na região oclusal de um dente em desenvolvimento ou em direção à crista alveolar.

Estrutura Interna: Mista, com maior parte da lesão radiolúcida.

Diagnóstico Diferencial: Fibroma ameloblástico, odontoma.

Tratamento: Enucleação conservadora é indicada (apesar de recorrências já terem sido relatadas).

Tumores Mesenquimais

Mixoma Odontogênico

Incomuns. Se originam do ectomesênquima odontogênico e lembram a porção mesenquimal da papila dentária. Raramente ocorre antes dos 10 ou após os 50 anos. Pode ou não causar dor.

Eventualmente causam tumefação e podem atingir tamanhos consideráveis se não tratados. Taxa de recorrência: 25%. Não são encapsulados; consistência gelatinosa.

LOCALIZAÇÃO: Mandíbula – taxa 3:1 (região posterior).

PERIFERIA: Bem ou mal definida.Pode ter limite cortical.

ESTRUTURA INTERNA: Maioria apresenta padrão misto. Aparência multilocular (septo reto, fino e cruzado – característico, mas raramente vistos).Maioria dos septos são curvos e espessos.

EFEITOS SOBRE ESTRUTURAS ADJACENTES: Pode deslocar dentes e causar mobilidade, raramente reabsorções.Tendência de crescimento ao longo do osso.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Ameloblastomas, granulomas centrais de células gigantes, sarcomas odontogênicos, fibroma odontogênico.

TRATAMENTO: Ressecção com margem de segurança (para assegurar a remoção do tumor que se infiltra nos espaços medulares adjacentes). Tc e RM


CEMENTOBLASTOMA BENIGNO

Origem mesenquimal, compostos principalmente por tecido como o cemento. Crescimento bulboso e unido ao periápice de um dente. Dente envolvido é vital e frequentemente dolorido.

LOCALIZAÇÃO: Mandibula (78%) – pré-molar ou primeiro molar.

PERIFERIA: Radiopacidade bem definida com um limite cortical e halo radiolúcido internamente ao limite cortical.

ESTRUTURA INTERNA: Lesão mista (maior parte radiopaca).

EFEITOS SOBRE ESTRUTURAS ADJACENTES: Pode reabsorver a raiz, causar expansão, perfurar cortical.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Displasia óssea periapical, osteíte periapical esclerosante, hipercementose.

TRATAMENTO: Excisão simples e extração do dente associado. Em alguns casos o tumor pode ser removido do dente.

FIBROMA CENTRAL ODONTOGÊNICO

2,2:1 sexo feminino. Assintomático ou apresentar inchaço e mobilidade dentária.

LOCALIZAÇÃO: Mais frequente na mandíbula, região de pré-molar e molar.

PERIFERIA: Bem definida.

ESTRUTURA INTERNA: Totalmente radiolúcidas, ou mistas (calcificações internas).Uni ou multilocular.

EFEITOS SOBRE ESTRUTURAS ADJACENTES: Pode causar expansão, com limite cortical delgado ou crescer ao longo do osso. Pode deslocar dentes e reabsorver raízes.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Fibroma desmoplásico central, mixoma odontogênico, granuloma centra de células gigantes.

TRATAMENTO: Excisão simples.Taxa de recorrência muito baixa.

TUMORES MALIGNOS: representam o crescimento descontrolado de um tecido. Diferente dos benignos, são mais invasivos localmente, têm maior grau de anaplasia celular e são capazes de provocar metástases. Prognóstico relacionado à detecção precoce.

Carcinomas primários são comumente vistos em língua, assoalho bucal, região tonsilar, lábios, palato mole ou na gengiva.

Sarcomas são mais comuns na mandíbula e em regiões posteriores dos maxilares.

 Tumores metastáticos comuns na região posterior da maxila e mandíbula, no periápice de um dente ou folículo de um dente em desenvolvimento.

CARCINOMAS

CARCINOMAS EPIDERMÓIDES OU CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS

 - Tecido mole

 - Osso

 - Cisto

- Seio maxilar

CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS DECORRENTE DE TECIDO MOLE

MECANISMO DA DOENÇA: É a malignidade oral mais comum. Originário da camada superficial do epitélio. FATORES DE RISCO: alcoolismo e tabagismo crônico.

HISTOLÓGICO: células epiteliais malignas invadem tecido conjuntivo subjacente, e podem se disseminar para tecidos moles mais profundos, ossos, linfonodos e locais mais distantes.

ASPECTOS CLÍNICOS: Aparece inicialmente como máculas irregulares, de coloração branca ou vermelha no epitélio afetado.

COM O TEMPO: ulceração central, bordas noduladas ou enduradas, infiltração palpável para o osso ou músculo adjacente. Dor variável. Pode haver linfadenopatia regional.

OUTROS ASPECTOS QUE PODEM ESTAR PRESENTES: parestesia, odor fétido, trismo, mobilidade dentária, hemorragia. Perda significativa de peso e mal-estar. Homens são mais afetados. Idade mais comum: acima dos 50 anos.

CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM:

 LOCALIZAÇÃO: normalmente envolve a borda lateral da língua, lábio, assoalho, gengiva inserida e osso alveolar, tonsilas, palato mole e fundo de vestíbulo. Não é comum em palato duro.

PERIFERIA E FORMA: invasão do osso ocorre em metade dos casos e é caracterizada por bordas mal definidas e não corticalizada.

ESTRUTURA INTERNA: totalmente radiolúcida. Ocasionalmente pequenas ilhas de osso trabecular residual são visíveis.

EFEITOS SOBRE AS ESTRUTURAS ADJACENTES: alargamento do ELP com perda de LD. Dentes flutuantes. Pode provocar alargamento e perda de limites corticais do canal mandibular ou forame mentual. Destruição de corticais ósseas, podendo haver até mesmo fratura patológica.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL-  Osteomielite. Doença periodontal.

TRATAMENTO: Cirurgia e radioterapia, podendo haver associação da quimioterapia concomitante.

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