Clássicos da Sociologia: Uma Análise Comparativa

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Saint Simon

Precursor da sociologia, Saint Simon inaugurou a ideia da disciplina em um contexto pós-feudal. Para ele, cada fato social possuía uma solução específica, sem efeitos contínuos ou repetições. Abandonou sua teoria ao perceber que o capitalismo não se concretizava como um sistema positivista, capaz de igualar as classes sociais como ele inicialmente acreditava.

August Comte

Fundador da filosofia positivista, Comte defendia a teleologia do processo social, ou seja, a ideia de que a sociedade evolui em direção a um estado de perfeição. Para ele, a história humana se divide em três etapas:

  • Teologia: Explicação do mundo através da religião.
  • Metafísica: Fase de questionamento, impulsionada pelo Iluminismo e pela Revolução, buscando explicações filosóficas.
  • Positivista: Etapa ideal, na qual a ciência explicaria todos os fenômenos. Comte criou a física social para identificar e solucionar os problemas da sociedade.

Émile Durkheim

Durkheim via a sociedade com um viés moral, considerando a restauração dos valores morais como solução para os problemas sociais, o "caos social". Seu objeto de estudo eram os fatos sociais, que só poderiam ser explicados por outros fatos sociais. As características dos fatos sociais, segundo Durkheim, são:

  • Coercitivos: A sociedade prevalece sobre o indivíduo, independentemente de sua vontade.
  • Exterioridade: Os fatos sociais são gerais, externos ao indivíduo.
  • Generalidade: Os fatos sociais são comuns a todos os membros de uma sociedade.

Durkheim adotava o método positivista e acreditava que o resgate moral era a única forma de solucionar os problemas sociais. Sua análise era sempre pautada pela moral, sem considerar os aspectos econômicos.

Alguns conceitos importantes em sua obra:

  • Patologia social: Elementos disfuncionais (guerras, conflitos) que a sociedade atravessa em seus ciclos vitais.
  • Consciência coletiva: Padronização de comportamento, consciência desenvolvida na sociedade.
  • Anomia social: Ausência de regras, levando ao declínio da consciência coletiva.

Durkheim também diferenciava dois tipos de solidariedade:

  • Mecânica: Típica de sociedades artesanais, onde todos dependem uns dos outros.
  • Orgânica: Característica de sociedades industriais, marcadas pelo individualismo e pela lógica de "cada um por si".

Karl Marx

Para Marx, o problema central residia na desigualdade social, originada na esfera econômica. Seu objeto de estudo eram as classes sociais. Antipositivista e ateu, Marx rompeu com as explicações religiosas e morais, priorizando a análise econômica da sociedade. Ele defendia a ideia de que a história é marcada pela luta de classes, com a burguesia (ricos) explorando o proletariado (oprimidos). O capitalismo, para Marx, era um sistema intrinsecamente perverso. Marx, um líder intelectual, acreditava na construção de uma sociedade igualitária, criticando a burguesia e o sistema capitalista.

Marx baseava sua análise em três pilares:

  • Materialismo: Crença apenas naquilo que é material, focando nos elementos concretos da sociedade. Analisava a sociedade a partir da relação entre trabalho intelectual e trabalho manual.
  • Histórico: Utilizava a história para analisar os elementos sociais, como o capitalismo, o feudalismo e as classes sociais.
  • Dialético: A sociedade evolui em direção a polos opostos, gerando contradições sociais (rico vs. pobre).

Marx criticava a filosofia por se manter no campo das ideias, enquanto ele buscava a transformação social. Para ele, o indivíduo pode intervir na sociedade e mudá-la, desde que a compreenda em sua essência. Marx desmascarou as contradições do capitalismo, apontando a burocracia como um elemento que o alimenta. Para ele, a história não se rompe de forma abrupta, mas passa por fases: capitalismo, socialismo e, por fim, comunismo. O socialismo seria uma fase intermediária nesse processo.

Conceitos chave da obra de Marx:

  • Alienação: O trabalhador não participa de todo o processo produtivo, transformando sua mão de obra em mercadoria vendida por um valor ínfimo. O produto do trabalho, portanto, deixa de pertencer a quem o produziu.
  • Mais Valia: Aumento do tempo de trabalho e da produtividade, visando o aumento da exploração do trabalhador.

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