Clima e Relevo do Brasil: Sistemas Atmosféricos e Classificações
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Geografia e Relevo do Brasil
O Brasil, com uma área de aproximadamente 8,5 milhões de km², possui uma estrutura geológica antiga, predominando os maciços residuais cristalinos, além das bacias sedimentares e planícies costeiras. De acordo com Jurandir Ross, o relevo brasileiro apresenta 28 compartimentos, sendo 6 planícies, 11 planaltos e 11 depressões.
Sistemas Atmosféricos Atuantes no Brasil
MPA: Massa Polar Atlântica
A MPA (fria e úmida), ou Massa Polar Atlântica, tem origem na alta pressão circumpolar Atlântica. Atua predominantemente sobre a Região Sul do Brasil durante os meses de inverno no Hemisfério Sul, provocando queda de temperatura, geada, precipitação, granizo e, eventualmente, neve.
MTC: Massa de Ar Tropical Continental
A MTC, ou Massa de Ar Tropical Continental, é quente e seca. Tem origem na região do Chaco Paraguaio e atua em toda a porção central do Brasil, produzindo seca e baixa umidade.
MTA: Massa Tropical Atlântica
A MTA, ou Massa Tropical Atlântica, é quente e úmida. Tem origem no ramo oceânico durante a passagem do anticiclone semi-fixo do Atlântico Sul (Santa Helena). Sobre o Brasil, favorece a abundância de umidade na Região Sul e Sudeste, com altas precipitações sob efeito orográfico das Serras do Mar e Mantiqueira, no norte do Paraná e litoral de São Paulo, porção sul do Rio de Janeiro (Angra dos Reis, Paraty) e Sul de Minas Gerais.
MEA: Massa Equatorial Atlântica
A MEA, ou Massa Equatorial Atlântica, é quente e úmida. Tem origem no Atlântico Equatorial e atua sobre o Brasil, favorecendo a umidade e chuvas por todo o Amapá, litoral e interior do Pará, litoral e interior do Maranhão, litoral do Piauí e parte do interior até Teresina e Floriano.
MEC: Massa de Ar Equatorial Continental
A MEC, ou Massa de Ar Equatorial Continental, é quente e úmida. Tem origem no extremo Oeste da Amazônia Brasileira e apresenta comportamento de sístole e diástole.
Sístole e Diástole da MEC
- Sístole: Contração durante o inverno do Hemisfério Sul, tendo sua atuação restrita à sua região de origem.
- Diástole (Expansão): Favorece a ocorrência de chuvas para todo o interior do Brasil, inclusive a porção oeste do Semiárido Nordestino.
CIT: Convergência Intertropical
A CIT, ou Convergência Intertropical, é quente e úmida. Resulta da junção entre os ventos alísios do Nordeste e Sudeste nas baixas pressões equatoriais, no equador térmico ou linha de cintura dos Doldrums, favorecendo chuvas no Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, litoral e interior do Ceará, litoral e interior da Paraíba, litoral e parte do interior de Pernambuco, e litoral de Alagoas.
FPA: Frente Polar Atlântica
A FPA, ou Frente Polar Atlântica (fria e úmida), surge a partir do confronto entre a Massa Polar Atlântica (MPA) e a Massa Tropical Atlântica (MTA). Apresenta dois ramos de deslocamento sobre o território brasileiro durante o outono e inverno do Hemisfério Sul: um pelo litoral da Região Sul até Natal, no Rio Grande do Norte; outro continental, através da Bacia do Prata, Paraguai, Guaporé, Jaru, Madeira, atingindo a Região Norte e provocando a friagem na Hiléia Amazônica.
Fenômenos Locais: Onda de Leste
Observação: No litoral do Nordeste, porção oriental e Zona da Mata, destaca-se a atuação da chamada Onda de Leste, que promove a possibilidade de chuvas a partir da umidade oceânica e do comportamento do Bipolo do Atlântico.
Tipos Climáticos do Brasil
A classificação climática do Brasil inclui os seguintes tipos:
AF: Clima Equatorial Megatérmico
Corresponde ao tipo equatorial megatérmico, quente e úmido, com temperaturas mínimas médias de 27ºC. É influenciado pela MEC, expresso na relação geoambiental entre a atmosfera (evapotranspiração), Hiléia Amazônica, hidrosfera e pedosfera, que promove a disponibilidade e distribuição de chuvas abundantes durante o ano todo.
AF': Variação Pseudoequatorial
Corresponde à variação pseudoequatorial, observada na porção sul da Bahia, na região cacaueira de Ilhéus, Itabuna e Porto Seguro.
AM: Clima Subequatorial Megatérmico
Corresponde ao tipo subequatorial megatérmico, quente e úmido, com regime monçônico e curta estação seca de três meses durante o ano. Ocorre na porção oriental da Amazônia (no Amapá, Pará, oeste do Maranhão, Tocantins, Norte do Mato Grosso e Sul de Rondônia) e é influenciado pelos sistemas atmosféricos da MEC, MEA, CIT e MTC.
AW: Clima Tropical Verdadeiro
Corresponde ao tipo tropical verdadeiro, megatérmico, com duas estações bem definidas: um verão chuvoso e um inverno seco. Abrange a maior parte do interior do Brasil, sendo influenciado pela MTC.
AW': Variação Tropical Úmida do Nordeste
A variação AW’ corresponde ao tropical úmido da porção setentrional do Nordeste (litoral do Rio Grande do Norte, ao norte de Natal até a foz do Rio Turiaçu no Maranhão), com regime pluviométrico de verão retardado para o outono, com picos de chuvas proporcionadas pelas descargas da CIT.
AS': Clima Tropical Litorâneo
Megatérmico, quente e úmido, com chuvas de inverno antecipadas para o outono. Corresponde ao tipo tropical litorâneo, oceânico e úmido, sob influência da CIT, rajadas da Frente Polar Atlântica (FPA) e atuação das Ondas de Leste. Abrange o litoral oriental e agrestes nordestinos.
BSh: Clima Tropical Semiárido
Megatérmico, com temperaturas mínimas médias superiores a 18ºC. Corresponde ao tropical semiárido, regido pelos sistemas MEA, MEC, CIT, FPA e Ondas de Leste. Domina os sertões do Piauí, Cariris Novos (CE), Seridó (RN), Cariris Velhos (PB), Sertão de Ipanema, Sertão de Moxotó, Pajeú, São Francisco e Pernambuco, além dos sertões de Alagoas. Inclui o Alto Sertão Sergipano, o Raso de Santa Catarina e o Sertão Baiano. É caracterizado pelas altas temperaturas, albedo terrestre e média de 2800 horas de insolação anual. Apresenta variações no regime de chuvas (verão, outono e inverno), de forma concentrada, irregular e com má distribuição.
CWa/CWb/CSa: Clima Tropical de Altitude
Corresponde ao tipo tropical de altitude, onde a orografia condiciona a ocorrência das precipitações e a diminuição no valor médio de temperatura. Os tipos CWa e CWb, tropical de altitude com chuva de verão e alternância de verões quentes e brandos, ocorrem na Região Sudeste do Brasil, sob influência da Serra do Mar e Mantiqueira em São Paulo, Sul e Sudeste de Minas, e região serrana do Rio de Janeiro, com atuação dominante da MTA e marcante da FPA.
CSa: Tropical de Altitude ou Pseudo-Mediterrâneo
O tipo CSa, tropical de altitude ou pseudo-mediterrâneo, ocorre no interior do Nordeste brasileiro, na superfície de cimeira do mogno no Planalto de Garanhuns, que se apresenta na paisagem dos maciços cristalinos residuais no Planalto da Borborema como área de exceção.
CFA/Cfb: Clima Subtropical
Variação megatérmica que corresponde ao subtropical com chuvas abundantes e bem distribuídas durante todo o ano, alternância de verões quentes e brandos. É predominante na Região Sul do Brasil, sendo regido pela MPA e influenciado pela maritimidade, continentalidade e altitude.